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Projetos inovadores vão ganhar R$ 1,3 bilhão

Programa da Finep beneficiará 5.400 empresas até 2011. Para cada negócio, uma subvenção de R$ 120 mil

A partir de dezembro, com o início do Programa Primeira Empresa Inovadora (Prime) da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), os empreendedores com projetos criativos e originais, que tenham forte conteúdo tecnológico, passarão a ter um apoio de peso.

Nesta etapa, incubadoras de todo o país selecionarão 2.005 negócios, que receberão R$ 120 mil cada em subvenção. Serão recursos a fundo perdido, ou seja, o investimento não precisará ser devolvido ao governo federal.

No total, o Prime deverá beneficiar 5.400 empresas até 2011, período no qual terá um orçamento de R$ 1,3 bilhão. O início do programa está marcado para o dia 4 de dezembro, quando os primeiros editais para a seleção de empresas interessadas serão lançados.

Podem se inscrever empresas com até dois anos de existência. Além dos R$ 120 mil em subvenção, o programa poderá, em uma segunda etapa, conceder mais R$ 120 mil por empresa, em empréstimo sem qualquer juro. Este dinheiro será devolvido ao governo em cem prestações mensais e destina-se à preparação da comercialização do produto.

Obrigação de contratar um gestor para o negócio

— Não queremos desenvolver bonsais, queremos criar figueiras — adianta Eduardo Moreira da Costa, diretor de Inovação da Finep, acreditando que estas empresas beneficiadas poderão crescer e ampliar o uso de novas tecnologias brasileiras.

O formato do programa estabelece a necessidade de se contratar um gestor e uma boa fiscalização, o que garantirá, segundo Costa, transparência nas contas e liberdade para que o empreendedor/ inovador se concentre apenas no negócio: — Isso é um contraponto aos parentes, que sempre incentivam as pessoas a prestarem concurso para o Banco do Brasil ou para o Tribunal de Contas da União. O emprego público é uma solução para os pais das pessoas que querem empreender, não para eles, nem para o país.

As incubadoras tecnológicas, que atualmente são mais de 400 em todo o país, serão fundamentais neste processo.

Acesso a empresas de fora das universidades

A Finep selecionou 18 incubadoras-âncora em todo o Brasil que serão as responsáveis locais pelo programa. Uma delas é a Incubadora de Empresas da Coppe, entidade que congrega os cursos de pós-graduação em engenharia da UFRJ.

— Eu já tenho mais de cem e-mails cadastrados de pessoas procurando o Prime — afirma Regina Faria, gerente da incubadora da Coppe.

Ela acredita que o Prime será fundamental não apenas para as empresas beneficiadas, mas para as próprias incubadoras. Com isso, elas terão de lidar com um novo universo de empresas, que não estão ligadas às universidades. O apoio que terá de ser dado também é mais complexo, incluindo questões administrativas e burocráticas, o que deve contribuir para o sucesso das iniciativas.

— Teremos incubadoras mais pró-ativas. Muitas também estão abrindo parques tecnológicos, o que permitirá que acompanhemos a evolução destas firmas inovadoras.

Acesso a grandes clientes

A Pam Membramas é um dos casos de sucesso da Coppe, uma das incubadoras escolhidas pelo programa Primeira Empresa Inovadora. Empresa especializada em desenvolver e criar aplicações para membranas microporosas em processos de purificação de líquidos, a Pam já tem clientes como Petrobras, Du Pont e Wal Mart.

— A empresa foi criada em 2002, mas somente deslanchou quando fomos para a incubadora, em 2006. Além de todo o apoio, conseguimos ganhar credibilidade com a Coppe, o que nos abriu portas — afirma o sócio Ronaldo Nóbrega, ex-professor da universidade.

Ele conta que, no início da empresa, imaginava que venderia apenas para clientes residenciais, interessados em filtros mais modernos. Depois que foi para a Coppe e fez um plano de negócios, começou a atender clientes industriais, que, por intermédio dos processos da Pam Membranas, reduzem o custo de uso de água.

Wilsa Atella, sócia da Ambidados, também incubada na Coppe, acredita que sua firma, especializada em dados meteorológicos e oceanográficos com tecnologia nacional, não conseguiria sobreviver sem o apoio da incubadora.

— Sem um programa como este, não entraríamos para o seleto grupo de fornecedores da Petrobras. Com o Prime acontecerá o mesmo, até porque as empresas passam por uma seleção importante, com um respeitado corpo técnico — disse.

Davi Salles, gerente da Incamp (a incubadora da Unicamp, também entre as 18 incubadoras-âncora), lembra que na atual crise financeira o Prime ganha ainda mais importância. Salles acredita que o programa será um sucesso e poderá dar mais competitividade ao país: — Se as grandes empresas estão com problemas para obter crédito, imagina como estão as pequenas, novas e inovadoras.

 

(O Globo, 22/11)


Data: 22/11/2008