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Desigualdade regional na pós-graduação ainda é grande desafio, avalia presidente da Capes

País lança ainda este ano o Programa Nacional de Apoio ao Pós-Doutorado; Em 2006, o Brasil conquistou o 15º lugar no ranking dos 30 países com maior número de artigos publicados em revistas qualificadas do exterior, passando a Suécia e Suíça

O Sistema Nacional de Pós-Graduação atingiu recentemente números importantes, como a formação de 10 mil doutores e 32 mil mestres ao ano, provenientes de 3.630 cursos. Entretanto, permanece forte a assimetria entre as regiões do país, com a predominância de programas no Sudeste e Sul.

Segundo dados da Capes, referentes a 2006, a Região Norte possui apenas 95 (4%) cursos reconhecidos de mestrado, contra 1.215 (52%) no Sudeste. No doutorado a situação é ainda mais desigual: são apenas 28 (2%) cursos no Norte, contra 766 (63%) no Sudeste.

Para tentar corrigir tamanha distorção – que se estende também para a região Centro-Oeste, ainda que em menor proporção –, a agência decidiu incentivar consórcios de instituições, que identifiquem um tema regional importante a ser trabalhado por seus pesquisadores em conjunto.

Segundo
o presidente da Capes, Jorge Almeida Guimarães, o modelo pode facilitar a aprovação de novos cursos na região e o conseqüente incremento na qualificação de pessoal. Isso porque uma das principais dificuldades para a implementação desses cursos ainda é a falta de massa crítica.

“Para ter programas de pós-graduação é preciso ter doutores. Não tendo uma proporção grande de doutores, principalmente espalhados em muitas instituições, não é possível formar massa crítica”, explicou Guimarães. Ele apresentou nesta segunda-feira a conferência “Avanços da pós-graduação e aumento da produção científica brasileira”, na Reunião Anual da SBPC em Belém.

A Capes
iniciou este modelo de consórcio no ano passado, no Nordeste, com uma pós-graduação em Biotecnologia que reúne 22 instituições. Segundo Guimarães, a ação já começou a ser aplicada nas regiões Norte e Centro-Oeste, ao lado de programas como o Procad, o qual permite que grupos dentro de um determinado curso se associem a grupos de outra região, e o Acelera Amazônia, voltado especificamente para a região e que faz parte do Programa Novas Fronteiras, incluído no Plano Plurianual.

Pós-doutorado

Outro mecanismo de incentivo à formação de recursos humanos especializados, e que pode atrair e fixar doutores na região Norte, é o Programa Nacional de Apoio ao Pós-Doutorado, que está sendo preparado pelo governo e que terá participação do MEC, por meio da Capes, e do MCT, por meio do CNPq, Finep e fundos setoriais.

Segundo Jorge Guimarães, o novo programa diferencia-se dos que já existem (como o Prodoc, da própria Capes) por ser de longo prazo, com previsão de cinco anos; e por não ser um balcão para o candidato, mas sim para os projetos, que poderão ser apresentados por empresas, Universidades, institutos de pesquisa e fundações estaduais, sozinhas, em parceria umas com as outras ou com organizações internacionais ou não governamentais.

Além da bolsa concedida por uma das agências de fomento ou proveniente dos fundos setoriais, haverá também uma contrapartida da instituição que apresentou o projeto, o que tornará o programa muito mais competitivo, explicou Guimarães. “Nós já sabemos, a Amazônia vai levar gente de São Paulo para lá”, afirmou.

Segundo o presidente da Capes, o programa será lançado ainda este ano. “Falta apenas sentarmos, MCT e MEC, porque é um programa nacional. O plano já está escrito, é para logo, o presidente [Lula] já está cobrando. A demora na reestruturação do MCT é que atrasou o andamento do programa”, concluiu Guimarães, ressaltando que este será o primeiro projeto a reunir os diversos atores na área de fomento da C&T.

Produção em alta

Apesar
das desigualdades regionais, a produção científica brasileira tem avançado a cada ano. Em 2006, o Brasil conquistou o 15º lugar no ranking dos 30 países com maior número de artigos publicados em revistas qualificadas do exterior, ganhando duas posições – e ultrapassando Suécia e Suíça – em comparação a 2005.

De acordo com a Capes, nos próximos dois anos, ou até menos, o Brasil deve ganhar mais uma posição no ranking, e passará a ocupar o lugar que atualmente é da Rússia, país que apresenta uma estagnação em sua produção científica.

 

(SBPC)


Data: 10/07/2007