topo_cabecalho
Comunidade acadêmica da UFCG rejeita criação da Universidade Federal do Sertão

Definição aconteceu durante ciclo de debates promovidos nos campi envolvidos

 

Antes de concluir o ciclo de debates programados para discutir a viabilidade de criação da Universidade Federal do Sertão, a partir do desmembramento dos campi Patos, Pombal, Sousa e Cajazeiras da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), o reitor Thompson Mariz, presidente da comissão institucional responsável pelos estudos e condução das discussões públicas, resolveu encerrar os trabalhos no decorrer do debate diurno no campus Cajazeiras, na última sexta-feira, 21, por entender que já dispunha de elementos que demonstravam de forma cabal a rejeição à proposta.

 

Essa decisão começou a ser delineada com a reprodução sistemática das manifestações contrárias ao desmembramento, debate a debate, acontecidas em todos os campi diretamente envolvidos com o processo, desde o início das discussões na quarta-feira, 20, no campus Patos.

 

“Consideramos que a amostragem era representativa de todo um conjunto, pois se os principais interessados, aos nossos olhos, não se posicionavam favoráveis, por que haveríamos de estender essa discussão?”, comentou Mariz. Tomando como exemplo um dos debates no campus Sousa, disse que apenas dois representantes da sociedade e três alunos se pronunciaram a favor da proposta de criação da “Universidade do Sertão”, num plenário lotado.

 

Argumentos

 

Em todos os campi, sem distinção, as intervenções quase chegaram à unanimidade no combate ao desmembramento, com os mais variados argumentos. Dentre eles, o elevado conceito que a UFCG desfruta no País, o que garante aos seus alunos perspectivas favoráveis na conquista do mercado de trabalho; além da atual valorização dos campi, com a modernização de suas instalações, novas salas de aula, bibliotecas, ginásios de esportes e laboratórios; a construção do campus Sousa – único que não dispõe de sede própria – e a implantação do campus Pombal. “Ações que dão credibilidade e reconhecimento ao modelo de gestão democrática praticado na instituição”, considerou o reitor.

 

Mariz também destacou as incertezas externadas, principalmente por alunos e professores, sobre as políticas que poderão ser implantadas no futuro governo federal. “Tais observações foram consideradas pertinentes pela natureza das mudanças governamentais e recebidas como razões suficientes para que houvesse ponderação”.

 

Ele salientou que os debates poderão continuar existindo em outras esferas, organizados por representantes da sociedade civil ou da própria instituição, a exemplo de sindicatos e associações. “Não cabe, no entanto, sob a minha presidência, continuar insistindo numa tese amplamente rejeitada pela comunidade acadêmica. A UFCG é uma instituição plural e democrática e, assim sendo, continuará aberta a discussões com qualquer segmento interno e externo sobre esse ou qualquer outro tema relevante, demandado pela comunidade acadêmica ou pela sociedade”.

 

Surpresa

 

Thompson Mariz se disse surpreso com o destino tomado pelos debates. A maneira e a segurança como as opiniões foram sendo expostas e a repercussão que provocaram internamente, sobretudo no seio da comunidade discente. “Como expansionista e defensor da interiorização do Ensino Superior, sempre acreditei que a criação da Universidade Federal do Sertão fosse uma justa reivindicação, até porque ela atenderia aos anseios da comunidade acadêmica e da sociedade civil da região. Recebi inúmeros pedidos e ouvi argumentos consistentes que me levaram a pôr essa discussão como meta na carta- programa para o segundo reitorado”.

 

Uma nova instituição, segundo o Mariz, traria consigo a possibilidade de criação de outros campi e cursos. “Consequentemente, mais oportunidades na educação superior para tantos e tantos jovens ainda excluídos dessa modalidade de educação, bem como novos caminhos poderiam ser traçados para o desenvolvimento regional”.

 

“Sempre acreditei na potencialidade dos professores, pesquisadores, servidores técnico-administrativos e alunos dos campi do Sertão. A capacidade de recursos humanos e materiais dariam condições de se conduzir uma nova instituição, caso fosse criada, a um reconhecimento nacional tão expressivo quanto têm hoje a UFPB e a UFCG”.

 

Perguntado se, de certo modo, encerrava os trabalhos da comissão frustrado, Mariz disse que o que lhe importava era ter a consciência tranqüila de que havia propiciado uma oportunidade democrática para que todos pudessem se pronunciar. Lamentava, naturalmente, que os defensores dessa causa tenham perdido a oportunidade de se expressar tão incisivamente quanto os que foram contrários.

 

“Partindo do pressuposto que, em certos casos, a voz do povo é um caminho para se chegar a uma verdade, ponho-me na posição de quem aprende a repensar projetos e redirecionar sonhos”, concluiu.

 

(Marinilson Braga - Ascom/UFCG)


Data: 25/08/2009