topo_cabecalho
Localizado planeta com água fora do Sistema Solar

Esta é a primeira vez que sinais de água são detectados em um mundo extra-solar

Ao analisar a luz de uma estrela, depois de filtrada pela atmosfera de um planeta 64 anos-luz distante do Sol, uma equipe internacional de cientistas concluiu que o planeta HD 189733b, um gigante gasoso semelhante a Júpiter, tem água.

A aparente ausência do líquido nos corpos localizados fora do Sistema Solar vinha intrigando cientistas há tempos. A detecção da substância em HD 189733b é a primeira considerada conclusiva.

As observações mais recentes, descritas na edição desta semana da revista Nature, foram conduzidas por uma equipe liderada por Giovanna Tinetti, da Agência Espacial Européia (ESA). HD 189733b orbita uma estrela na constelação de Vulpecula ("pequena raposa", em latim), a 64 anos-luz do Sol.

Sombra reveladora

O planeta tem a propriedade de passar diretamente entre sua estrela e a Terra, o que permitiu aos cientistas analisar a luz estelar que atravessa as bordas de sua atmosfera.

Eles descobriram que o planeta projeta uma "sombra" maior quando observado em uma faixa de luz específica, e concluíram que esse efeito é produzido pela absorção dessa faixa de luz pela água presente na atmosfera.

Em comentário sobre a descoberta, também publicado na Nature, a astrônoma Heather Knutson, da Universidade Harvard, diz que ainda há muito a se aprender sobre planetas como HD 189733b, chamados pela comunidade astronômica de "Jupíteres quentes".

Uma das questões que ainda intrigam os especialistas é como eles se posicionam tão perto de suas estrelas. O planeta gira a uma distância de sua estrela inferior a 3% da que separa a Terra do Sol, por exemplo.

Em nota sobre a descoberta divulgada pelo University College London, onde também atua, Giovanna Tinetti diz que, embora HD 189733b esteja longe de ser habitável, e de fato tenha um ambiente bastante hostil, a descoberta mostra que a água pode ser mais comum do que se pensava. "O método poderá ser usado, no futuro, para estudar ambientes mais amigáveis para a vida", completou.

(O Estado de SP, 12/7)


Data: 12/07/2007