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Ministro defende fundo contra desertificação

Carlos Minc participa da Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação em Buenos Aires

O Brasil ainda está muito tímido e deveria ter tido um protagonismo maior durante a cúpula de mudanças climáticas realizada semana passada nas Nações Unidas. A opinião é do ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, que chegou ontem a Buenos Aires para participar da Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação (COP-9), que termina no dia 2.

- Em termos de energias renováveis, estamos muito avançados e temos de começar a mostrar isso ao mundo - disse Minc.

Embora tenha elogiado o discurso do presidente Lula na assembleia anual da ONU, o ministro lamentou que a China tenha se destacado na reunião "quando o Brasil tem grandes números e avanços para apresentar".

- A desertificação é um problema grave para nosso país, já que temos a região semiárida mais habitada do planeta, o Nordeste, onde vivem aproximadamente 30 milhões de pessoas - afirmou o ministro.

Segundo ele, "com a previsão otimista de um aumento de apenas 2 graus Celsius na temperatura do planeta até o fim deste século, o Nordeste perderia um terço de sua economia".

- Temos uma das regiões mais vulneráveis a mudanças climáticas do mundo - alertou Minc.

O ministro lembrou que, além do Nordeste, outras regiões do Brasil, entre elas a Baixada Fluminense, são vítimas da desertificação.

Um dos objetivos do Brasil nesta cúpula é convencer os demais países que participam das negociações, sobretudo França e Alemanha, cujos governos são considerados mais "sensíveis" aos dramas das nações menos desenvolvidas, a criarem, na reunião de Copenhague, em dezembro, um fundo de US$ 400 bilhões para mudanças climáticas, dos quais US$ 150 bilhões deveriam ser usados em regiões afetadas pela desertificação.

- Queremos instalar com força a questão da desertificação e ter uma estratégia para Copenhague - explicou Minc, que no próximo dia 13 de outubro vai se reunir com o presidente para definir, entre outros assuntos, as metas que serão apresentadas pelo Brasil em Copenhague.

O ministro mostrou-se satisfeito pela decisão do governo brasileiro de, finalmente, estabelecer metas para a redução de gases que provocam o efeito estufa.

- É verdade que existe uma responsabilidade histórica (dos países ricos), mas o Brasil terá metas e espero que elas sejam ousadas - afirmou o ministro, que evitou dar números concretos.

O que Minc confirmou foi que o governo defenderá uma redução de 40% das emissões por parte dos países mais industrializados.


(O Globo, 29/9)


Data: 29/09/2009