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Discurso: Ciência para a Paz

Resumo do pronunciamento do Prof.Lauro Morhy (*), Membro-Representante da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), na Audiência Pública promovida pela Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática do Senado Federal, comemorando o Dia Mundial da Ciência para a Paz e pelo Desenvolvimento. Em 7 de novembro de 2007.

 

 

1) Na pessoa do Excelentíssimo Senhor Senador Wellington Salgado cumprimento os componentes desta mesa, e saúdo em nome da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) a todos os Excelentíssimos Senadores, aos Parlamentares em geral, às autoridades presentes ou representadas, à sociedade brasileira, a todos que trabalhem e promovem a PAZ, a todos os pesquisadores científicos, educadores,  inventores científicos do Brasil e do Mundo.

 

Presto homenagem especial, e com muita esperança,  estudantes aqui presentes, que foram distinguidos com o prêmio Ciência pela Paz.

 

2) Na alvorada do século XXI, a “Conferência Mundial sobre Ciência no Século 21: Um Novo compromisso”, promovida pela ONU-UNESCO, aprovou a Declaração sobre Ciência e o Uso do Conhecimento Científico. Estabeleceu-se que o dia 10 de novembro de cada ano seria o Dia Mundial da Ciência pela Paz e pelo Desenvolvimento. Por isso estamos aqui reunidos, convidando a todos para refletir sobre o que fazem e o que podem fazer a Ciência, a Tecnologia e a Inovação, pela PAZ. Para refletir um pouco sobre o que fazemos e o que podemos fazer, cada um de nós, pela PAZ; o que fazem os cientistas, os tecnólogos, os inventores, os inovadores, os homens públicos, os que encomendam pesquisas e produtos, e também os que utilizam e propagam esses produtos.

 

3) Acho que é oportuno reafirmar nesta oportunidade, que os cientistas brasileiros reconhecem o seu dever de fazer uso do conhecimento científico de maneira responsável, e de desenvolver novos conhecimentos para o bem e para a paz.

 

4) É também oportuno lembrar que os avanços científicos em todo mundo trouxeram grandes benefícios para a humanidade. A expectativa de vida aumentou. Tornou-se possível o controle, a prevenção e a cura de muitas doenças. A produção de alimentos cresceu, permitindo diminuir e saciar a fome de muita gente, especialmente em regiões extremamente pobres.

 

O desenvolvimento científico e tecnológico tem permitido o uso de novas fontes de energia e livrado as pessoas de trabalhos pesados e difíceis.

 

Muitos outros benefícios foram alcançados nos transportes, nas edificações, na educação, no lazer, na preservação ambiental e em outros setores da vida.

 

Os cientistas e tecnólogos brasileiros contribuíram direta ou indiretamente para muitos desses progressos referidos, e para muitos outros pequenos e úteis inventos.

 

5) Mas, neste dia especial, é importante que todos renovem a sua vontade de fazer Ciência para a Paz, pois sabemos que o conhecimento científico também tem o seu lado sombrio e terrivelmente destruidor. É importante que se firme a mentalidade do bem e da paz. É importante a nossa contribuição no debate sobre bioética, na busca da paz.  

 

6) Cientistas em seu trabalho árduo, alimentados pela energia insubstituível do idealismo, desvendaram e desvendam no dia-a-dia os segredos, os mistérios, as maravilhas que a natureza guarda. Fazem grandes e pequenas descobertas e assim contribuem para a construção do saber humano.

 

É assim que se constrói a paz. Às vezes com grandes e marcantes acontecimentos e formalidades. Mas, muitas vezes com pequenas ações, com pequenos gestos. Gestos simples e sinceros, com raízes na alma. Afinal, a simplicidade e a paz, encontram-se no mais elevado degrau da sabedoria.

 

7) No Brasil, temos também contribuído para a paz através da educação para a ciência, de museus e exposições científicas, de divulgação científica através de meios de comunicação, de livros e revistas, de seminários e congressos, e de programas como os de Iniciação Científica, Cientista de Amanhã, Jovem Cientista, premiações como Ciência pela Paz e tantos outros.

 

A SBPC anualmente realiza a sua Reunião Anual, cada vez  em uma cidade, oportunidade em que divulga amplamente a ciência, dando especial atenção aos jovens, aos Cientistas de Amanhã. Ali eles vivem ciência e são estimulados a fazer a ciência do bem e da paz.

 

8) Estamos vivendo um momento histórico, em que cientistas políticos e sociais, e humanistas em geral, têm muito mais o que fazer pela paz, e já se empenham nesse sentido. Eles sabem que, além das análises históricas dos acontecimentos, além das suas previsões, está a necessidade do fortalecimento da democracia no dia-a-dia. É quando se vê que praticar e ensinar a respeitar as diferenças, a ser tolerante, são degraus indispensáveis para se alcançar o entendimento e a paz.

 

Para mim foi uma grande honra participar deste momento de reflexão pela paz, representando a SBPC. Agradeço a oportunidade que me foi concedida.

 

Terminando esta minha breve, mas muito sincera participação, permitam-me ainda lembrar que o equipamento material  mais poderoso para a paz já foi inventado pelo homem há séculos. E é muito simples, e barato. Está ao alcance de todos. Todos o temos em nossas casas e locais de trabalho e diversão.  É a MESA.

 

A MESA DE CONVERSAÇÃO, ainda sub-utilizada !

 

A MESA é simples, mas tão poderosa quanto qualquer instrumento de comunicação de som e imagem instantâneas. E agora pode ser virtual !

 

Mas nenhum desses instrumentos ou meios prescindem de

 

MENTES HUMANAS DE PAZ,

MENTES CIENTÍFICAS E NÃO-CIENTÍFICAS.

LÍDERES VERDADEIRAMENTE COMPROMETIDOS COM A PAZ

 

PRECISAMOS PRATICAR A PAZ E TRABALHAR TODOS OS DIAS PELA  PAZ !

 

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Observação: Em sua participação final, o Prof. Lauro Morhy

 

1) Propôs esforços para se diminuir a distância entre o que se diz e o que se faz.

 

2) Que se cuide mais com a educação para a democracia: respeito à diversidade e capacidade de tolerância.

 

3) Pediu o apoio de todos, especialmente das autoridades, para a construção do Museu da Ciência projetado pela Universidade de Brasília, causa abraçada pela SBPC e  pela comunidade científica em geral.

 

4) Desejou pronto restabelecimento ao Senador Flávio Arn, que, por razões de saúde, não pôde presidir a Audiência Pública alusiva ao Dia Mundial da Ciência para a Paz.

 

 

(*) Prof. Dr. Lauro Morhy- Doutor em Biologia Molecular/ Química de Proteínas. Professor Emérito da Universidade de Brasília (UnB). Foi Reitor e Decano de Pesquisa e Pós-Graduação da UnB e Vice-Presidente do CNPq. Pesquisador científico. É Membro e Representante da SBPC.


Data: 12/12/2007