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Diploma pode acabar com chance de estudo no exterior

Confira quais as implicações e se o seu documento é adequado

 

Planejar uma pós-graduação no exterior não envolve apenas o seu conhecimento do idioma nativo. É preciso pensar em muitas outras coisas fundamentais nesse processo como, por exemplo, o dinheiro que será gasto, providenciar todos os documentos exigidos e passar por um processo seletivo rigoroso. Agora imagine se depois de todas essas etapas você descobrir que apenas seu diploma não é suficiente para ingressar no curso? Esse tipo de problema é bastante recorrente.

 

A jornalista Cecília Mazzetti passou por isso. "Me graduei em jornalismo na Cásper Líbero e após dois anos de formada fui morar na Alemanha. Quando já estava no país, decidi fazer pós-graduação. Entretanto, o sistema alemão de ensino tem muita burocracia. Depois de mandar todos os documentos necessários, além do diploma traduzido, me informaram que poderia realizar apenas uma pós na área de comunicação", conta.

 

Apesar da chance dentro do próprio setor de atuação, Cecília queria estudar na área de serviço social. Depois ter recebido a resposta negativa da aceitação na pós, optou por outra graduação, mas os problemas continuaram, já que a aprovação na universidade alemã não passa por um vestibular, mas na análise de desempenho estudantil. "Na Alemanha, existem dois tipos de universidades: uma mais teórica e mais difícil de ser aceita e outra mais prática. Tentei me inscrever na primeira opção, mas fizeram as médias de notas do meu diploma e afirmaram que não seria possível, pois a nota de corte era bem mais alta. Além disso, alegaram que as horas aula que eu tive no Brasil não eram suficientes", lembra.

 

Para não haver problemas como o de Cecília, a responsável pela CampusFrance, organização cultural que promove o intercâmbio Brasil/França, Carla Ferro, recomenda que o curso no exterior seja planejado ainda no Brasil. O primeiro passo é certificar-se de que a instituição de ensino em que se cursou a graduação é credenciada no MEC (Ministério da Educação). "Isso porque, quando o diploma é reconhecido pelo ministério, a universidade também o reconhece automaticamente", afirma ela.

 

Segundo informações do DAAD (Intercâmbio Acadêmico Brasil - Alemanha), o processo para reconhecimento de diplomas segue o mesmo esquema dos demais países. Entretanto, esse método só foi instalado depois de 1999, com o Tratado de Bolonha Confira na tabela ao lado mais detalhes sobre o tratado. Antes dele, eram as universidades quem decidiam se reconheceriam ou não o certificado de graduação estrangeiro.

 

É possível consultar o site da ANABIN (Sistema de Informação para Reconhecimento de Títulos Estrangeiros de Conclusão de Estudos alemão) para ter maiores informações sobre como é feito o reconhecimento dos títulos estrangeiros na Alemanha. O site está em alemão e o endereço é http://www.anabin.de.

 

Além do diploma, a Alemanha leva em consideração as horas aula do profissional para considerá-lo graduado ou não. Além disso, a média feita com as notas obtidas durante o curso é importante, o que pode até desclassificar quem queira entrar em uma graduação no país. Por isso, é preciso ter bom desempenho nas matérias e programar os estudos com antecedência à viagem.

 

Após o problema com a universidade, Cecília foi aconselhada a procurar a instituição com mais horas práticas porque a média requisitada era menor. "Mesmo assim não seria aceita. Mas me informaram que 5% das vagas eram destinadas a estrangeiros e as horas do diploma não seriam levadas em conta. Metade do requisito era a média de notas e a outra metade era a experiência apresentada em um pré-estágio e o certificado da língua alemã", recorda ela. Depois de dois anos e meio correndo atrás dos tramites burocráticos, a jornalista foi aceita no sistema de ensino alemão.

 

Para se organizar ainda no Brasil

 

De acordo com a assessora de Relações Internacionais e Desenvolvimento da Unisinos (Universidade do Vale do Rio dos Sinos), Aline de Abreu, o primeiro passo para organizar a realização de um curso no exterior é encaminhar o diploma e o histórico escolar do Ensino Superior para o Ministério de Relações Exteriores. "O Ministério analisa e fornece um carimbo nos documentos que comprovam tanto a existência da universidade, quanto a legalidade dela. Esse processo leva em torno de 60 dias", afirma Aline.

 

Para ela, é importante que os candidatos se organizem com cerca de seis meses de antecedência. "Os processos levam bastante tempo para passar por todas as etapas da seleção até que cheguem ao resultado. As etapas básicas dos programas são a candidatura, a análise da documentação enviada e o resultado", adverte Aline. A assessora lembra que é necessário dar atenção à carta de interesse, quando solicitada pela instituição.

 

"A carta de interesse é um documento que, objetivamente, deve conter as informações do currículo de forma descritiva, além de apresentar o candidato. É importante também mencionar os objetivos futuros do profissional, descrever por que quer realizar o curso e como o conhecimento o ajudará no desenvolvimento de sua carreira", lembra Pedro Marchi, diretor da Latino Australia Education em São Paulo.

 

Marchi cita ainda os documentos básicos pedidos pelas universidades estrangeiras. "No caso das universidades australianas, geralmente é pedido o certificado de conclusão ou diploma e histórico escolar do Ensino Superior, no caso de cursos de pós-graduação, currículo, carta de interesse e nível de inglês através dos exames TOEFL (Test of English as a Foreign Language) ou IELTS (International English Language Testing System)", enumera Marchi. "Isso, entretanto, são apenas os documentos básicos. Cada universidade pede certificados diferentes, por isso é aconselhável que, ao se inscrever, o candidato consulte a lista de documentos exigidos pela instituição".

 

Tratado de Bolonha

 

Até o Tratado de Bolonha ser adotado na Europa, a distribuição dos candidatos num curso universitário no país era feita de forma centralizada, por meio do ZVS (Zentralstelle für die Vergabe von Studienplätzen). Depois do tratado, foram introduzidos os cursos de graduação "bachelor" e de pós-graduação "master" e as universidades passaram a ser autônomas para fazerem a seleção.

 

Hoje, as próprias instituições avaliam a documentação dos candidatos, conforme a orientação do ZAB (Central de Ensino Estrangeiro alemão). Entretanto, algumas delas juntaram-se e criaram um "pool" chamado Uni-Assist (Arbeits - und Servicestelle für Internationale Studienbewerbungen), em que os candidatos enviam sua documentação para esse grupo avaliar, emitir um parecer como válido e encaminha-o para as universidades em que o interessado deseja estudar.

 

O Uni-Assist cobra uma taxa do candidato para a primeira avaliação e depois uma taxa adicional para o envio do parecer para outras universidades que tenha interesse. O objetivo do "pool" é que as universidades não percam tempo para fazer a avaliação dos documentos. Além disso, o objetivo é que o candidato precisa submeter seus certificados apenas uma vez à avaliação. O site do Uni-Assist é http://www.uni-assist.de, em alemão.

 

(Portal Universia)


Data: 12/02/2009