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MEC avaliará impacto de piso de professor

Ministro não descartou mudanças na nova lei do piso, mas disse que só se posiciona após receber argumentos de Estados.

 

O Ministério da Educação irá verificar os cálculos dos Estados sobre o impacto da lei do piso salarial do professor nas contas públicas para decidir sobre uma eventual mudança na regra. A pasta também pediu à AGU (Advocacia Geral da União) um parecer sobre a constitucionalidade ou não da norma.

 

O ministro Fernando Haddad não descartou uma mudança na lei, mas disse que só poderia se posicionar depois de receber oficialmente os argumentos dos Estados.


"Só posso achar alguma coisa com base nos subsídios que pedimos que nos encaminhassem", disse.

 

Desde que a lei do piso foi aprovada, no meio de julho, governadores e secretários de Educação têm pressionado por sua mudança.

 

Os pontos mais polêmicos são o que prevê que um terço da jornada de trabalho do docente terá que ser dedicado a tarefas extraclasse, como correção de provas, e o que estabelece que gratificações não poderão ser contabilizadas para atingir o piso, de R$ 950 para 40 horas semanais.

 

Emendas

 

A governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius (PSDB) foi ontem a Brasília para pedir mudanças na lei. Ela entregou à bancada tucana na Câmara e aos senadores tucanos Sérgio Guerra (PE), Marisa Serrano (MS) e Arthur Virgílio (AM) documento divulgado na semana passada pelo Consed (Conselho Nacional de Secretários de Educação).

 

O texto afirma que o piso terá um impacto de R$ 5,9 bilhões em dez Estados e que será necessário contratar mais cerca de 125 mil professores para aumentar a jornada extraclasse. A senadora Marisa Serrano afirmou ser a favor de mudanças na lei. "Uma coisa é o piso, a outra são as emendas que foram colocadas depois."

 

O projeto original, proposto pelo senador Cristovam Buarque (PDT-DF) e endossado pelo governo federal, não previa um limite de horas dentro de sala de aula.

 

"Demora"

 

Enquanto os governadores conversam com suas bancadas no Congresso, os secretários de Educação decidiram pedir às procuradorias-gerais de Estado pareceres jurídicos sobre o projeto, que poderão servir de munição para eventuais adins (ações diretas de inconstitucionalidade) contra a lei no Supremo Tribunal Federal.

 

Haddad apontou ontem uma eventual demora na manifestação dos governos estaduais. "São argumentos que durante a tramitação do projeto não nos chegaram à mão. Os dispositivos estão incluídos desde o primeiro relatório da comissão de educação [da Câmara] do ano passado. O projeto tramitou por mais cinco comissões sem que essa manifestação chegasse aos parlamentares."

 

Os secretários tentarão derrubar no Congresso também um projeto do Executivo que vincula o reajuste do piso ao INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor). Eles argumentam que a medida poderá causar buracos no orçamento caso a inflação cresça mais do que a arrecadação.

 

MEC quer "lei de responsabilidade educacional"

 

O Ministério da Educação estuda a proposição de uma "lei de responsabilidade educacional" para punir gestores que não investirem em educação ou que não atingirem metas estabelecidas para a área.

 

A proposta foi endossada por congressistas ligados à educação ontem em seminário na Câmara.

 

A idéia é que a norma tenha o mesmo princípio da Lei de Responsabilidade Fiscal, que pune o gestor público que desrespeita leis relativas às finanças.

 

Um ponto difícil de se definir, segundo Haddad, é o critério para responsabilizar os gestores. Uma possibilidade seria usar como parâmetro a variação do Ideb (índice de desenvolvimento da educação básica) em um período longo, como quatro anos.

 

(Folha de São Paulo)


Data: 06/08/2008