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Em 2003, uma parceria entre a Universidade Federal de Campina Grande – UFCG, Projeto Dom Helder Câmara (MDA/SDT) e Centre de Coopération Internacionale em Recherche Agronomique pour le Développement - Cirad, propiciou a fundação da Universidade Camponesa no Brasil (Unicampo) – projeto acalentado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura - Contag desde 2001 – por intermédio da instalação do Campus Avançado da UFCG na Escola Agrotécnica de Sumé – EAS.
Esta ação foi implementada a partir da constituição de um Conselho Deliberativo reunindo estas instituições com movimentos sociais e organizações da sociedade civil do Território do Cariri paraibano, o qual viria a elaborar o projeto político-pedagógico do Curso de Extensão em Desenvolvimento Local Sustentável, desenvolvido entre os anos de 2003 e 2005 no Campus Avançado da UFCG em Sumé.
Este projeto pedagógico resultou em dois “processos” principais: A capacitação de jovens camponeses de 20 municípios do Cariri paraibano na elaboração, desenvolvimento e gestão de projetos produtivos a partir da metodologia da “pesquisa-ação”; O empoderamento dos educandos junto à sociedade local e aos fóruns deliberativos de políticas públicas relacionadas com o desenvolvimento rural e territorial.
Por seu turno, esses processos redundaram no reconhecimento da experiência pedagógica inovadora da Unicampo como elemento importante para o desenvolvimento sustentável das populações do campo, especialmente do semiárido nordestino e a demanda pela continuidade do projeto por parte dos movimentos sociais e sociedade civil através do Fórum de Desenvolvimento Territorial do Cariri Paraibano.
Este conjunto de repercussões positivas levou a UFCG a projetar não apenas a replicação da experiência, mas a própria criação de um Curso Superior Tecnológico imbuído da filosofia pedagógica da Universidade Camponesa ora em implantação no Campus da UFCG em Sumé.
Com este projeto, intentamos dar continuidade ao processo pedagógico da Universidade Camponesa e desenvolver a primeira ação de extensão do novo Campus da UFCG, formando agentes de desenvolvimento para atuarem no Território, além de sensibilizar e preparar os jovens do ensino médio para ingressarem no cursos superiores do Centro de Desenvolvimento Sustentável do Semiárido – CDSA, da UFCG.
Objetivos do Projeto
Desenvolver os recursos humanos e o “capital social” dos jovens rurais;
Oferecer uma formação em Humanidades como estratégia para o resgate da identidade e como base para a construção de uma visão crítica da realidade e de um instrumental de pesquisa social aplicada;
Desenvolver a sensibilização em tecnologias apropriadas, articulando o saber local e as inovações científicas;
Desenvolver capacidades organizativas e de gestão (gerenciamento da unidade produtiva familiar, associativismo, cooperativismo e questões de organização social e mobilização política);
Desenvolver capacidades artísticas e culturais;
Estimular a construção de projetos de desenvolvimento local sustentável, orientando, apoiando e monitorando sua elaboração e implementação;
Promover a interação entre os atores sociais envolvidos na agricultura familiar e a comunidade técnico-científica;
Constituir-se num fórum permanente de difusão e reflexão participativa, interativa e crítica sobre os processos de desenvolvimento no Brasil, as políticas públicas e ações não governamentais a eles relacionadas e a produção técnico-científica sobre essas temáticas;
Promover uma reflexão crítica sobre a questão do desenvolvimento a partir dos enfoques da ecologia, da legislação ambiental e da utilização sustentável dos recursos naturais;
Discutir os sistemas de produção da região segundo o enfoque da agroecologia;
Prover os beneficiários de informações que contribuam no desenvolvimento de empreendimentos.
Metas do Projeto
Construir um processo pedagógico devotado a desenvolver o “capital cultural” da juventude rural envolvidos na agricultura familiar brasileira, estimulando os potenciais crítico, reflexivo, técnico e organizativo desses sujeitos, de maneira que eles possam responder ativamente às suas necessidades políticas, tecnológicas e institucionais para o desenvolvimento sustentável, especialmente na definição de políticas públicas;
Oferecer aos jovens da zona rural elementos para o resgate de sua identidade cultural como estratégia para desenvolver a auto-estima e autodeterminação;
Oferecer elementos de conhecimento que contribuam com a implementação de um modelo produtivo adequado ao modo de vida desses sujeitos, ao território que eles habitam e às necessidades impostas pelo sistema econômico inclusivo;
Capacitar 70 jovens camponeses para ações e elaboração de projetos de desenvolvimento rural sustentável;
Engajar os 70 jovens da zona rural em processos de ação coletiva construídos por eles próprios;
Capacitar 70 jovens em agentes de desenvolvimento rural sustentável;
Realizar uma oficina de confecção de lápis artesanais para 70 jovens camponeses;
Realizar uma oficina de xilogravura para 70 beneficiários do projeto;
Sensibilizar 70 beneficiários do projeto para aproveitamento e uso eficiente dos recursos naturais da região.
Uma pedagogia da prática
Ao contrário dos processos pedagógicos tradicionais que acumulam conhecimentos longamente em vista do dia remoto em que serão mobilizados, a Universidade Camponesa (UC) preconiza uma pedagogia da prática para a qual reflexão e ação formam uma dialética consistente e permanente. As opções metodológicas da UC nascem dessa constatação e o processo pedagógico parte de uma reflexão sobre o patrimônio que a coletividade dispões – sua natureza, seus sistemas produtivos, seus processos sociais, seu ethos – discutindo, concomitantemente, como potencializar esse patrimônio através da construção de recursos (conhecimentos, saberes e fazeres) e da elaboração e efetivação de projetos, tornando-o, assim, fator prático de desenvolvimento sustentável.
De maneira a coalescer essa opção com os preceitos dialógicos, problematizadores e contextuais da pedagogia da UC, definiu-se como estratégia didática balizar todo o processo educacional por questões-motivo, a saber:
Quem somos?
A identidade camponesa e a identidade territorial.
O que temos?
Os recursos disponíveis no território para o seu desenvolvimento.
Como usamos o que temos?
Identificação de capacidades e problemas no uso dos recursos disponíveis em sistemas produtivos.
Como potencializar o uso do temos?
Articulação entre “saberes e fazeres” locais e o saber técnico-científico discutir rotas para o desenvolvimento local sustentável.
Qual é o nosso projeto?
Considerando os conhecimentos (saberes e fazeres) oriundos do processo pedagógico, prover a construção de uma visão de futuro pautada em projetos.
Como colocar o projeto em prática?
Sensibilização em processos de ação coletiva para a consecução de objetivos comuns.
Como gerir o projeto?
Sensibilização técnica e instrumental para garantir a sustentabilidade dos projetos.
Programação do Curso de Formação de Agentes de Desenvolvimento Territorial no Cariri Paraibano (Turma Norte)
Local: Serra Branca-PB
Tema 1: O Ethos Camponês - 22/08
Oficina Cultural - 23/08
Tema 2: A questão Agrária e as políticas públicas - 29/08
Oficina Cultural - 30/08
Tema 3: O desenvolvimento sustentável - 12/09
Oficina Cultural - 13/08
Tema 4: O manejo dos recursos naturais - 26/09
Oficina Cultural - 27/09
Tema 5: Os sistemas produtivos - 03/10
Oficina Cultural - 04/10
Tema 6: Tecnologias apropriadas - 17/10
Oficina Cultural - 18/10
Tema 7: O que é um projeto ? - 31/10
Oficina de produção de textos - 01/11
Tema 8: Oficina de construção de projetos - 14/11
Oficina de informática: edição de textos - 15/11
Tema 9: Oficina de construção de projetos - 21/11
Oficina de produção de textos - 22/11
Tema 10: Oficina de construção de projetos - 28/11
Oficina de informática: apresentações em power point - 29/11
Tema 10: Seminário de encerramento - 12/12 |