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MEC aprova criação do curso de Licenciatura em Educação Indígena da UFCG

O ingresso se dará através de processo seletivo para 50 vagas, destinado a professores indígenas potiguaras que tenham concluído o ensino médio

 

Mais um grande passo em sua trajetória de expansão e inclusão social acaba de ser dado pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). Foi aprovado no último dia 25, pela Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad/MEC), o Projeto de Implantação e Desenvolvimento do Curso de Licenciatura em Educação Indígena da UFCG.

 

A criação de uma licenciatura voltada para os povos indígenas é um antigo anseio do povo Potiguara, que habita o Litoral Norte da Paraíba, abrangendo os municípios de Rio Tinto, Baía da Traição e Marcação. Somam cerca de 10 mil índios distribuídos em aldeias e na zona urbana dos municípios.

 

Estima-se que, em dez anos, cerca 2.250 indígenas potiguaras serão beneficiados diretamente. O ingresso se dará a cada dois anos, através de processo seletivo para 50 vagas, destinado a professores indígenas que tenham concluído o ensino médio.

 

Além da instituição campinense, outras 11 universidades públicas federais e estaduais, de dez estados, receberão este ano cerca de R$ 4,9 milhões para investir na formação de professores indígenas que estão lecionando sem formação superior.

 

O secretário de Projetos Estratégicos da UFCG, Márcio Caniello, explica que o projeto é fruto de um trabalho desenvolvido na instituição desde 2004, no âmbito do Programa de Licenciatura em Educação Indígena (Prolind), do MEC.

 

“Os estudos iniciais resultaram numa série de oficinas, atividades de pesquisa e seminários, realizados em Campina Grande e nas aldeias potiguaras, a fim de se construir um projeto político pedagógico adequado às demandas daquela comunidade”.

 

O resultado, diz Caniello, foi uma proposta curricular ampla e flexível, com a apresentação de conhecimentos contextualizados, “como forma de possibilitar condições para o enfrentamento de questões presentes no cotidiano, tanto escolar como da aldeia”, observou.

 

O curso foi elaborado pela área de Antropologia da Unidade Acadêmica de Ciências Sociais, em parceria com vários cursos do Centro de Humanidade, do campus Campina Grande, e com os cursos de Matemática, Biologia e Química do Centro de Educação e Saúde, do campus Cuité, além de professores de escolas indígenas integrantes da Organização dos Professores Indígenas Potiguara da Paraíba (OPIP-PB).

 

Segundo Caniello, o próximo passo é ampliar a licenciatura para os demais povos indígenas do estado e também para os de Pernambuco e Rio Grande do Norte.

 

O curso

 

As áreas de concentração contempladas pelo curso são as Ciências Exatas, Ciências da Natureza,  Ciências Sociais e Língua e Literatura.

 

O curso obedecerá a um regime seriado especial e será desenvolvido em dois períodos distintos. Durante o período letivo regular nas escolas indígenas, o curso será desenvolvido em 16 finais de semana consecutivos, no Centro Sagrado Coração de Jesus, localizado em Baía da Traição, onde deverá ser instalada a sede do campus avançado da UFCG.

 

Durante as férias escolares nas escolas indígenas, serão oferecidos módulos concentrados de duas semanas nos campi da UFCG em Campina Grande (disciplinas das áreas de Ciências Humanas e Artes, Língua e Literatura) e Cuité (disciplinas das áreas de Ciências Exatas, Ciências Naturais, Ciências da Saúde e Informática).

 

O curso está estruturado em dois núcleos. O primeiro, com duração de 2 anos, é composto por 4 módulos de estudo, comum a todas as licenciaturas. Oferece subsídios para a formação do professor pesquisador e tem como objetivo a formação geral do professor indígena para o ensino fundamental.

 

Já o segundo núcleo, também com duração de 2 anos, inclui em seus componentes curriculares dois Estágios Curriculares Supervisionados e a elaboração de uma monografia. Nesse momento, o aluno já deve ter optado, com base em todos os conhecimentos adquiridos no primeiro núcleo, por uma das 4 áreas de conhecimentos e tem por objetivo a formação do professor indígena para atuar no ensino médio.

 

Se optar pela área de conhecimento Ciências Exatas, estará apto para ministrar o ensino de Química no ensino médio. Caso opte pela área de conhecimento Ciências da Natureza, o formando estará apto a ministrar a disciplina Biologia no ensino médio.

 

A área de conhecimento Língua e Literatura forma o profissional para atuar nessas disciplinas. Já a área de conhecimento Ciências Sociais, habilitará para o ensino de Sociologia, Antropologia, História e Geografia.

 

(Kennyo Alex – Ascom/UFCG)


Data: 02/10/2008