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Ministério da Saúde desabilita serviço de Oncologia do HUAC

Os serviços continuam mantidos, com recursos próprios, por mais dois meses.

Diretora do hospital afirma não saber o real motivo da decisão do MS

 

Em entrevista coletiva, na tarde desta quinta-feira, 12, a diretora do Hospital Universitário Alcides Carneiro (HUAC) da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Alana Abrantes (foto), disse não saber o real motivo da desabilitação, por parte do Ministério da Saúde, do serviço de oncologia daquela unidade hospitalar. Falou que tomou conhecimento do fato por telefone e não tinha informações sobre o que motivou tal decisão do governo federal. “Não tivemos acesso à documentação, apenas soubemos que fomos desabilitados. Desde janeiro estamos sem receber o repasse financeiro do Sistema Único de Saúde (SUS)”, explicou.

 

Alana informou que os serviços continuam sendo prestados à comunidade - atualmente são atendidas 12 crianças e 60 pacientes adultos recebendo quimioterapia em tratamento a diversos tipos de cânceres - independentes de estarem sendo custeados, ou não, pelo SUS. Questionada por quanto tempo o HUAC suportará atender - com recursos próprios - à demanda, estimou que por mais dois meses. “Acredito que a reabilitação venha a tempo, pois toda uma documentação está sendo reunida para justificarmos ao Ministério da Saúde a necessidade deste serviço para o estado”, disse, informando que nos próximos dias viajará à Brasília.

 

A diretora mostrou uma certa indignação ao comentar sobre a necessidade, alegada pelo Ministério, de que, para ser reabilitado, o HUAC necessitaria protocolizar um pedido de cadastramento, pois o hospital da FAP já presta esse serviço. “Como se partíssemos do zero. Somos o único hospital paraibano com estrutura para atendimento infantil. UTI com suporte, enfermaria adaptada e equipe especializada em oncologia pediátrica”, explicou, falando sobre a luta da UFCG para implantar o serviço. “As crianças com câncer tinham que ser transferidas da cidade para o Rio Grande do Norte ou Pernambuco”, comentou.

 

“Não podemos deixar essas crianças sem atendimento. Continuamos prestando o serviço. Os adultos também podem nos procurar. Estamos indo à Brasília pra saber o que realmente está acontecendo.Temos o parecer favorável dos gestores estadual e municipal. Não sofremos denúncia ou intervenção” foram expressões contundentes nas respostas de Alana aos repórteres.  

 

R$ 350 mil em recursos próprios já foram aplicados

 

O setor de oncologia da Secretaria Estadual de Saúde, em novembro do ano passado, solicitou ao HUAC o envio de um histórico de atendimentos, por  ter recebido um documento do Ministério da Saúde alertando sobre a desabilitação do hospital por falta de uma série histórica. Mesmo a documentação exigida sendo apresentada, desde janeiro último nenhum repasse de recursos do SUS foi feito ao hospital. Segundo a direção do HUAC, para manutenção dos serviços, já foram aplicados R$ 350 mil em recursos próprios.

 

Alana Abrantes confirmou que, até o momento, nenhum documento oficial foi entregue à direção do HUAC comunicando o fato. “Desde então, às secretarias de Saúde, municipal e estadual, têm sido procuradas para auxiliarem na retomada do credenciamento”. O repasse para o HUAC é em torno de R$ 125 mil mensais e os serviços só são pagos ao final dos tratamentos, que chegam a custar de 18 a 20 mil reais cada. “Qual o pai, melhor, qual a família assistida pelo SUS pode pagar um tratamento desse?”

 

(Marinilson Braga - Ascom/UFCG)

 

 

A entrevista foi realizada no auditório do HUAC

e moderada pelo jornalista Carlos Leão, da Ascom/UFCG

 

 

(foto: Carlos Leão)


Data: 12/06/2008