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Sistema de monitoramento desenvolvido na UFCG pode evitar apagão

Projeto SmartView permite o acompanhamento numa interface gráfica, em tempo real, de todo o sistema elétrico

 

O relatório do Operador Nacional do Sistema (ONS) apresentado na última quarta-feira, 16, apontou as condições meteorológicas adversas como responsáveis pelo apagão registrado no dia 10 de novembro. Naquele dia, um blecaute atingiu 18 estados brasileiros, causando prejuízos incalculáveis. Na região Sudeste, a mais afetada, 65% do fornecimento de energia elétrica foram interrompidos, por mais de três horas.

 

A falta de uma explicação oficial por mais de um mês fez com que várias hipóteses fossem levantadas na imprensa, desde falha na manutenção das linhas de transmissão até sabotagem por hackers.

 

“O atraso provavelmente se deu graças à grande quantidade de dados a serem analisados e confrontados”, comenta o professor da Unidade Acadêmica de Sistemas e Computação da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Cláudio de Souza Baptista. Para ele, riscos de apagão sempre vão existir, mas é possível diminuí-los com investimentos em uma operação mais eficiente.

 

Atualmente, Baptista coordena o desenvolvimento de um avançado sistema para a Chesf: o projeto SmartView, cujo objetivo é antecipar possíveis problemas no sistema elétrico que possam redundar em um apagão.

 

Segundo ele, o programa integra várias fontes de informação, a partir de sensores instalados em toda a rede, permitindo o acompanhamento, em tempo real, de todo o sistema elétrico, em seus mínimos detalhes.

 

“Na verdade, esse monitoramento já era feito, só que de forma descentralizada e pouco prática”, explica o pesquisador. “O que fizemos foi integrar todas essas informações numa interface gráfica, que pode ser consultada à distância, pela internet, pelos técnicos da empresa, facilitando enormemente a tomada de decisões”.

 

A interface do sistema, disposta num mapa, na tela do computador, impressiona pela funcionalidade e pela quantidade de dados disponíveis, tudo à distância de um clique. É possível acompanhar, por exemplo, o nível dos reservatórios de água, as redes de qualimetria e de oscilografia e o sistema de tratamento de alarmes.

 

“Aliás, um dos grandes problemas da empresa era a ocorrência de alarmes em efeito cascata”, diz Baptista. “Como os eventos no setor elétrico ocorrem na ordem do milisegundo, ficava difícil identificar, imediatamente, a origem do problema”. Ele explica que, nesses casos, o SmartView “filtra” os alarmes originais dos secundários automaticamente, agilizando e orientando o despacho de equipes de manutenção para o local exato da ocorrência.

 

Outra enorme vantagem do sistema desenvolvido na UFCG é a facilidade de verificação da cronologia dos eventos, pois o banco de dados vai sendo gravado, através da interface gráfica, como se fosse um vídeo. “No caso da ocorrência de uma falha, é só voltar até o momento desejado e verificar sua origem e as condições em que aconteceu”, comenta o professor Cláudio.

 

O SmartView está sendo desenvolvido no âmbito do Grupo de Sistemas de Informação e Banco de Dados (Sinbad) da UFCG e sua implantação completa está prevista para o final de 2010.

 

Além do professor Cláudio Baptista, também trabalham no projeto os professores Anselmo Paiva, da UFMA, Fabio Gomes Andrade, do IFPB, e os estudantes Damião Ribeiro de Almeida, Fábio Luiz Leite Júnior, Michael Angelo da Silva, Ana Gabrielle, Daniel Lima e Luciana Cavalcante de Menezes, todos da UFCG.

 

(Kennyo Alex - Ascom/UFCG)


Data: 21/12/2009