O grande mestre da cultura popular conta um pouco de sua história em Cantadores com quem cantei

Eu era um irapuru

Na voz e na melodia

Mas sem esperar, um dia

Fiquei qual urubu:

Sem voz, sem som, nu e cru,

Fui forçado a abandonar

A profissão popular

De cantar para viver!

Como é triste não poder

Cantar, sabendo cantar.

Aos 38 anos de idade, o grande mestre da cultura popular José Alves Sobrinho perdeu a voz, mas não deixou morrer a poesia que existia dentro dele. Escreveu livros, cordéis, recebeu prêmios, condecorações. Hoje, aos 88 anos, continua produzindo poesia, pesquisando e escrevendo sobre Cultura Popular.

Um pouco de sua história poderá ser conferida nas páginas de Cantadores com quem cantei, livro que o poeta, servidor aposentado da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), lança nesta sexta-feira, 18, às 18h, na Sala 15 do Centro de Humanidades, no campus de Campina Grande.

Nascido em Pedra Lavrada, PB, José Alves foi um dos maiores expoentes da cantoria popular de sua época, sendo pioneiro da poesia popular no rádio, chegando a cantar na Rádio Clube de Pernambuco e na Rádio Tabajara.

Seu nome verdadeiro é José Clementino de Souto. Órfão de mãe, foi criado pelos avós e, aos seis anos, já demonstrava talento para a poesia. É dessa época sua primeira quadra:

Como eu não tenho mãe

Como todo mundo tem

Minha mãe é mãe Dionísia

Que me beija e me quer bem.

Seguindo carreira contra a vontade do pai, seguiu o conselho do tio, José Alves, e, aos 15 anos de idade, passou a utilizar o nome artístico José Alves Sobrinho.

O lançamento da obra Cantadores com quem cantei terá apresentação do professor aposentado Edson Pereira e conta com o apoio institucional da UFCG, Atecel, Creduni, do Programa Interdisciplinar de Apoio à Terceira Idade (Piati) e da Associação de Aposentados da UFCG (ASAP).

(Kennyo Alex - Ascom/UFCG)