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A solução tecnológica

Cientistas propõem megaprojetos de engenharia para conter aquecimento global

O temor de que o mundo não esteja fazendo o suficiente para reduzir as emissões de dióxido de carbono está forçando cientistas a "pensarem no impensável", ou seja, levarem a sério a idéia de que os seres humanos talvez tenham que alterar artificialmente o clima global por meio de megaprojetos de engenharia.

A Royal Society, do Reino Unido, lançará até o fim do ano um vasto estudo analisando a possibilidade de salvar o planeta por meio de projetos de geoengenharia do clima em escalas grandiosas.

A geoengenharia prevê ações como a fertilização de oceanos com partículas de ferro com o objetivo de acelerar a absorção do CO2 da atmosfera, a criação de nuvens com maior poder de reflexão (para reduzir o calor), e até mesmo a vaporização de grandes quantidades de sulfato no ar para simular os efeitos de grandes erupções vulcânicas - que reduzem a entrada de luz do Sol e baixam as temperaturas globais.

Até recentemente, poucos ousavam falar da geoengenharia como uma tecnologia a ser aplicada. Entretanto, a crescente descrença nas capacidades dos governos de reduzirem as emissões de CO2 forçaram os cientistas a apresentarem alguma proposta tecnológica para impedir uma catástrofe global.

- As emissões globais de gases do efeito estufa continuam aumentando e, por isso, há um interesse inevitável por tecnologias capazes de oferecer um "conserto" para o problema - afirmou Rees Ludlow, presidente da Royal Society.

- Ainda não está muito claro se essas tecnologias da geoengenharia funcionariam, e menos ainda os possíveis impactos sociais e ambientais que teriam. Também não sabemos se seria prudente ou politicamente aceitável adotar qualquer uma delas. De qualquer forma, é certo que nenhuma dessas tecnologias oferece uma solução total e não devem desviar a atenção dos esforços internacionais para redução das emissões de gases-estufa.

A "Philosophical Transactions" da Royal Society publica um artigo em sua edição de hoje em que são examinadas formas de alterar o clima ou interferir no ciclo do carbono de forma a compensar a elevação das emissões de gases e o conseqüente aumento das temperaturas.

Dos males o menor, diz especialista em clima

Para Ken Caldeira, da Universidade de Stanford, é importante se programar desde já para a possibilidade de usar a geoengenharia no futuro.

- As emissões de CO2 continuam aumentando a cada ano - afirmou Caldeira. - Reduzir as emissões requer sacrifício individual aqui e agora para o bem de uma população de um futuro distante. Se começarmos logo, podemos passar pela fase da engenharia climática lentamente e cautelosamente, e voltarmos atrás se algo de ruim acontecer. A coisa menos arriscada a se fazer é começar a testar logo essas tecnologias.

Stephen Schneider, um cientista especializado em clima da Stanford que já foi contra a geoengenharia, afirmou: - Estamos na delicada posição de escolher entre o menor dos males: mudanças climáticas perigosas e potencialmente incontroláveis em razão das emissões de gases-estufa ou reparos tecnológicos envolvendo projetos de geoengenharia em larga escala.

 

(The Independent)


Data: 03/09/2008