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Reitor alerta para invasão de candidatos do Centro-Sul com novo vestibular

Ele teme concorrência desleal com os paraibanos no preenchimento das vagas dos considerados cursos de elite

 

O reitor Thompson Mariz, em entrevista ao jornal Correio Braziliense (edição da última quarta, 29), chamou atenção para o fato da proposta do MEC, de substituição dos vestibulares pelo novo Enem, vir a provocar uma desleal concorrência dos candidatos de outros estados, especialmente do Centro-Sul, com os paraibanos no preenchimento das vagas dos considerados cursos de elite – algumas engenharias, Computação, Medicina, Odontologia e Direito.

 

Assumindo que se considerava uma voz destoante nos comentários, públicos, dos reitores das universidades federais, o reitor da UFCG foi crítico e autêntico nas suas colocações, ao dizer que o ministro da Educação, Fernando Haddad, não precisava só receber elogios pela proposta.

 

Para ilustrar o seu temor, quanto a uma maior invasão de alunos “estrangeiros” nos cursos da UFCG, Mariz registrou o caso da primeira turma do curso de Medicina do campus Cajazeiras: “No último vestibular, 99% dos aprovados eram de Recife e Fortaleza. Só passou um paraibano”.

 

(Marinilson Braga – Ascom/UFCG)

 

Veja a matéria

 

Haddad se irrita e cobra definição de reitores

 

Um mês depois de apresentar o projeto de mudança na forma de ingresso dos estudantes às universidades federais, o ministro da Educação, Fernando Haddad, demonstrou irritação com a demora dos reitores em aderir à proposta. “A Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior) precisa dar um sinal sobre o princípio geral do novo Enem para aplacar os ânimos. O que queremos é dar um norte para o país. Depois, com toda tranquilidade, cada instituição pode verificar qual é a maneira mais apropriada de participar”, afirmou, durante um seminário promovido pela associação.

 

Para Haddad, é pouco razoável que as instituições não adotem pelo menos uma das modalidades apresentadas. As mudanças no projeto original, que previa o novo Enem como única forma de acesso, foram, inclusive, reivindicação dos reitores. “Nunca foi objetivo do MEC oferecer uma proposta binária, de tudo ou nada. As possibilidades são suficientemente largas para que tenhamos a totalidade das instituições testando o novo instrumento de acesso”, disse.

 

Além do que previa o texto original, depois de várias reuniões com a Andifes, o MEC anunciou que as universidades podem escolher mais três formas de adesão. A nova prova pode ser utilizada como uma primeira fase, seguida do vestibular tradicional; somente para determinados cursos; ou para as vagas ociosas. Haddad lembrou aos reitores que, nesse último caso, depois dos esforços do Programa de Apoio ao Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), não deixar vagas remanescentes é “quase uma obrigação”. Até porque o governo federal paga por elas, ainda que não preenchidas.

 

Divergências


A reitora da Universidade Federal de Mato Grosso, Maria Lúcia Cavalli Neder, que ainda não se posicionou oficialmente sobre o projeto, pediu aos colegas que levassem em conta a necessidade de reestruturar o ensino médio — razão pela qual o Ministério da Educação elaborou o projeto. “Não podemos deixar passar a oportunidade de dizer o que queremos para o ensino público. Nós, da Andifes, não temos feito esforços para contribuir com o ensino médio”, reconheceu.

 

Em um tom bem mais crítico, o reitor da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Thompson Mariz, avisou que iria destoar dos demais. “O ministro não precisa sair daqui só com elogios. Isso aqui não é tão uniforme. Não tem que haver essa pasmaceira de todo mundo baixar a cabeça porque o MEC tem boas ideias. Todos nós temos boas ideias”, afirmou. Ele disse que teme que, com o vestibular único, as vagas das universidades do Nordeste e do interior sejam tomadas por candidatos de outros estados.

 

Segundo Mariz, mesmo sem o novo Enem os estudantes da Paraíba são minoria na instituição. “No último vestibular, 99% dos aprovados em medicina eram de Recife e Fortaleza. Só passou um paraibano”, disse. “Os cursos de elite serão abocanhados, como terceira ou quarta opção, pelos alunos do centro-sul.”

 

O projeto do MEC previa que os estudantes, ao fazerem a inscrição para a prova, optassem por cinco cursos ou cinco instituições diferentes. Mas o ministro Fernando Haddad esclareceu ontem que a regra só vai valer para as universidades que aderirem ao novo Enem como única forma de ingresso. A data limite para a adesão das federais é 8 de maio, para que o ministério tenha tempo hábil de aplicar o exame ainda em outubro deste ano.

 

(Paloma Oliveto, Correio Braziliense – 29 de abril de 2009)


Data: 30/04/2009