Artigo - Os agraristas e a revolução de Caio Prado Jr: duas leituras indispensáveis (Parte I) Os agraristas e a revolução de Caio Prado Jr: duas leituras indispensáveis (Parte I) Wagner Braga Batista Duas recentes publicações retomam temáticas de suma importância para o debate político no Brasil e na América Latina: a questão agrária e os caminhos da transição democrática no Brasil. Os dois livros, “Agraristas políticos brasileiros”, co-editado pela Fundação Astrojildo Pereira, pelo Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural- NEAD/MDS e pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura- IICA e “Caio Prado Jr : Dissertações sobre a revolução brasileira”, Fundação Astrojildo Pereira e Editora Brasiliense, são do mesmo autor. Trata-se de Raimundo Santos, estimado colega que lecionou no Departamento de Sociologia e Antropologia, bem como no Programa de Pós-graduação de Sociologia Rural, do Centro de Humanidades. Á época, contribuiu largamente com a crônica campinense, escrevendo regularmente em jornais locais, e com a imprensa sindical, produzindo acuradas análises sobre o movimento docente e o processo de democratização da universidade brasileira. Suas considerações sobre os efeitos da instrumentalização e da divisão do movimento sindical ainda merecem nossa atenção. Seus prognósticos anteciparam evidencias recentes de desgastes e perda de credibilidade de entidades de classe. Sem se despojar da percepção dos movimentos históricos de longa duração e de uma visão abrangente da realidade social, conseguiu detectar particularidades da cultura política campinense, retratando-a em sucintos estudos que ainda são de grande atualidade analítica. Sob esse viés, identificou no microcosmos do Calçadão da Cardoso Vieira peculiaridades da sociedade civil campinense. A trajetória de sua chegada à Paraíba não foi amena. Após 8 anos de exílio, durante os quais doutorou-se A UFPB enfrentava uma situação atípica. Convém lembrar que o reitorado, para superar dissensões internas entre grupos conservadores, adotara postura liberal, então incomum. Para suplantar o ranço oligárquico, o autoritarismo e a pressão de forças conservadoras, o Reitor abriu as portas da UFPB, permitindo que banidos, exilados e ex-presos políticos fossem contratados pela instituição sem apresentar atestados ideológicos ou de bons antecedentes, documentos exigidos em várias instituições públicas. Nessa leva, vieram prestimosos companheiros que muito contribuíram para sedimentar um novo perfil para a UFPB. Não seria temerário afirmar que sua presença Hoje Raimundo nos brinda com mais dois livros. Recuperam a reflexão e a intervenção política no meio rural exercitada pelo Partido Comunista Brasileiro- PCB no período que precede e se segue ao golpe militar de 1964. Com a autoridade de quem vivenciou diretamente esse processo, oferece-nos sínteses e apreciações laboriosas, indispensáveis na atual conjuntura na qual florescem movimentos sociais com diferentes orientações programáticas. Data: 07/12/2007 |