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MEC tem oportunidade de intercâmbio para professores

Programa leva docentes de federais para países do Mercosul

 

Professores de Instituições Federais de Ensino Superior podem participar do intercâmbio de duas semanas em instituições públicas de alguns países do Mercosul (Mercado Comum do Sul) - Argentina, Chile, Uruguai, Paraguai e Venezuela. O MEC (Ministério da Educação) tem inscrições abertas para o programa de Mobilidade Docente de Curta Duração. Com ele, o governo custeará as passagens e a permanência de 27 professores brasileiros no segundo semestre de 2008. As instituições que desejam se inscrever devem solicitar o formulário pelo e-mail mobdoc.sesu@mec.gov.br. O prazo para enviar a ficha preenchida pelos Correios ou por fax é até às 18h de 8 de agosto.

 

O programa tem como objetivo fortalecer a capacidade docente, o intercâmbio cultural e o estímulo para implementar ações conjuntas de cooperação interinstitucional. As universidades participantes deverão receber obrigatoriamente docentes de outros países. A medida visa maior facilidade de conhecimento mútuo entre instituições.

 

Docentes que queiram participar do programa devem, portanto, solicitar em primeiro lugar que suas instituições peçam o formulário para o MEC. Em seguida, os professores interessados devem enviar, junto com a ficha de inscrição preenchida, um formulário de proposta, com a assinatura do diretor acadêmico de sua área e do assessor internacional da instituição e seu currículo no formato Lattes. A sugestão de atividades será analisada pela comissão da SESu (Secretaria de Educação Superior do MEC), de acordo com os possíveis programas a serem desenvolvidos no país.

 

As propostas são divididas em natureza institucional, acadêmica e outras. Os professores podem desenvolver as seguintes atividades institucionais: visita ao Reitor - para isso é preciso informar o objetivo da mobilidade no marco das políticas do Setor Educacional do Mercosul -, visita à coordenação da área em que atua, visitas às instalações do curso e reunião com professores e alunos do curso.

 

Dentre os objetivos acadêmicos, podem ser propostos: áreas de estudo e pesquisas existentes, campos de possível cooperação interinstitucional e troca de experiências; exposição à universidade de estudos e pesquisas existentes na IES (Instituição de Ensino Superior) de origem; aula, palestra ou apresentação à comunidade acadêmica sobre o processo de formação ou sobre o tema em sua universidade. É aconselhável que os docentes optem pela participação num curso, seminário ou conferência. Os professores também poderão realizar ações de extensão, de cooperação interinstitucional e atividades culturais, como visitas a museus, a regiões históricas ou a teatros.

 

Para avaliar as propostas enviadas pela IES, a comissão do SESu julgará se o conteúdo do projeto do docente é coerente, se representa uma boa oportunidade de planos posteriores, além de analisar o currículo do profissional e as últimas avaliações realizadas pelo SINAES (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior) na instituição e área do professor. Serão checados também os conceitos obtidos pela avaliação do INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) da instituição e do curso. No caso de não haver avaliação recente num curso, este critério não contará ponto.

 

Os países de destino serão definidos de acordo com a área do conhecimento. A medida é resultado de negociação dos campos de estudos prioritários de cada país. O Brasil enviará nove docentes para a Argentina (para as áreas de Engenharia Civil, Engenharia Mecânica/Robótica, Engenharia Metalúrgica/Minas, Engenharia Mecânica, Ciência Política, Engenharia Ambiental, Formação Docente, Direito e Agronomia) e três para o Chile (nas áreas de Engenharia Civil, Engenharia de Minas e Formação Docente). Paraguai (Arquitetura, Pedagogia, Serviço Social, Ciências da Comunicação e Engenharia Mecânica), Uruguai (Engenharia Química, Atenção Primária de Saúde, Engenharia Informática, Sociologia e Arquitetura) e Venezuela (Formação Docente, Pedagogia, Enfermagem, Agronomia e Engenharia) receberão cinco professores cada um.

 

O edital do programa, com todas as informações, pode ser acessado no portal do MEC.

 

A voz dos professores

 

Docentes que já participaram de programas de intercâmbio aprovam a medida e ressaltam a importância da mobilidade. "O programa permitiu a introdução de um novo trabalho na América Latina: fez com que os professores conheçam a realidade dos países vizinhos e reciclem a informação oferecida para seus alunos", diz o professor da Faculdade de Educação Física da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), Jorge Sérgio Perez Gallardo. Ele participou do programa do MEC e foi à Universidad Nacional de Pilar, no Paraguai.

 

Para ser contemplado pelo programa, ele enviou ao MEC um projeto que visava à formação profissional do professor de educação física. "Discuti o trabalho dos docentes para sugerir a abordagem da questão cultural da América Latina", explica Gallardo. Seu projeto almeja a abordagem do assunto desde a primeira série do Ensino Fundamental com a intenção de formar cidadãos conscientes da bagagem cultural de sua região.

 

Gallardo seguiu seu programa de atividades a serem desenvolvidas no Paraguai. "Produzi relatórios, participei de reuniões com reitores e com o pessoal responsável pela pós-graduação da universidade, além de ter ministrado uma palestra. Também fui entrevistado para um programa de rádio", lembra o professor.

 

Uma outra maneira de fazer intercâmbio é procurar oportunidades de bolsas de estudos que os governos de outros países concedem. Foi o que fez a diretora da Faculdade de Letras da PUCRS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul), Maria Eunice Moreira. Ela ganhou uma bolsa do governo espanhol e passou sete meses no Instituto de Cooperação Ibero-americano, em Madri. "Fizemos visitas guiadas a museus e os passeios sempre tinham um enfoque literário. No passeio Madri Literária, por exemplo, percorremos um percurso em que visitamos casas e locais usados como inspiração para escritores".

 

Após sua estadia em Madri, Maria Eunice pôde difundir a literatura espanhola no Brasil. "Comecei a estudar a o assunto com meus alunos. Com isso, despertei a curiosidade em alguns estudantes que foram à Espanha estudar", declara. A professora considera um outro benefício tirado da experiência: a ampliação do contato com o Instituto de Cultura Hispânica da PUCRS.

 

Além dos estudos, a docente afirma ter assistido a aulas na Universidade Autônoma de Madri e na Universidade Complutence de Madri. "Essa programação eu mesma planejava. Não era uma atividade obrigatória, mas procurei, por iniciativa própria, para enriquecer o conteúdo que adquiri no país", acrescenta Maria Eunice.

 

O professor adjunto de Metodologia de Ensino da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), Alexandre Fernandez Vaz afirma que quando a universidade mantém contato com instituições de ensino de outros países, as oportunidades para o docente fazer intercâmbio são maiores. "Desde 2002, a UFSC mantém relações com a Universidad Nacional de La Plata, na Argentina", destaca Vaz, que se beneficiou desta relação entre as duas universidades para fazer intercâmbio no país vizinho.

 

As instituições desenvolvem um projeto em conjunto, com programas de pesquisa financiados pelo governo da Argentina. "Em minha estadia, realizamos pesquisas em parceria, fizemos um projeto editorial de educação física científica, desenvolvemos pesquisas de campo, além de recebermos professores argentinos na UFSC. Publicaremos ainda um livro em conjunto. Ministrei também aulas numa pós-graduação, o que enriquece meu currículo, assim como a publicação internacional", comemora Vaz.

 

Na avaliação de Vaz, diferentemente dos estudantes brasileiros, os argentinos são mais reservados e mantêm uma postura mais distanciada. "Eles ainda têm a imagem do professor como uma pessoa distante dos alunos. Mas na questão da formação, os argentinos têm uma educação equivalente a nossa, mesmo que seja menos voltada para a pesquisa", diz ele.

 

(Portal Universia)


Data: 04/08/2008