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Brasil avança em TI na América Latina

País cresce mais rápido que seus vizinhos, mas posição regional ainda é baixa, mostra pesquisa da Everis

 

Nas últimas semanas, uma série de executivos-chefes de empresas de tecnologia têm desembarcado nos aeroportos brasileiros interessados em explorar novas oportunidades no país.

 

O Brasil já entrou na rota desses executivos há algum tempo, mas aparentemente as visitas se intensificaram nos últimos meses. O motivo? Com a forte retração da demanda em mercados mais maduros, eles estão vindo para conferir pessoalmente se, de fato, os negócios de tecnologia da informação no país estão avançando em uma velocidade muito mais rápida que nos Estados Unidos ou na Europa.

 

É uma premissa que também vale na comparação com os vizinhos da América Latina, a julgar pelos resultados de uma pesquisa da consultoria espanhola Everis.

 

Segundo o levantamento, divulgado em primeira mão ao Valor, no primeiro trimestre o Brasil só ficou atrás do Peru no uso das tecnologias da informação e comunicações (TIC), o que indica o crescimento da base de computadores, celulares, acesso à internet etc. O aumento foi de 9,3% em relação ao mesmo período do ano passado (no Peru, a expansão foi de 13,7%).

 

A média de gastos com TIC por pessoa no Brasil caiu 19,4%, para US$ 332. Essa queda, no entanto, não significa que o consumo diminuiu, mas é resultado do subsídio e dos descontos oferecidos por fabricantes, operadoras e varejistas, justifica Teodoro López, vice-presidente da Everis no país.

 

Em outro quesito do levantamento, o Brasil encabeçou as melhorias no ambiente da sociedade da informação (ISI), que mede o grau de maturidade da população em relação à tecnologia, e não meramente seu consumo. Segundo López, o crescimento neste quesito vem acontecendo nos últimos cinco trimestres, mas o país continua longe de um cenário ideal.

 

Mesmo com o aumento de 3,1% no índice - o Brasil foi o único mercado da região a crescer nesse quesito no trimestre - o país ainda é o quinto colocado no ranking, à frente apenas da Colômbia. Na prática, o desempenho brasileiro significa que pela primeira vez o país chegou à média de pontos da região como um todo.

 

Para López, o resultado mostra que o Brasil começa a mudar o quadro histórico de desigualdade nas compras de tecnologia, tradicionalmente concentradas nos grandes centros do Sul e Sudeste. "As tecnologias estão deixando de ser compradas só nas grandes cidades", afirma.

 

A avaliação é reforçada por uma pesquisa sobre o uso da tecnologia elaborada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.Br). Nos resultados de 2008, a pesquisa mostra que a proporção de domicílios com computadores de mesa na região Nordeste passou de 8,38% em 2006 para 10% em 2008. Já no Norte, o número foi de 9,97% para 13%.

 

Apesar disso, as diferenças regionais ainda são muito contrastantes. No Sudeste, por exemplo, o número de residências com computador aumentou de 23,83% para 31%.

 

"O impacto de programas [de inclusão digital] do governo é importante, mas o crescimento não acontece na velocidade ideal", diz Juliano Cappi, analista de informações do Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação (CETIC.br), que conduz o levantamento. "Isso é preocupante porque no médio a longo prazos a desigualdade pode aumentar", diz o especialista.

 

Para o primeiro trimestre de 2010, a Everis projeta que o Brasil subirá mais uma posição no ranking, deixando para trás o México, que pode apresentar nova queda em seus números em virtude da crise econômica.

 

(Valor Econômico, 23/4)


Data: 23/04/2009