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Agricultores de Cuité aderem à piscicultura em tanques-rede

Projeto da UFCG é operacionalizado pelo Programa de Estudos e Ações Para o Semi-Árido (Peasa)

 

Agricultores de Cuité buscam no cultivo de tilápia em tanques-rede nova opção de melhoria de renda familiar com o Projeto Tilápia de Cuité. O projeto é uma iniciativa da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), campus Cuité, operacionalizado pelo Programa de Estudos e Ações Para o Semi-Árido (Peasa) e Fundação Parque Tecnológico da Paraíba, sob a coordenação da professora Marisa de Oliveira Apolinário. O projeto está beneficiando 14 famílias de agricultores ribeirinhas do Açude Boqueirão do Cais (Cuité), onde estão sendo instalados os tanques-rede para cultivo da tilápia.

O açude possui capacidade para cerca de 12,3 milhões de metros cúbicos e abastece as cidades de Cuité e Nova Floresta. Nessa primeira etapa do projeto foram instalados quatro tanques berçário, com o povoamento de 15 mil alevinos. Os filhotes chegaram com aproximadamente 0,5 gramas e nessas primeiras três semanas de cativeiro já alcançaram 5 gramas. Segundo o engenheiro agrônomo do projeto José Leonaldo Lina de Farias, especialista em piscicultura, daqui a cinco meses esses peixes estarão com o tamanho ideal para a comercialização.

Entre os objetivos do projeto o grupo de pesquisadores busca desenvolver de forma sustentável e integrada a produção de tilápias no semi-árido paraibano, possibilitando a geração de renda, proteína e trabalho no contexto de uma política de segurança alimentar; e viabilizar a transferência de tecnologias de agregação de valor aos produtos derivados do processamento de pescado de tilápia, como forma de tornar a produção mais diversificada e competitiva.

Segundo a coordenadora do projeto, existe uma comunidade de agricultores e de pescadores no local que vivem sub-utilizados por conta de uma pesca extrativa deficitária, e que poderia perfeitamente ser incentivada a desenvolver uma outra atividade produtiva. "Dado o tamanho potencial, se faz necessária a utilização destes recursos de maneira sustentável e viável em benefício, sobretudo, das comunidades locais, que em sua maioria se encontra em estado de pobreza ou miséria", ressaltou ela. Marisa observou que a aqüicultura mostra-se como importante instrumento para solucionar tal problemática.

Dentre as diferentes modalidades de aqüicultura, o sistema intensivo de criação de peixes em tanques-rede apresenta-se como modelo ideal para aplicação em reservatórios de médio e grande porte, já que o referido sistema não necessita de retirada de águas dos mananciais. O sistema possui inúmeras vantagens, entre as quais pode-se destacar: Possibilidade de uso racional dos recursos hídricos; Possibilidade de despescas durante o ano todo (escalonamento de produção);Intensificação da produção de peixes (altas densidades); Menor custo fixo (investimento), por kg de peixe produzido; Manejo simplificado (despesca facilitada, amostragem, manutenção, controle de predadores e doenças, etc).

De acordo com o engenheiro agrônomo, o índice de sobrevivência dos alevinos em tanques-rede é de 92.5%. A expectativa é de instalação de mais 10 tanques-rede no decorrer do projeto. Quando prontos para a comercialização os peixes serão encaminhados para o Peixe Vivo, outro projeto do Peasa, com lojas em Campina Grande. O projeto de Cuité prevê a instalação de uma unidade de processamento de pescado para industrialização de 30% do peixe in natura em filé, lingüiça e derivados, o restante sendo destinado à comercialização junto ao Projeto Peixe Vivo; pretende-se melhorar em torno de 50% a renda familiar, a partir da inovação de métodos modernos de manejo, superando os quantitativos obtidos através da pesca artesanal; potencializar a comunidade envolvida no projeto, de modo a formar novos multiplicadores de tecnologias apropriadas para o semi-árido.

(Helda Suene - Asscom/Peasa)


Data: 19/06/2008