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Idéias do império luso-brasileiro

Pesquisadora da Unicamp ganha Prêmio Dom João VI de Pesquisa, que promove o uso de fontes históricas sobre o período em que o rei de Portugal residiu no Brasil

Com um trabalho sobre um período pouco conhecido da história da imprensa brasileira, a pesquisadora do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Juliana Gesuelli Meirelles conquistou o primeiro lugar do Prêmio Dom João VI de Pesquisa.

Trata-se de um concurso de monografias, promovido pela Comissão Luso-Brasileira para Salvaguarda e Divulgação do Patrimônio Documental (Coluso), cujo objetivo é estimular o uso de fontes históricas sobre o período em que Dom João VI residiu no Brasil (1808 -1821), custodiadas por arquivos brasileiros, portugueses e estrangeiros.

A dissertação de mestrado de Juliana, que teve orientação da professora Leila Mezan Algranti, ressalta a importância da Gazeta do Rio de Janeiro para a monarquia luso-brasileira durante o período joanino.

O jornal, que é considerado o marco da introdução da imprensa no país, circulou no Brasil, em Portugal e em Londres no período analisado.

“Para compreender os anos de D. João VI no Brasil é preciso olhar para os dois lados do oceano atlântico, o que confere uma complexidade muito grande ao período”, disse Juliana à Agência Fapesp.

“As consultas nos arquivos portugueses nos mostram que os periódicos de Portugal utilizavam a Gazeta como fonte de informações, publicando as matérias que mais lhe interessavam e realizando, portanto, um explícito processo de edição do jornal brasileiro. As notícias serviam para estreitar o elo político entre o rei e os súditos”, complementa.

O trabalho mostra ainda que, em meados de 1821, surgiam novos jornais no Brasil e em Portugal que, produzidos sob a licença real, sinalizavam para novas formas de se produzir e conceber a imprensa.

A partir de então, os periódicos passaram a discutir publicamente temas como o papel do redator, a importância da opinião pública e a condução de processos políticos.

Além da Gazeta do Rio de Janeiro, Juliana consultou outros 12 jornais luso-brasileiros para elaborar a dissertação A Gazeta do Rio de Janeiro e o impacto na circulação de idéias no Império luso-brasileiro, desenvolvida com bolsa concedida pela Fapesp e pela Cátedra Jaime Cortesão da Universidade de São Paulo (USP).

O trabalho foi defendido na Linha de Sociabilidade e Cultura na América Luso-Espanhola da Unicamp.

“É importante ganhar esse prêmio, que conta com apoio de centros de renome mundial, como a Universidade de Coimbra e a Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), porque ele evidencia como o resgate da história do Brasil estimula o avanço do conhecimento em ciências humanas”, descreve Juliana.

Em segundo lugar ficou Grandjean de Montigny - um arquiteto francês nos trópicos: a cidade do Rio de Janeiro como palco de uma intensa produção de imagens na governação joanina, de Angela Maria Cunha da Motta Telles, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

O terceiro colocado foi Ritmos da vida: momentos efusivos da Família Real portuguesa nos trópicos, de Paulo de Assunção, das Faculdades Associadas Ipiranga (FAI), em São Paulo.

Os três trabalhos vencedores serão publicados em formato de livro, que está em fase de preparação pela Editora do Arquivo Nacional e tem previsão de lançamento em 2008, em comemoração aos 200 anos da chegada da corte portuguesa ao Brasil.

Para ler a dissertação de Juliana Gesuelli Meirelles, disponível na Biblioteca Digital da Unicamp, acesse libdigi.unicamp.br/document/?code=vtls000375875


Data: 15/06/2007