topo_cabecalho
Curso a distância vai capacitar profissionais para Saúde da Família

O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, participou ontem (28) da aula inaugural da primeira turma do Curso de Especialização em Atenção Básica de Saúde da Família, na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O curso faz parte da Universidade Aberta do Brasil (UAB) e tem como objetivo capacitar 400 novos especialistas por semestre.

 

Durante a cerimônia, que também foi transmitida via internet, o ministro Temporão afirmou que o curso é uma parceria estratégica com o Ministério da Educação e a universidade, “um apoio fundamental na qualificação da atenção primária e da própria qualificação do Sistema Único de Saúde (SUS)”.

 

De acordo com o ministro, a atenção primária é aquela voltada para entender a situação de saúde de uma população, organizar estratégias para enfrentar os problemas e melhorar a qualidade de vida. Temporão ressaltou a cultura que se tem no Brasil – e dentro do próprio ministério – de se dividir o atendimento em saúde em baixa, média e alta complexidade, deixando para esta última classificação os procedimento mais avançados tecnologicamente.

 

Ele afirmou que o desafio é mudar esse conceito, classificando como atendimento de alta complexidade o atendimento primário, “onde o exercício cotidiano da clínica é um desafio em todos os contextos”. “Vocês estão se envolvendo no que tem de mais importante, qualificado e estratégico no sistema de saúde”, disse, se dirigindo aos alunos que assistiam a aula inaugural também por videoconferência.

 

Segundo o coordenador do curso e professor da Faculdade de Medicina da UFMG, Edison Corrêa, atualmente há cerca de 75 mil profissionais de saúde, entre médicos, dentistas e enfermeiros, ligados ao Programa Saúde da Família (PSF). Desses, 15% a 20% têm algum tipo de especialização.

 

“Esse universo de 80% é uma demanda que o país tem para formação, é um número bastante expressivo, são 56 a 60 mil profissionais; e, com a expansão que está ocorrendo no Programa Saúde da Família, em breve nós vamos ter cerca de 80 mil profissionais para serem capacitados”, afirmou Corrêa, em entrevista à Agência Brasil.

 

Apesar de cursos semelhantes já serem realizados em outros lugares do país, a experiência em Minas Gerais é pioneira por utilizar educação a distância e por trabalhar com um número grande de alunos.

 

“Acredito que a partir daí nós vamos ter uma capacidade de fazer chegar a informação, de especializar, de formar, porque o grande dilema que nós temos hoje é que as equipes de saúde da família, na verdade, são feitas a partir de equipes e de profissionais que são formados para outro tipo de atendimento”, diz o presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), Osmar Terra, secretário de Saúde do Rio Grande do Sul.

 

Terra afirma que o médico brasileiro, tanto por conta do mercado quanto em decorrência da formação recebida nas universidades, não está preparado para lidar com a prevenção, com o tratamento inicial, mas para trabalhar a doença em si.

 

“O que está se fazendo agora é que, como está aumentando a demanda e se está criando realmente um novo mercado, com salários melhores, inclusive para as equipes de saúde da família, isso está obrigando o governo, o sistema público de saúde, a dar uma resposta mais rápida, e a resposta mais rápida é essa modalidade de formação”, disse.

 

(Agência Brasil)


Data: 29/02/2008