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Secretário do Ministério de Educação e Pesquisa da Alemanha está otimista quanto à cooperação com o Brasil

Frieder Meyer-Krahmer elogiou a iniciativa do governo brasileiro de lançar um plano de investimentos em C&T

Considerado o país mais importante da América Latina para a Alemanha nas áreas de pesquisa de educação para a formação de uma cooperação internacional, o Brasil recebeu nesta semana a visita do secretário de Estado do Ministério de Educação e Pesquisa da Alemanha, Frieder Meyer-Krahmer, que, em passagens por São Paulo, Blumenau (SC), Brasília (DF) e Manaus (AM), participou de discussões com autoridades da área de pesquisa no Brasil e apresentou a estratégia de investimento em alta tecnologia do Governo alemão.

Na quarta-feira (21), Meyer-Kramer reuniu-se com o Vahan Agopyan, diretor do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT); Carlos Eduardo Pereira, diretor técnico do Ceta Senai/RS; Thomas Timm, vice-presidente executivo da AHK-SP; e Werner Schwarz, diretor do Conselho da AHK-SP, além de executivos e representantes de instituições e universidades, em fórum de discussão sobre a cooperação entre os dois países nos setores de educação e pesquisa, promovido pela Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha (AHK-SP).

Meyer-Kramer expôs aos participantes do fórum a estratégia alemã de investimento em alta tecnologia, que totaliza 15 bilhões de euros entre 2006 e 2009.

“Nosso objetivo é unir todos os ministérios e secretarias da Alemanha para a formação de uma política coerente em pesquisa e desenvolvimento”, ressaltou o secretário, lembrando que a Alemanha está procurando se internacionalizar e que o Brasil possui um importante papel neste contexto.

Segundo ele, a cooperação entre os dois países já é intensa no intercâmbio de estudantes e pesquisadores, com destaque para a atuação do Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico (DAAD).

A Alemanha e o Brasil também têm uma forte cooperação no âmbito da troca da informação, especialmente nos temas ligados ao meio ambiente e à aeronáutica, e no âmbito institucional, entre universidades dos dois países. A partir de agora, os planos são estender as parcerias nos setores de agronegócios, energia, produção, logística e tecnologia da informação.

Para os próximos cinco anos, Meyer-Krahmer considera fundamental aumentar a presença de estudantes e pesquisadores alemães no Brasil. “Há inúmeras universidades brasileiras que têm muito a oferecer na área de técnicas de automatização, produção de máquinas, biociências e tecnologias de meio ambiente. Estes são todos pontos importantes para nós”, ressaltou.

Desenvolver a pesquisa acadêmica junto ao meio empresarial foi um dos pontos ressaltados por Carlos Eduardo Pereira, do Centro de Excelência em Tecnologias Avançadas (Ceta) do Senai-RS, no fórum de discussão.

Para ele, as empresas e as indústrias precisam ter uma preocupação grande com pesquisa, inovação e educação profissional. “É este o foco do trabalho do Ceta/Senai-RS, possibilitar uma ligação entre o meio acadêmico e a indústria”, disse Pereira, salientando que o Ceta usa o modelo do Instituto Fraunhofer, entidade alemã de fomento à pesquisa.

“Há três anos, o Ceta-Senai/RS não necessita de financiamentos do Instituto Fraunhofer; hoje ele consegue se manter sem a verba alemã, mas o objetivo é ampliar a atuação do Centro para outros Estados brasileiros, estabelecendo uma rede de cooperação com desenvolvimento sustentável, aproveitando recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) até 2010”, completa.

Em 2007, a soma de investimentos direcionados a projetos do Ceta-Senai/RS foi de R$ 2,5 milhões, sendo 25% deste total proveniente de empresas, 25% do Senai, 25% da Finep e o restante da União Européia, especialmente da Alemanha. A perspectiva para 2008 é chegar a R$ 4 milhões com a cooperação Brasil-Alemanha.

Vahan Agopyan, do IPT, reforçou a importância da cooperação entre os dois países. Do total de artigos científicos publicados internacionalmente, o Brasil é responsável por 2%, enquanto a Alemanha responde por 7%.

“Com poucos recursos, conseguimos produzir ciência com qualidade, mas não conseguimos transformá-la em inovação. O Brasil produz somente 0,07% das patentes internacionais; excluindo a Petrobras e a Companhia Vale do Rio Doce, o número chega a praticamente zero. Apenas cerca de 8% dos estudantes de graduação e 10% dos pós-graduandos estão na área de tecnologia”, ressaltou Agopyan.

“Para melhorar estes números, o apoio da Alemanha é fundamental, pois colabora amplamente em todas as áreas do conhecimento e é uma importante parceira para a integração entre as regiões do Mercosul e da União Européia”, conclui.

Para o secretário de Estado alemão, apesar do grande potencial de cooperação, alguns assuntos ainda ficam em aberto, como a discussão sobre segurança jurídica, direito de propriedade intelectual e patentes.


Meyer-Krahmer está otimista com o desenvolvimento do Brasil e as perspectivas de colaboração.

“Pelo que pude notar no Encontro Econômico Brasil-Alemanha, em Blumenau, uma impressionante dinâmica movimenta as relações entre os dois países. Considero uma excelente idéia do governo brasileiro o pacote anunciado pelo Presidente Lula, que prevê investimentos de US$ 28 bilhões em ciência e tecnologia. O Brasil deve aproveitar suas matérias-primas para o desenvolvimento da pesquisa, inovação e tecnologia. Considero esta uma estratégia muito inteligente para o País utilizar como oportunidade neste momento”, finaliza Meyer-Krahmer.

Em Brasília, Meyer-Krahmer encontrou-se com políticos do Ministério da C&T para discutir as perspectivas da cooperação em educação e tecnologia.


(Informações da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha – AHK-SP)


Data: 26/11/2007