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Europeus e asiáticos acirram disputa com faculdades dos EUA

Brasil é um dos alvos dos estrangeiros na América Latina na busca de novos talentos; bolsa tenta segurar melhores. França e Canadá mantêm agências de informação no país para tentar atrair estudantes e fechar parcerias com universidades

As universidades americanas sempre lideraram com folga a atração de estrangeiros confiando quase que exclusivamente na tradição. Isso, no entanto, está mudando por causa do esforço de países europeus e asiáticos, que também tentam aumentar o número de estrangeiros em seus campi.

Por isso, as instituições de ensino superior dos EUA começam a lançar mão de estratégias que vão desde a elaboração de sites em várias línguas até viagens a outras regiões para conversar diretamente com o seu público-alvo. Em 2006, o governo americano lançou a primeira campanha sobre o seu sistema educacional na televisão chinesa.

"O MIT [Massachusetts Institute of Technology] deseja ter realmente um impacto positivo no mundo e, para isso, precisa dos melhores estudantes de todas as nações. Os estrangeiros já são 40% dos nossos alunos de graduação, admitidos da mesma forma que os cidadãos americanos", diz Stuart Schmill, diretor de admissão do MIT.

Para quem não pode pagar, o instituto fornece bolsas com recursos da instituição, da doação de empresas, de ex-alunos ou de benfeitores.

A Universidade Princeton também adota uma estratégia pró-ativa. "Organizamos viagens para [procurar talentos em] outros países. No ano passado, participamos de um tour do Conselho de Escolhas Internacionais pela América Latina, visitando as principais universidades de oito nações.

No Brasil, estivemos em feiras educacionais de São Paulo, do Rio e de Salvador conversando com os alunos a respeito da universidade e do estudo nos EUA", comenta Janet Rapelye, pró-reitora de admissão.

Os americanos não são os únicos a mirarem no Brasil. A França, por exemplo, mantém desde 1997 uma agência de informações sobre estudos superiores, o CampusFrance. Com freqüência, são organizados encontros para atrair alunos e universidades dispostas a fazer parcerias com instituições francesas.

O Canadá é outro a manter estrutura semelhante. O Centro de Educação Canadense aposta em feiras de educação como forma de recrutar brasileiros. Um dos argumentos usados para convencer é o fato de estudantes internacionais de nível superior terem permissão para trabalhar até 20 horas por semana por até dois anos após o término do curso.

Numa tentativa de segurar seus melhores quadros, os países que são alvo desse interesse também tentam criar condições para repatriar seus quadros de alta qualificação.

Coréia do Sul e Taiwan, por exemplo, criaram programas para recrutar e oferecer a seus melhores quadros salários competitivos, melhores condições de trabalho e ajuda com habitação e educação dos filhos.

No Brasil, uma das estratégias do governo para segurar os melhores quadros foi a criação, neste ano, do Programa Nacional de Pós-Doutorado, que oferece bolsas de R$ 3.300 e recursos de R$ 12.000 anuais para doutores formados nos últimos cinco anos que participem de projetos de pesquisas apresentados ao governo por instituições de ensino superior, centros de pesquisas ou empresas. (Antônio Gois e Denyse Godoy)


(Folha de SP, 2/12)


Data: 03/12/2007