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Discurso - Professor Wellington Mota

Saudação ao Prof. Lynaldo Cavalcanti de Albuquerque

Em 12.12.2007

 

“Boa noite a todos.

 

Magnífico Reitor da UFCG, Prof. Thompson Fernandes Mariz;

 

Excelentíssimo Sr. Secretário de Estado da Interiorização da Ação do Governo, Romero Rodrigues, neste ato representando o Governador Cássio Cunha Lima.

 

Excelentíssimo Sr. Arlindo Almeida, neste ato representando o Prefeito do Município de Campina Grande, Dr. Veneziano Vital do Rego;

 

Ilustríssimo Sr. Diretor do Centro de Ciências e Tecnologia Agro-alimentar, Prof. Martinho Queiroga Salgado, aqui representando os demais Diretores dos Centros da Universidade Federal de Campina Grande;

 

Ilustríssimo Sr. Pró-Reitor de Gestão Administrativo-Financeira, Professor Alexandre José de Almeida Gama, representante dos demais pró-reitores;

 

Senhores professores, alunos e funcionários da UFCG, familiares e amigos do homenageado, Professor Lynaldo Cavalcanti de Albuquerque e demais autoridades presentes ou representadas.

 

Como autor da propositura de outorga do Título de Doutor Honoris Causa ao Professor Lynaldo Cavalcante de Albuquerque, em nome do Centro de Engenharia Elétrica e Informática da UFCG, sinto-me extremamente alegre e envaidecido em fazer tão honrosa saudação.

 

Sabemos, porém, que falar sobre um amigo torna-se difícil por dois motivos. Primeiro porque, pelo afeto, corre-se o risco de nos restringirmos a palavras de conteúdo meramente laudatório, e, segundo, porque justamente por conta desse sentimento, arriscamos até omitir dados importantes de valor pessoal e intelectual. Contudo, tentaremos descartar esses vieses e descrever, livremente, o amigo, o mestre rigoroso e intelectual de renome: Lynaldo Cavalcanti de Albuquerque.

 

Mas o que motivou este discurso sobre esta figura notável tão conhecida de todos os que aqui estão, mas também de todo o cenário nacional? Não foi apenas o afeto já proclamado, nem tão somente o valoroso trabalho realizado por Lynaldo, mas, sem sombra de dúvida, a junção de afeto, respeito, admiração e reconhecimento do grande homem que, inegavelmente, é esse digníssimo Mestre, no sentido mais rico da palavra.

 

Seu entusiasmo crescente em torno da elaboração e disseminação do conhecimento e da tecnologia levou-o a abrir caminhos que, como é visível a todos nós, continuam a se expandir. Nesses caminhos, ele seguiu espalhando sementes de tão boa qualidade, como corpus de seus estudos e de seus empreendimentos, que, mesmo em terras do semi-árido, nasceram e cresceram árvores que floresceram e frutificaram.

 

Analisando o seu percurso e as suas realizações, percebemos como que uma globalidade em que se descobrem linhas de ação e consistências de caráter que resultam numa exemplar coerência moral e intelectual.

 

Conceder mais um título a quem já possui tantos, poderia até de somenos importância para um homem com a qualificação do Professor Doutor Lynaldo.

 

Entretanto, a UFCG estaria cometendo uma incomensurável ingratidão, se a lista dos homenageados com um título deste nível não fosse principiada por seu, digamos assim, Patriarca, Prof. Lynaldo Cavalcanti de Albuquerque.

 

Nascido em Campina Grande, com formação em Engenharia Civil pela Universidade Federal de Pernambuco, o Dr. Lynaldo ,como sempre foi chamado, retornou à sua terra natal, onde iniciou sua brilhante carreira como engenheiro calculista e professor da Escola Politécnica da Universidade Federal da Paraíba (saudosa POLI).

 

Sua primeira contribuição para a edificação deste atual CAMPUS deu-se quando, como membro da FUNDACT, Fundação para o Desenvolvimento da Ciência e da Técnica, idealizou a destinação da Granja do Batalhão do Exército para a construção da sede da Poli, o que culminou com a posterior transferência do curso de engenharia civil para a nova sede em Bodocongó. Na Poli, Dr. Lynaldo ocupou os mais diversos cargos, desde chefe de departamento a diretor. 

 

E foi ainda nessa Escola, que ele deu início à sua profícua caminhada de empreendedor acadêmico, de diretor da POLI a Reitor da Universidade Federal da Paraíba.

 

Em todos os cargos ocupados, Dr. Lynaldo sempre foi o pioneiro, o desbravador ou aquele que tinha idéias avançadas para a sua época e que se tornaram realidade. Via, na organização e na vocação regional, uma forma de vencer as desigualdades regionais: o amor pela Paraíba.

 

E é esse amor que permeia todas as suas ações, cujo alvo é elevar o nome de sua terra e torná-la referência no mundo do conhecimento.

 

Graças à sua mentalidade expansionista, ainda hoje a Paraíba lidera a área de tecnologia nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, conforme dados estatísticos da CAPES. Foi ele o responsável pela criação de novos cursos de graduação, iniciando por Engenharia Elétrica e Engenharia Mecânica, e, posteriormente, o de Ciência da Computação e tantos outros na área de tecnologia. No seu Reitorado, foi credenciado o primeiro Curso de Doutorado da UFPB – o de Engenharia Elétrica, seguido do Doutorado em Engenharia Civil, ainda na estrutura da Escola Politécnica. Mas não foi só isto: outros cursos de pós-graduação receberam o necessário credenciamento.

 

Pensando nas atividades de extensão a serem realizadas pela Escola Politécnica, Dr. Lynaldo criou, no âmbito da Universidade, o Instituto Tecnológico da Paraíba. Como conseqüência, foi pioneiro na criação de fundações, destacando a nossa querida ATECEL, que tanto vem colaborando, anos a fio, com as atividades fins da UFCG. Essas entidades de apoio foram o berço e o modelo de tantas outras que posteriormente foram criadas no país.

 

Com sua visão futurista, acreditava que o progresso e a consolidação da nossa estrutura universitária somente seria uma realidade com uma arrojada política de interação. Assim concebendo, foi buscar – e conseguiu – os mais expressivos acordos internacionais, para a vinda de professores visitantes, treinamento do quadro docente e contratação de especialistas.

 

A mente do nosso Professor estava não apenas recheada de idéias, mas impregnada da certeza de que a presença humana tem a responsabilidade de contribuir para fazer com que a Natureza trabalhe em favor do homem.

 

Seu sonho foi concretizado pelo estabelecimento de intercâmbios com universidades do primeiro mundo. Foram intercâmbios de verdade, no sentido mais expressivo da palavra, entre professores e alunos de ambos os lados, além da vinda de equipamentos para laboratórios. Isso ocorreu em níveis de graduação e pós-graduação. O importante é que tudo isso deu certo, e resultou num crescimento vertiginoso na área de tecnologia, que nos igualou aos mais conceituados centros de ensino e pesquisa do Sul e Sudeste do país.

 

O primeiro convênio foi o Projeto R.I.T.A. com o governo americano através da Universidade da Califórnia. Outros se sucederam: convênios com o Conselho Britânico, por exemplo, e somaram-se aos acordos de cooperação, com agências, como a japonesa – J.I.C.A., a alemã, a holandesa, a francesa, sem esquecer o acordo de cooperação com a agência canadense C.I.D.A: nesta última, houve forte ênfase na qualificação de professores em programa de doutorado.

 

Em nível nacional, realizou importantes convênios com várias instituições de ensino, tendo se destacado a celebração de convênio com o Instituto Tecnológico da Aeronáutica – ITA, que teve grande importância no desenvolvimento da POLI e das estruturas dela decorrentes. Ressaltamos, aqui, a criação do curso de Engenharia Elétrica e o início da era da informática em Campina Grande, na Paraíba e no Nordeste.

 

Sabedor da existência do primeiro computador das instituições brasileiras de ensino, no ITA, Dr. Lynaldo deu início a uma batalha para que o segundo computador do Brasil e primeiro das regiões Norte e Nordeste fosse instalado em Campina Grande.

 

Este assunto merece especial atenção: a aquisição do computador foi fruto de forte embate entre o Dr. Lynaldo e a Reitoria da UFPB, que talvez por ciúme, há tempo não vinha atendendo às numerosas demandas do Prof. Lynaldo. Apesar de tudo, ele não recuou: a criação da ATECEL foi um instrumento apropriado para superar as dificuldades, e, dessa forma, viabilizar os recursos e os trâmites legais para a aquisição do computador.

 

Não sendo os recursos suficientes, numa iniciativa audaciosa, solicitou ajuda financeira aos ex-alunos diplomados e aos pais dos alunos atuais. Foi quando surgiu a história da rifa de um boi, que ficou nacionalmente conhecida. Ainda recentemente, por exemplo, quando recebemos um representante do MEC, fomos procurados para relatar o fato, que se deu como relatamos agora.

 

Um garrote holandês de raça foi doado por um pai de alunos da época para ser rifado. Com todos os obstáculos e graças à perseverança do Dr. Lynaldo, a POLI pode dizer que tinha o segundo computador digital instalado em instituições de ensino do país e o primeiro das regiões Norte e Nordeste.

 

Preocupado em formar bons profissionais, o Prof. Lynaldo criou um curso pré-vestibular para melhor preparar os candidatos ao ingresso nos cursos da POLI.

 

Outra preocupação do Prof. Lynaldo foi com o estudo de problemas regionais. Sempre procurou comprometer alunos e professores com temas de interesse da região; por exemplo: barragens, irrigação, fontes de energia, dentre outros.

 

Um outro fato importante da gestão de Lynaldo Cavalcanti: a interiorização da UFPB, através da federalização de instituições de ensino do interior da Paraíba, “fazendo-a participar in loco dos problemas de cada micro região paraibana”. A iniciativa levou à provisão de fortes investimentos em infra-estrutura com ampliação da área física da Universidade e construção de novos prédios, estruturação de grande número de núcleos de estudos e pesquisas, além da ampliação e atualização de equipamentos de laboratórios.

 

Quero lembrar também, aqui, o apoio dado pelo então Reitor Lynaldo, a alunos e servidores desta Universidade, ao criar e preparar adequadamente a Creche, hoje Unidade de Educação Infantil, que vem ao longo dos anos, prestando inestimáveis serviços aos que ali colocam seus filhos, na certeza de que estarão sendo bem assistidos.

 

Mas, sabemos disto, a atuação de Dr. Lynaldo não ficou restrita ao âmbito campinense, ou mesmo paraibano. De Brasília, onde ocupou posições estratégicas, empreendeu ações da maior importância para as áreas da Ciência e da Tecnologia no Brasil. Teve a coragem de romper com padrões regionais e avançar com a C&T pelo Brasil afora. Neste sentido, promoveu a disseminação de Núcleos de Inovações Tecnológicas e a implantação de Parques Tecnológicos. Da mesma forma, promoveu decididamente a afirmação das Ciências Sociais e Humanas no contexto da Ciência e Tecnologia.

 

Ao voltarmos nosso olhar para tantos benefícios que este homem concedeu ao Brasil, a Paraíba, a Campina Grande e, em particular, à UFCG, não devemos esquecer que, em muitas ocasiões, ele, como qualquer ser humano, atravessou problemas de ordem pessoal ou familiares. Entretanto, homem admirável que é, nunca deixou transparecer, ou permitiu que isso viesse a interferir no seu propósito de criador e inovador. Ao contrário, sempre, em todas as situações, as mais adversas, envidou esforços para o engrandecimento e fortalecimento do ensino superior na Paraíba.

 

Juntamente com nosso homenageado, muitos dos que aqui estão presentes – familiares, colegas e amigos – teceram a história de nossa UFCG, que continua, fio por fio, fortalecendo-se.

 

Pelas incalculáveis contribuições, dedicação, persistência e idéias ousadas do Prof. Lynaldo Cavalcanti é que a UFCG de hoje é referência no cenário educacional brasileiro. Ao lhe outorgar o primeiro título de Doutor Honoris Causa desta Instituição, constitui nosso intento o de expressar publicamente nossa gratidão a este homem que se faz grande em sua história, escrita cotidianamente.

 

Perante a extensão e a notabilidade do trabalho de uma vida inteira; diante do olhar generoso e investigador de novas realidades; enfim, diante do amor de Lynaldo por sua terra, reconhecemos que o título que hoje lhe conferimos só ganha importância porque nele vai contido o nosso profundo respeito e o nosso sincero carinho pelo Professor, pelo Amigo, pelo Homem íntegro, de quem esta Universidade se orgulha.

 

Muito obrigado!”

 

Wellington Santos Mota.


Data: 12/12/2007