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Enem dará opção para cinco cursos

Com novo exame, aluno poderá pleitear vagas em várias universidades; federal que aderir receberá mais verba

O novo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que pode ser uma espécie de supervestibular unificado das universidades federais, dará a oportunidade aos estudantes de tentar, com o resultado de uma mesma prova, cinco diferentes cursos em até cinco instituições da rede no país. Essa foi uma das decisões tomadas ontem em reunião entre os reitores das federais e o ministro da Educação, Fernando Haddad.

Também ficou acertado que as instituições que aderirem à proposta do Ministério da Educação de substituir o vestibular pelo novo Enem vão receber mais recursos para assistência estudantil. O MEC decidiu dobrar a verba repassada às universidades dos atuais R$ 200 milhões para R$ 400 milhões.

A maior parte vai para aquelas que fizerem parte do novo exame, previsto para ser implantado neste ano. "A assistência estudantil será reforçada porque o número de vagas nas instituições dobrou. Mas, para aquelas que atenderem alunos de outros Estados, terá de ser reforçada", disse Haddad.

Os recursos da assistência estudantil são usados para restaurantes universitários, moradia e bolsas para ajudar alunos de baixa renda. Como a intenção do MEC é que com o novo vestibular mais estudantes saiam de seus Estados, é necessário garantir que não tenham de abandonar os estudos porque não têm condições de se manter. Também é uma forma de compensação às instituições que hoje recebem recursos fazendo as próprias seleções, ao cobrar taxa de inscrição.

A decisão de dar oportunidade aos alunos de tentar mais de um curso e mais de uma instituição com a mesma prova é um dos pontos básicos da proposta que o MEC vai formalizar na próxima quarta aos reitores. Apesar de haver dúvidas sobre como vai funcionar na prática, ela foi bem-vista pelos reitores.

Da forma que o ministério propõe, os estudantes poderão, por exemplo, se inscrever em cinco cursos da mesma instituição; no mesmo curso em cinco instituições diferentes ou em cursos diferentes também em várias instituições. Só precisarão estabelecer uma hierarquia nas opções. A prioridade será dada à primeira delas. "Isso melhora o aproveitamento do aluno e das vagas", avaliou Haddad.

Além disso, a inscrição só será feita depois de o candidato ter o resultado do Enem em mãos. Com isso, o estudante poderá ter uma ideia melhor das suas possibilidades de aprovação. O sistema de inscrição, online, ainda ficará aberto por algum tempo e o candidato poderá avaliar suas reais condições no curso escolhido e mudar suas opções, caso conclua que não será aprovado.

Elitização

O coordenador do vestibular da Universidade Federal Fluminense (UFF), Nelliton Ventura, é um crítico do projeto do MEC no ponto em que trata do ingresso de estudantes de outros Estados. "A mobilidade pretendida pelo MEC vai ocorrer na mão inversa. Não vai ser o estudante do Norte e Nordeste que se mudará para o Sul. As classes mais abastadas têm maior rendimento no Enem e vão roubar as vagas nos outros Estados. Em vez de democratizar o acesso, vai elitizá-lo", avaliou.

(O Estado de SP, 7/4)


Data: 07/04/2009