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Como sobreviver à semana de provas

Professores contam como evitam desgaste para dar conta do trabalho

 

Embora os alunos reclamem muito da semana de provas na faculdade, não é só para eles que a vida neste período fica mais difícil. Professores também se desgastam com a rotina estressante. Se os alunos encaram horas de estudos e a pressão pelos melhores resultados, os professores precisam arranjar tempo para corrigir centenas de provas de diferentes classes numa tarefa que exige muita concentração.

 

Muitas vezes cada sala faz uma avaliação diferente. Além disso, ainda é necessário preparar as aulas para manter o cronograma planejado. Adicione a tudo isso o fato de alguns professores lecionarem em mais de uma instituição. Quem acha que encarar uma semana de provas é complicado pela carga de estudos, talvez não faça idéia da complicação que é uma semana de provas para um professor.

 

O coordenador do curso de Ciências Contábeis da Faculdade FECAP (Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado) em São Paulo, Ronaldo Froes de Carvalho, sabe bem o que significa a semana de provas. Ele é professor de quatro turmas e chega a corrigir 240 provas na semana, isso sem contar a preparação das aulas que não param (Confira, no rodapé da matéria, um quadro com dicas de como sobreviver à semana de provas). "O processo exige concentração e responsabilidade do início ao fim.

 

São muitas turmas para administrar e o tempo precisa ser muito bem calculado, além de sincronizado com os prazos da faculdade e a carga horária de trabalho na instituição. Isso nem sempre é fácil. Tenho cinco dias para corrigir todas as provas e já usei finais de semana para entregar tudo no prazo", conta ele.

 

Para dar conta do trabalho Carvalho criou algumas medidas alternativas. Ele sabe que precisa entregar tudo no prazo, mas estabelece ordem de prioridade para cada tarefa. Neste caso, as avaliações ganham preferência. Ele também começa o período pós-prova - correção e retorno para os alunos - pela primeira turma em que aplicou a avaliação. O objetivo é controlar a ansiedade dos estudantes, algo que também atrapalha o professor.

 

Como nas universidades, em geral, a maioria das provas são dissertativas a fim de estimular a reflexão do aluno, a correção precisa ser mais abrangente, o que exige mais tempo do professor. Para não se perder no meio das variáveis propostas pelos alunos, o superintendente de graduação e professor de Marketing e Propaganda da UCSal (Universidade Católica de Salvador), Helder Benevides Randam, que tem 150 alunos sob sua tutela, criou possíveis respostas padrão.

 

"Isso facilita o trabalho e permite dar um retorno individual sobre o que cada um precisa desenvolver melhor na hora de expor suas idéias. Cada aluno recebe um critério de respostas de acordo com o que precisa ser melhorado e desenvolvido na sua reflexão. As respostas avaliadas também são flexíveis e variam de aluno para aluno", explica Randam. O professor também procura manter bem dividido o seu tempo para evitar o desgaste que pode colocar tudo a perder na semana de provas. "É fundamental evitar o cansaço natural dessa época. Utilizo apenas o tempo que a universidade destina para as provas. Desta forma, além de estar em equilíbrio, consigo ter bons resultados com os alunos", afirma.

 

Com o coordenador e professor de Educação Física, da UNIPE (Centro Universitário de João Pessoa), Ivan Ricardo de Barros Pires, não é muito diferente. O professor tem duas modalidades de provas para avaliar, mas mesmo se o trabalho atrasar ele não o leva para casa. "Aplico um exame teórico e outro prático. Mesmo com tipos diferenciados de avaliação, utilizo somente o local de trabalho para fazer a correção de ambas. Aconselho não misturar trabalho e vida pessoal".

 

A professora de gestão de pessoas e Psicologia das organizações da Unisul (Universidade do Sul de Santa Catarina), Dâmaris Oliveira Batista da Silva, concorda com Pires sobre não deixar o trabalho ir para casa junto com o professor. "A vida pessoal precisa ser tratada com respeito. Para isso, as prioridades precisam ser delimitadas. É preciso dar atenção para a família e o lazer. A mistura dos dois ambientes gera desequilíbrio", opina.

 

Para fazer isso, ela acredita que o professor deve se organizar logo no início do período letivo quando recebe o plano de ensino da universidade e o calendário de atividades. "Geralmente feito no início do ano letivo, ele aponta quando as provas serão aplicadas e o prazo para entrega de notas. Isso requer esforço tanto para planejar o antes e o depois da avaliação", diz ela.

 

Mesmo que a época exija mais atenção e dedicação, a professora aconselha o cumprimento dos prazos estipulados para o bom funcionamento da instituição, do próprio trabalho e do andamento das atividades com os alunos. "Apesar da sobrecarga é fundamental ter tudo alinhado e entregue a tempo. É um esforço necessário para manter tudo em ordem e não perder o controle", afirma Damaris.

 

(Portal Universia)


Data: 10/07/2008