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Fundação busca projetos de biotecnologia

Cada projeto selecionado poderá receber até R$ 5 milhões, mas investimentos serão discutidos caso a caso

Até o fim do ano, a Fundação Biominas, uma entidade privada sem fins lucrativos, planeja selecionar 20 projetos com apelo suficiente para dar origem a novas empresas de biotecnologia. O nome da iniciativa - Projeto Search - é auto-explicativo: encontrar nas universidades pesquisadores talentosos, mas sem acesso a financiamento, e apresentá-los a investidores que estão à procura de boas idéias, mas não sabem por onde começar.

"Se conseguirmos que essas 20 empresas sejam criadas, vamos aumentar em 30% o número de companhias brasileiras de biotecnologia", diz Eduardo Emrich Soares, diretor-presidente da Fundação Biominas. A projeção baseia-se em um estudo apresentado pela organização em outubro, segundo o qual o país tem hoje 71 empresas do setor.

A previsão é de que cada projeto selecionado possa receber de R$ 1 milhão a R$ 5 milhões, o que somaria um investimento de até R$ 100 milhões. Não há, porém, um orçamento acertado previamente com os investidores, informa Soares. A idéia é que os valores sejam negociados caso a caso.

Um dos pontos do projeto, diz Soares, é o foco no chamado capital-semente, a fase inicial de investimento em novas empresas. É consenso no mercado que há dinheiro disponível para companhias de tecnologia em fases mais maduras de evolução. Elas são o foco das companhias especializadas em adquirir participações em outras empresas.

Falta, entanto, quem invista na fase mais básica do negócio, o que compromete toda a engrenagem. Sem o investimento inicial, os projetos não são capazes de chegar às etapas posteriores. Quando sobrevivem, são recusadas por falta de maturidade. Não recebem o dinheiro graúdo porque antes não tiveram o miúdo.

"Ainda existem poucos fundos de capital-semente, mas há tentativas de preencher essa lacuna", diz Soares. Um exemplo é um fundo de R$ 10 milhões que está tem participação da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), entre outros órgãos de fomento, além de investidores privados.

No horizonte da Fundação Biominas há de 25 a 50 investidores que teriam interesse em companhias iniciantes, diz Soares. Boa parte desse grupo é formada por investidores financeiros, como as empresas de participação e os chamados investidores-anjo, em geral executivos interessados em aplicar receita própria na formação de novas empresas.

É cada vez maior, porém, o interesse de outro tipo de investidor, diz Soares: grandes companhias que buscam protótipos de produtos de biotecnologia capazes de renovar suas próprias linhas de negócio. A Fundação Biominas está negociando com três companhias que a procuraram para criar programas de prospecção exclusivos, conta o executivo. "Há uma grande demanda de tecnologia nas áreas farmacêutica, de meio ambiente e de etanol."

As inscrições no Programa Search já estão abertas na internet (http://www.biominas.org.br/search) e a previsão é de selecionar parte dos projetos ainda neste semestre. A vantagem imediata é que os escolhidos vão receber subsídios para a concretização de um estudo de viabilidade, tanto tecnológica como comercial. O valor de um estudo desse tipo varia dependendo da dimensão do trabalho, mas em média sai por R$ 25 mil, diz Soares. O Sebrae, organismo de apoio às pequenas e médias empresas, vai financiar cerca de 90% desse custo.

O plano é de apresentar os estudos dos primeiros projetos selecionados na Biolatina, um evento internacional que será organizado pela Fundação Biolatina, dos dias 29 de setembro a 1º de outubro, em São Paulo.

(Valor Econômico 24/3)


Data: 24/03/2008