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Cientistas não vêem esperança em vacina contra HIV

Cientistas não estão mais perto de desenvolver uma vacina efetiva contra o vírus HIV do que estavam há mais de 20 anos, quando começaram as pesquisas, disse o biólogo americano David Baltimore, que recebeu o prêmio Nobel de medicina em 1975.

 

Baltimore, que também é presidente da Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAS, na sigla e inglês), admitiu que alguns especialistas já falam na possibilidade de que uma vacina nunca será encontrada, mas também afirmou que a batalha é importante demais para ser abandonada.

 

Em seu discurso de abertura na reunião anual da AAAS em Boston, o biólogo disse que os diferentes caminhos para se encontrar uma vacina falharam até agora. “Mas a comunidade (científica) está deprimida porque não vemos nenhum caminho de sucesso esperançoso.” Baltimore acrescentou que apesar disso “essa depressão não está paralisando o desenvolvimento” das pesquisas.

 

“Este é um grande desafio porque, para controlar o HIV imunologicamente, a comunidade científica tem que vencer a natureza, fazer algo que a natureza, com sua vantagem de quatro bilhões de anos de evolução, não conseguiu”, disse ele. “Nossa falta de sucesso pode ser compreensível, mas não aceitável.”

 

‘Uma chance’

 

Para Baltimore, “o HIV encontrou maneiras de ‘enganar’ totalmente o sistema imunológico (…) então, temos que ser melhores do que a natureza”.

 

Tentativas de controlar o vírus usando anticorpos ou fortalecendo o sistema imunológico terminaram em fracasso.

 

Cientistas agora tentam uma solução a partir de novas técnicas, como terapia genética e com células-tronco, apesar de ainda estarem engatinhando nessas áreas.

 

“Nos seres humanos, você realmente só tem uma chance, que é tentar mudar os genes em células-tronco”, disse Baltimore, que também é um dos maiores especialistas mundiais no HIV.

 

“Então estamos tentando fazer isso, criar vetores que possam transportar genes que trariam vantagens terapêuticas.”

 

Baltimore recebeu o Nobel de medicina em 1975 pela co-descoberta da transcriptase reversa, uma enzima que, mais tarde se descobriu, é usada pelo HIV para se replicar em células humanas.

 

Ele agora lidera o laboratório Baltimore, no Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), com apoio da Fundação Gates, onde procura meios de fortalecer o sistema imunológico contra agentes infecciosos, particularmente o HIV.

 

(BBC Brasil)


Data: 19/02/2008