Desmatamento, caça e pesca predatória afetam as espécies

Um pequeno roedor, batizado Juscelinomys candango, vulgarmente conhecido como ratocandango, que habitava a área em torno de Brasília nos anos 60, encontra-se oficialmente extinto. Não é um caso isolado. Um entre quatro mamíferos do planeta está ameaçado de desaparecer. É o que indica o maior estudo já feito sobre esse vasto grupo de animais (são cerca de 5.487 espécies conhecidas), divulgado ontem durante o Congresso Mundial da Natureza, em Barcelona, Espanha.

Assinado por um time internacional de pesquisadores e publicado pela União Internacional para a Conservação da Natureza, o estudo revela que 25% destas espécies - na terra ou no mar - sofrem com problemas variados como desmatamento, pesca predatória e perda de hábitats.

- O caso do Juscelinomys candango é emblemático porque ele foi descoberto em Brasília no auge do seu desenvolvimento e, aos poucos, por conta da expansão urbana na região, foi sumindo, até ser considerado extinto - conta Adriano Paglia, analista de biodiversidade da Conservação Internacional.

Alerta de perigo crítico para 188 espécies Essa lista vermelha das espécies cita como "particularmente séria" a situação dos mamíferos na Ásia, ressaltando que a perda de hábitat também ameaça inúmeras espécies de animais na América Central e do Sul. De acordo com os cientistas, desde 1500, pelo menos 76 espécies desapareceram.

Hoje, pelo menos 188 se enquadram na categoria descrita como em "perigo crítico" de extinção.

- Essa lista é extremamente importante porque é a primeira vez que é feita uma avaliação de todas as espécies de mamíferos do planeta, de forma criteriosa e utilizando todas as informações científicas disponíveis - diz Paglia.

Segundo ele, no Brasil, a caça indiscriminada é uma ameaça a alguns grupos, como os primatas da Amazônia, mas em outras regiões, como a Mata Atlântica, o desmatamento contribui também para a perda de biodiversidade.

- O desmatamento destrói habitats e isola indivíduos, que, assim, tendem a desaparecer.

(O Globo, 7/10)