Este ano, 55 representantes de 42 Ifes participaram do evento, realizado em Brasília.

Utilização de ferramentas digitais na comunicação, a necessidade do diploma de jornalismo, o papel das ouvidorias na comunicação institucional, a expansão e interiorização das Ifes e comunicação pública foram algumas das discussões da 5ª edição do Encontro de Assessores de Comunicação das Instituições Federais de Ensino Superior, evento promovido anualmente pela Andifes. Este ano, 55 representantes de 42 Ifes participaram do evento, realizado nos dias 27 e 28 de agosto, na sede da Andifes, em Brasília.

O reitor da Universidade Federal da Bahia (UFBA) Naomar de Almeida Filho representou a diretoria da Andifes na abertura do Encontro. Naomar de Almeida destacou o momento de expansão e reestruturação das Ifes, principalmente devido ao Reuni e falou sobre a nova dimensão que elas assumem. “Gostaria de ressaltar a importância do trabalho que vocês fazem, particularmente pela conjuntura atual das universidades, um pouco diferente com o Reuni. Esta discussão é muito importante para que aprendamos a lidar com esse novo momento, que tem desafios diferentes”, resumiu o reitor da UFBA.

“Comunicação Pública” foi o tema da primeira mesa-redonda, que teve como palestrantes a professora Beth Brandão e o diretor da TV Câmara Roberto Seabra. Beth Brandão traçou um histórico do surgimento das discussões e do conceito de Comunicação Pública no Brasil, trazido da França no final da década de 80. Segundo Beth, a Comunicação pública é aquela que se faz voltada para a cidadania, com o objetivo de informar o cidadão. Roberto Seabra falou sobre os conceitos de comunicação pública, governamental, institucional, destacando a superposição entre o privado, público e estatal. “Comunicação pública deve ter uma política pública assim como há uma política pública para Saúde, para Educação”, defendeu Seabra.

Na seqüência, o papel das ouvidorias na comunicação institucional foi o tema em discussão. A ouvidora da Universidade Federal do Rio de Janeiro Cristina Riche falou sobre o processo de implantação da ouvidoria da universidade, em 2007, e sobre o trabalho do ouvidor. “Ouvidoria é um instrumento de gestão, um espaço de cidadania e de humanização. É a possibilidade de criar mecanismos de aperfeiçoamento do seu trabalho por intermédio da participação do cidadão”, explicou Cristina Riche. Fernando Paulino falou sobre a relação entre a ouvidoria e a Comunicação. Como ouvido das emissoras de rádio da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), o principal desafio era, ao mesmo tempo, atender a quem reclama e levar isso a um programa de rádio de 15 minutos. Então foi criado o “Rádio em debate”, que além de atender aos que recorrem à ouvidoria, também discute um tema relacionado ao papel do rádio.

Na parte da tarde, o assessor especial do ministro da Cultura Daniel Merli apresentou o caso da mudança na Lei Rouanet e as ferramentas de comunicação utilizadas nesta divulgação. O Ministério decidiu pelo uso de instrumentos digitais como blog e twitter e o assessor falou sobre essa estrutura, a interatividade com a sociedade e os resultados conseguidos com tais iniciativas. Segundo ele, a escolha pelo blog se deu por ser um meio transparente, aberto, rápido e interativo, com espaço para as pessoas criticarem e elogiarem. O editor do site do Correio Braziliense Paulo Rossi falou sobre jornalismo digital e as iniciativas do jornal para acompanhar a interatividade com o leitor/internauta. Segundo o editor, o jornalismo está em um momento de transformação, em que as mídias são as mais diversificadas e rápidas possíveis. Rossi falou ainda sobre o poder do jornalista e a influência que os blogs e a “abertura da informação” por meio da internet acarretam ao fazer jornalístico.

Expansão e interiorização das Ifes

O coordenador geral de Expansão e Gestão do Ministério da Educação Rodrigo Ramalho e a consultora da Andifes Maria Ieda Costa Diniz falaram sobre o Reuni e a expansão das Ifes. Atualmente, são 59 universidades federais, 12 delas implantadas entre 2003 e 2008 e quatro em apreciação no Congresso, totalizando 104 novos campi universitários. O incremento de vagas nas Ifes no primeiro ano de implantação do Reuni (2008-2009) foi de 29,05%, percentual que representa 43.084 vagas – 36,8% em cursos noturnos e 26,6% em licenciaturas. O sistema federal de Educação Superior oferecia, em 2002, 112.029 vagas presenciais, número que subiu para 187.338 em 2009. Clique aqui para conferir os dados.

Diante deste crescimento e das mudanças nas universidades, os assessores da Universidade Federal de Tocantins Chico Daher, Universidade Federal de Mato Grosso Santíssima Lima, Universidade Federal da Amazônia Célia Carvalho e Universidade Federal do Pará Ana Carolina Pimenta apresentaram as experiências e os desafios da Comunicação nestas instituições, que são multicampi. A UFPA, por exemplo, tem 11 campi no interior de um estado com grande extensão territorial. De acordo com a assessora Ana Carolina, a comunicação enfrenta desafios como a falta de assessorias nos campi, as grandes distâncias, a resistência ao fluxo de comunicação com o interior, até dificuldades técnicas como internet de baixa velocidade

O assessor da UFT mostrou a estrutura da Comunicação na universidade, que tem sete campi. Chico Daher falou sobre as novas mídias utilizadas pela UFT, como a intranet e TV web. Na Universidade Federal de Mato Grosso, além da sede, em Cuiabá, são mais três campi. “Estamos tentando estreitar laços com pessoas estratégicas nos campi do interior, mas é muito difícil porque não são profissionais. Precisamos criar assessorias nos campi”, destacou Santíssima.

A área do campus universitário da Ufam, de 6,7 milhões m², também dificulta a comunicação, em alguns campi só é possível chegar de barco ou avião. De acordo com a assessora Célia Carvalho, neste contexto, alguns instrumentos são adequados para a capital, mas não para o interior, configurando o desafio de levar a informação. “A idéia é criar um núcleo de divulgação dos campi, com pessoas que captem informações e enviem para a capital”, analisou Célia.

Opiniões

A assessora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Nereide Beirão afirmou que o Encontro foi muito interessante e que saiu com muitas informações sobre as universidades em geral. “Foi um ambiente muito bom para troca de ideias e experiências. Sobre as ouvidorias, por exemplo, trouxe boas informações para repassar, já que a UFMG está criando a sua”, analisou Nereide.

De acordo com a assessora da UFPA, Ana Carolina Pimenta o Encontro trouxe muitas possibilidades. “Mesmo com diferentes contextos, percebi idéias e ferramentas que poderei utilizar, com baixos custos. Voltei para a UFPA trazendo o que foi debatido e na esperança de conseguir avanços”, ressaltou Ana Carolina. 

A assessora da Universidade Federal de Ciências de Saúde Porto Alegre Márcia Veronezzi, que participou pela primeira vez do Encontro, o considerou muito enriquecedor pelo conhecimento de diferentes realidades das Ifes e pela oportunidade de troca de experiências. “O encontro nos peritiu repensar algumas atividades da assessoria e aproveitar algumas dicas para o nosso trabalho”, explicou Márcia.

O Encontro ainda teve espaço para relatos de experiências das Ifes, que abordaram iniciativas de comunicação adotadas em suas instituições. A assessora da Ufal Márcia Alencar falou sobre as ações de comunicação interna adotas pela universidade, Érica Montenegro, da UnB, apresentou o projeto da revista Darcy, Ana Carolina Pimenta (UFPA) falou sobre os desafios da comunicação científica da e na Amazônia, Márcia Veronezi apresentou o processo de criação da assessoria de comunicação da UFCSPA e Dalira Lucia Carneiro  apresentou o Plano de Comunicação da Universidade Federal de Uberlândia (UFU).

Ao final do Encontro, os assessores formaram um Comitê Executivo, com dois representantes de cada região, que trabalhará, juntamente com a Andifes, a preparação da próxima edição do evento. Também foi criado um blog para subsidiar as discussões pertinentes às assessorias de comunicação das Ifes.

(Andifes)