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Crianças do campo ainda não têm acesso à educação

Do total de crianças de até seis anos matriculadas em creches de educação infantil, 93% estão em áreas urbanas

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população de crianças até seis anos que moram no campo ultrapassa os três milhões de indivíduos. Destes, apenas 5% estão estudando.

Dados do Ministério da Educação apontam falta de escolas especializadas para o atendimento de estudantes que residem em áreas rurais. Não por acaso, é no campo que estão os municípios e escolas com menores índices de desenvolvimento da educação básica (Idebs).

Os dados foram apresentados nesta quarta-feira, 30, no seminário Políticas Públicas de Educação Infantil no Campo. "No campo, nós universalizamos o acesso à escola apenas nos anos iniciais do ensino fundamental. Tanto para a educação infantil quanto para os anos finais do ensino fundamental e médio, o acesso ainda não é possível em grande parte do país", destacou a coordenadora-geral de Educação do Campo, Sara Lima.

Para além do problema do acesso à educação infantil, os especialistas presentes ao seminário trataram também das condições precárias da educação do campo. Do total de crianças de até seis anos que estão matriculadas, grande parte está inserida em turmas de ensino fundamental e ainda há aquelas que viajam para a zona urbana em busca de creches.

A resolução que estabelece as diretrizes nacionais para a educação infantil do campo reafirma o direito de as crianças freqüentarem escolas próximas às suas residências. "Alunos nessa idade se cansam muito durante a viagem. O ideal é que as escolas estejam perto de suas casas, mesmo que isso implique em termos escolas para o atendimento de cinco estudantes", defendeu Sara Lima.

Particularidades - De acordo com os especialistas presentes ao seminário, a educação do campo deve trazer à tona as particularidades da zona rural. Os livros didáticos, por exemplo, devem ter figuras que remetam à realidade dos alunos do campo.

"Precisamos pensar em uma educação que forme o sujeito do campo", explicou a representante do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Pronera/Incra), Clarice dos Santos.

Para a especialista, é preciso desvincular a educação do campo do argumento de que todos têm o direito de estudar. "Essa visão generalizante deixou o campo para trás. Lá não existem as mesmas condições que existem na cidade, então precisamos pensar em políticas que dêem conta desse atraso", defendeu.

O seminário Políticas Públicas de Educação Infantil no Campo segue até amanhã. Participam do evento representantes de movimentos sociais, professores, pesquisadores e técnicos dos ministérios da Educação e do Desenvolvimento Agrário.


(Assessoria de Imprensa do MEC)


Data: 31/07/2008