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Intercâmbio sem sair do Brasil

Mobilidade Acadêmica: oportunidade incrementa formação acadêmica e pessoal

 

Já é quase um consenso que o intercâmbio é uma das melhores maneiras de evoluir profissional e pessoalmente. Só que muitas vezes o sonho esbarra em entraves econômicos que inviabilizam uma viagem para o exterior. O que nem todos sabem é que nem sempre é preciso embarcar para o estrangeiro para complementar a sua formação acadêmica. Há muito que aprender dentro do próprio Brasil. Você, alguma vez, já imaginou cursar seis meses da graduação em outra região do país? Ou conhecer os métodos de ensino das universidades de destaque em sua área? Saiba que a mobilidade nacional pode propiciar essa experiência.

 

Embora o processo ainda seja pouco conhecido, oferece grandes vantagens para os estudantes que pretendem ampliar os seus conhecimentos ao fazer estágio numa universidade dotada de um grande centro de excelência em pesquisa, por exemplo. 'É uma oportunidade de aproveitar e usufruir as 'competências' e 'habilidades' de outras instituições e utilizá-las em seu favor', alerta a gerente de Relações Interinstitucionais e Intercambio Acadêmico da Unisinos (Universidade do Vale do Rio dos Sinos), Mirian Mylius.

 

Para muitos pode até parecer bobagem passar uma temporada em instituição do mesmo país, até por que as estruturas de ensino são semelhantes e a língua, a mesma. Mas essa é uma leitura equivocada do que é a mobilidade nacional. 'Primeiro, os métodos educacionais entre uma universidade e outra são diferenciados. Segundo, obter diversas perspectivas do mesmo assunto também faz parte dessa formação superior', garante Mirian.

 

A estudante Gabriella Soccol, 24 anos, foi contra o senso comum, deixou sua terra natal, Rio dos Sinos, no Rio Grande do Sul, e mudou-se para São Paulo para fazer o último semestre do curso de Administração com ênfase em Comércio Exterior. 'Não poderia restringir os meus conhecimentos a um único lugar. Precisava conhecer novas visões, até para comprovar a qualidade da minha instituição e ter certeza de que o conhecimento recebido até então era suficiente para me tornar uma boa profissional', relata. 'O interesse por conhecer novos amigos e novas culturas também foi um grande estimulador', completa ela.

 

Os fatores culturais e até específicos de cada canto do país, como clima, vegetação e comida, também podem favorecem bastante o aprendizado dos universitários, independente da graduação que cursam. 'Um aluno do Sul do Brasil que estuda Turismo, por exemplo, pode muito bem conferir, na prática, as atrações das cidades litorâneas, ao freqüentar instituições do Nordeste, ou as diversidades culturais dos pantanais na região Norte', aponta a presidente do Faubai (Fórum de Assessorias das Universidades Brasileiras para Assuntos Internacionais) e assessora de Assuntos Internacionais da UCS (Universidade de Caxias do Sul), Luciane Stallivieri. 'A riqueza cultural do país é quem beneficia esse intercâmbio nacional. Basta olhar com mais atenção para o Brasil e saber tirar proveito de suas variáveis', aconselha ela.

 

E não é só o lado profissional que ganha nessa história. A experiência também contribui muito para o amadurecimento pessoal do aluno. 'Ao morar longe dos pais e dos amigos, numa cidade totalmente diferente da sua, a pessoa desenvolve características bastante valorizadas pelo mercado de trabalho. Entre elas, a tolerância, a flexibilidade, a solidariedade e a independência', afirma a professora da Unisinos. Para Gabriella, esse foi o maior ganho da temporada na cidade paulista. 'Há grandes diferenças entre o Sul e São Paulo e aprendi muito com isso. Imagine se eu tivesse ido para o Norte ou Nordeste. Acredito que o aprendizado seria ainda maior', diz ela.

 

Essa, segundo os especialistas, é uma vivência tão importante quanto a internacional. 'Um bom profissional, além da formação teórica e prática, deve ter inteligência cultural, adquirida, sobretudo, por meio desses programas de mobilidade', assegura Luciane. E o intercâmbio nacional tem lá as suas vantagens. Nada de barreira lingüística, nem mesmo de burocracia para a obtenção de documentos que autorizem a permanência no país. 'Sem contar a segurança na validação dos créditos cursados na instituição anfitriã', complementa a presidente do Faubai.

 

O custo também é um bom atrativo para os estudantes. Mesmo diante da necessidade de se arcar com as despesas da passagem, hospedagem e, no caso de estudantes de instituições particulares, manterem o pagamento das mensalidades, os valores de uma viagem nacional são mais em conta do que o embarque para países da Europa e da América do Norte, geralmente os mais procurados.

 

Para participar de um intercâmbio nacional é preciso estar regularmente matriculado numa instituição de ensino que ofereça o programa. Por isso, informe-se com a pós-reitoria de graduação da sua universidade. Em geral, os interessados já devem ter concluído, pelo menos, 50% do curso e podem fazer até 15% da graduação numa outra faculdade. O perfil acadêmico também é levado em consideração na hora da seleção do estudante. 'Ter boas notas e bom desempenho em sala de aula é um critério de desempate', comenta Luciane.

 

Universidades Engajadas

 

Muitas universidades já oferecem programas de intercâmbio nacional aos estudantes, entre elas a Unisinos, a UCS, a PUC-Campinas (Pontifícia Universidade Católica de Campinas) e a USP (Universidade de São Paulo).

 

Além disso, a Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior) mantém programa de Mobilidade Acadêmica que reúne 48 instituições federais. (Clique aqui e confira a lista das participantes).

 

A iniciativa possibilita que alunos regularmente matriculados a partir do segundo ano letivo da graduação realizem parte dos estudos em outra instituição federal. 'Isso fortalece a formação do nosso estudante, tornando-a mais crítica e mais consciente', explica a presidente da comissão de desenvolvimento acadêmico da Andifes e reitora da UniRio (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro), Malvina Tuttman.

 

Segundo a reitora, não há nenhuma burocracia para a participação no programa, basta fazer uma solicitação à instituição anfitriã.

 

(Portal Universia, 07/11/2007)


Data: 08/11/2007