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Jornada científica mostra potencial da rede de educação profissional

Mais de 400 trabalhos de pesquisas científicas de alunos e professores estão sendo apresentados na 1ª Jornada da Produção Científica da Educação Profissional e Tecnológica da Região Sul, que ocorre em Florianópolis, até sexta-feira, 10. Provenientes de dez estados, os trabalhos mostram o potencial da rede federal e sua contribuição para a inovação tecnológica e o desenvolvimento sustentável do país.

 

A pesquisa realizada pelo professor Fernando Hermes Passig, da coordenação ambiental da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, é exemplo da dificuldade para desenvolver estudos. Sem financiamento, Hermes Passig e seus alunos trabalharam na quantificação do lodo gerado na Estação de Tratamento de Água (ETA) de Campo Mourão, no Paraná.

 

O problema é que a estação de tratamento não destina corretamente os resíduos, que muitas vezes retornam ao rio com sulfato de alumínio, que é um coagulante usado na limpeza da água. Hermes explica que essa prática é comum em cerca de 90% das estações do país e pode gerar danos à saúde, porque o acúmulo de alumínio no organismo é associado às fraturas por osteoporose e doenças como Alzheimer, Parkinson, hiperatividade e dificuldade de aprendizado nas crianças.

 

“Estamos desenvolvendo o estudo por iniciativa própria, não conseguimos recursos”, diz Passig. A situação dos resíduos é tão grave, que o Ministério Público obrigou a Companhia de Saneamento do Paraná (Senapar) a assinar um termo de ajustamento de conduta.

 

Visibilidade

 

De acordo com Moisés Domingos Sobrinho, diretor do Departamento de Desenvolvimento e Programas Especiais da Setec, as agências de fomento precisam conhecer e levar em conta as particularidades da prática da pesquisa no âmbito da rede federal, a fim estimular sua ampliação e fortalecimento. “Essas jornadas são importantes para dar visibilidade ao que se produz no interior da rede e mostrar a contribuição que ela pode dar para o desenvolvimento tecnológico do país, particularmente no que diz respeito à inovação”, avalia. O desafio, segundo professores, alunos e diretores das instituições federais, é garantir a ampliação dos investimentos. Tema que foi debatido na mesa-redonda Desafios e Perspectivas da Educação Profissional.

 

Criado em 2006, o Programa de Bolsas de Iniciação Científica em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (Pibiti) é um dos poucos recursos específicos para estimular pesquisas de estudantes de ensino técnico e tecnológico. Atualmente são oferecidas 384 bolsas. A vice-presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Wrana Pannizi, afirma que a tendência é ampliar os recursos. “Os Cefets, além atender à demanda por ensino técnico e tecnológico, têm o mesmo rigor científico adotado pelas universidades. Precisamos dialogar para que as incompreensões possam ser sanadas e as peculiaridades respeitadas.”

 

A Setec está fazendo um diagnóstico das condições da prática da pesquisa desenvolvida na rede federal, com o objetivo de traçar o perfil das necessidades dos pesquisadores e instituições. A intenção, segundo Moisés Domingos, é conhecer as demandas específicas e abrir diálogo com as agências de financiamento, outros ministérios e organismos afins. “Com quase 100 anos de existência, o ensino profissional no Brasil acumulou conhecimento, tanto na área de formação quanto na de pesquisa, agora precisamos fortalecer e sedimentar a cultura científica na rede”, ressalta.

 

(Stela Rosa - MEC)


Data: 09/08/2007