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Hospitais universitários têm R$ 430 milhões em dívidas

Os 45 hospitais universitários do país acumulam uma dívida de R$ 430 milhões, sendo metade débitos com fornecedores de medicamentos e material cirúrgico. Segundo o presidente da Associação Nacional dos Dirigentes de Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), Arquimedes Ciloni, esse é o principal motivo da “inviabilização” dos hospitais universitários.

 

Ele explica que a dívida foi se acumulando por conta da falta de contratação de pessoal pelo governo, que obrigou os hospitais universitários a contratar funcionários por meio das fundações de apoio. “Para pagar os salários desse pessoal contratado em regime celetista, nós tínhamos que retirar recursos da prestação de serviços”, explica.

 

“Ao mesmo tempo, fomos obrigados, por via de conseqüência, a aumentar demais o peso da assistência em detrimento do peso acadêmico, ou seja, a gente está fazendo mais assistência do que academia”. Segundo Ciloni, apesar de terem a função principal de ensinar os alunos das áreas de saúde, como medicina e enfermagem, os hospitais universitários atendem boa parte da demanda reprimida do Sistema Único de Saúde (SUS).

 

A maior parte dos recursos dos hospitais universitários brasileiros é de responsabilidade do Ministério da Educação (MEC), que faz o pagamento da folha de pessoal. O Ministério da Saúde é responsável pelo repasse relativo ao atendimento dos pacientes do SUS e às internações. A maior parte do financiamento, portanto, vem do MEC, cerca de R$ 1,6 bilhão, enquanto o Ministério da Saúde repassa R$ 860 milhões aos hospitais, valor considerado insuficiente para cobrir o atendimento dos pacientes do SUS.

 

“Nem tudo que a gente presta de serviços é remunerado em 100%. Há muitos serviços que a gente presta e acabam não sendo pagos, portanto aumentando ainda mais o nosso endividamento, já que para prestar o serviço eu preciso comprar os insumos, remédios, material cirúrgico, e eu nem sempre recebo pelo serviço que eu presto”. Em 2007, explica Ciloni, o MEC já repassou R$ 50 milhões para a compra de equipamentos e material hospitalar, e deverá repassar outros R$ 15 milhões até o final do ano.

 

O coordenador da Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores das Universidades Brasileiras (Fasubra), João Paulo Ribeiro, afirma que o SUS cobre, em média, apenas 30% das despesas com o atendimento à população. Segundo ele, essa prática está prejudicando o ensino dos estudantes. “Atividades que eu poderia utilizar para educação, eu estou colocando dinheiro para fazer atividade de saúde e sem nenhuma ajuda do ministério”, reclama. Segundo João Paulo, o financiamento dos hospitais deveria ser melhorado para incentivar os profissionais a continuarem com o trabalho de assistência à população.

 

Para melhorar a questão do financiamento, a Fasubra propõe que os recursos para a manutenção dos hospitais universitários sejam divididos entre os ministérios da Saúde, da Educação e da Ciência e Tecnologia, e que os cursos oferecidos nas universidades públicas não sejam cobrados.

 

“Então, é ver todo o montante que é gasto hoje, fazer um diagnóstico por hospital para saber quanto é gasto, fazer projeção para os próximos anos e planejar o que nós queremos ampliar no hospital ou investir, e aí fazer esse cálculo e ratear entre os três ministérios”, sugere.

 

O diretor do Departamento de Residência e Projetos Especiais na Saúde no Ministério da Educação, José Wellington dos Santos, concorda que, a curto prazo, uma solução para os hospitais universitários é mesmo fazer um levantamento completo de todas as unidades para ver quais são os problemas de pessoal, equipamentos e estrutura física.

 

“Não podemos anunciar uma solução mágica se depois de dois, três meses, essa solução não for a verdadeira. Tem que ter uma solução a longo prazo, por isso que até o ministério tem dito que não tem uma posição única de uma situação que é complexa, que vai depender de estudos de cada hospital”.

( Agência Brasil)


Data: 05/11/2007