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Atividades físicas regulares diminuem a sensação de fome, conclui estudo

Um estudo inglês acaba de descobrir que os exercícios físicos são capazes de alterar o apetite. “As pesquisas mostraram que as pessoas que mantiveram o peso estável por mais de um ano fora maquelas que se engajaram num programa regular de atividade física”, disse Alex Johnstone, da Unidade de Nutrição Humana do Instituto de Pesquisas Rowett, na Escócia.

 

Nunca se duvidou de que o exercício, sobretudo o aeróbico, ajuda a controlar o peso, mas os estudiosos sempre se perguntaram até que ponto ele de fato interfere na queda-de-braço contra a obesidade. O argumento, aliás, é bem conhecido: se por um lado mexer o corpo promove o gasto de calorias, por outro a queima de energia levaria a uma fome de leão, pois o organismo buscaria repor o que foi consumido.

 

Segundo as novas evidências, não é o que acontece. “Isso anularia qualquer possibilidade de a ginástica ter efeito na redução de peso”, analisa Denise Robertson, especialista em fisiologia da nutrição da Universidade Surrey, na Inglaterra. “A atividade física é um dos mais importantes coadjuvantes do controle do peso no longo prazo porque, muito além de queimar energia, aumenta a saciedade”, faz coro Marcelo Benedito da Silva Flores, pesquisador da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas, a Unicamp, que fica no interior paulista.

 

Seu estudo com roedores submetidos a exercícios segue uma outra linha, mas, no final das contas, reforça a tese inglesa. Ele percebeu que os exercícios liberam uma substância produzida pelos músculos, a interleucina-6, que é levada pelo sangue ao hipotálamo, o centro da saciedade no cérebro.

 

Ali se une aos hormônios responsáveis pela redução da ingestão de alimentos e pelo aumento de gasto de energia. “A interleucina-6 faz com que o cérebro fique mais esperto, mais sensível à ação desses hormônios”, justifica. “O resultado é que, com o tempo, a sensação de saciedade tende a aumentar, sobretudo em quem faz atividade física como rotina.”

 

Relacionar mais atividade física com menos apetite pode até soar paradoxal, mas a especialista em endocrinologia do exercício Katarina Borer, da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, tem uma explicação bioquímica para isso. “O organismo de quem se exercita demanda uma quantidade extra de energia, que é suprida por reservas naturais do corpo, sem requisitar mais alimento.” Em outras palavras, a vontade de comer diminui consideravelmente.

 

Segundo Borer, a redução do apetite é maior em pessoas que praticam atividade física de forma moderada — o que significa trabalhar a 40% do esforço máximo —, ou intensa — ou seja, a 80%. Falta agora precisar quanto tempo de prática regular produz os efeitos sobre o apetite. Mas já se sabe que a ginástica eleva os níveis de hormônios responsáveis por avisar o cérebro que o estômago está cheio. É o caso do PYY, que “desliga” a vontade de comer. “Uma única sessão de exercícios foi capaz de reduzir o apetite por até uma hora e meia — o suficiente para fazer com que os voluntários comessem menos na refeição seguinte”, explica uma das autoras do estudo inglês.

 

James Stubbs, especialista em prevenção de ganho de peso da organização britânica Slimming World, relativiza toda essa discussão e aposta mesmo no balanço de energia. “Quem não quer engordar deve estar atento no quanto come e no quanto gasta”, recomenda. “Se você queima 500 calorias mas ingere as mesmas 500 só conseguirá manter o peso. O problema é que muita gente vai à academia e pensa que está consumindo muito mais energia do que de fato está. Daí o abuso, que põe tudo a perder.”

 

(Uol Ciência e Saúde)


Data: 20/08/2007