Pesquisa da UFPE tem recursos americanos
O convênio prevê a liberação, em três anos, de R$ 300 mil da Força Aérea Americana para o desenvolvimento de novos materiais no Departamento de Física e no Centro de Informática
Dois projetos de pesquisa do Departamento de Física e do Centro de Informática da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) receberão cerca de R$ 300 mil em três anos da Força Aérea Americana.
A instituição, que vai financiar os estudos através do Departamento de Ciência e Pesquisa do órgão americano (AFOSR, na sigla em inglês), selecionou 14 trabalhos nas áreas de física e tecnologia da informação no país, sendo dois no Estado. Os recursos devem ser liberados em dois meses.
O edital para seleção de projetos latino-americanos em temas de fronteiras científicas foi lançado no final do ano passado. Serão destinados para o Brasil cerca de R$ 700 mil por ano para as pesquisas.
Na semana passada, o engenheiro aeronáutico representante do AFOSR, James Fillerup, esteve na UFPE, na Cidade Universitária, Zona Oeste do Recife, para conhecer o Centro de Informática e os laboratórios de física.
Um dos trabalhos aprovados pela universidade é conduzido pelo físico Anderson Gomes. O objetivo é desenvolver novos materiais poliméricos de dimensões nanométricas (um nanômetro equivale a um bilionésimo de metro).
Uma das aplicabilidades seria na comunicação ótica, por exemplo, no desenvolvimento de fotodetectores mais sensíveis e eficientes. Esses equipamentos são utilizados pelas operadoras de telecomunicação na detecção e quantificação de sinais.
"Atualmente, as operadores precisam instalar um amplificador óptico para melhorar a qualidade do sinal a cada 50 quilômetros de distância de uma central de comunicação para outra. Isso porque os fotodetectores existentes permitem a transmissão em pequenas distâncias e possuem outras restrições. É necessário desenvolver materiais mais sensíveis para chegarmos mais longe, melhorar a comunicação e reduzir os custos", explica o professor Anderson Gomes.
Por exemplo, uma ligação telefônica do Recife até Caruaru, distante 130 quilômetros da capital, necessita de centrais, cabos de fibras ópticas ou elétricos e um amplificador óptico. Com fotodetectores mais sensíveis, nesse caso, seria eliminado o amplificador.
"O componente só seria instalado a cada 100 quilômetros e não mais a 50 quilômetros de distância", adianta o físico, que contará com um doutorado ou pós-doutor e apoio da Universidade de Buffalo, em Nova Iorque, para ajudar na pesquisa.
Cada projeto receberá cerca de R$ 50 mil por ano. "A pesquisa será publicada e não há acordo de sigilo. Essa oportunidade abrirá as portas para que a universidade capte mais recursos no exterior", afirmou Anderson Gomes.
O outro projeto aprovado é do professor Djamel Sadok, do Centro de Informática e coordenador do Grupo de Pesquisa em Redes e Telecomunicações (GPRT). O objetivo é desenvolver softwares que possam detectar e organizar redes com o mínimo de intervenção humana para troca de informações numa região onde não exista uma infra-estrutura pré-estabelecida.
(Jornal do Commercio, Recife, 16/8) Data: 16/08/2007
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