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Brasil e EUA têm parceria para etanol de celulose

Apesar do custo maior, adoção do combustível eleva a produtividade

A pesquisa de etanol celulósico está no centro da cooperação Brasil e Estados Unidos para combustíveis alternativos. Apesar de o etanol de cana-de-açúcar ter custos muito inferiores ao celulósico, produtores brasileiros poderão ter um aumento de 40% de produtividade em suas terras ao combinarem a produção dos dois tipos de combustível, diz Alfred Szwarc, assessor da presidência da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica). Szwarc esteve em Washington para o Encontro sobre Desafios de Tecnologia de Biocombustíveis.

Nos Estados Unidos, a pesquisa de etanol celulósico é essencial - não há muito espaço para expansão de produção de etanol de milho, já que o preço do grão já está subindo perigosamente, e não há terras disponíveis.

No Brasil, ainda há muito espaço para expansão da produção de cana-de-açúcar para etanol - mas a adoção do combustível celulósico elevaria a produtividade.

Hoje, uma propriedade de 1 hectare no Centro-Sul produz 85 toneladas de cana ou 6,5 mil litros por ano. Se o bagaço da cana for aproveitado para gerar energia, como já é hoje, mas também para etanol celulósico, a produção pode aumentar de 40% a 100%, diz Szwarc.

"Etanol de bagaço será uma forma de estimular o mercado de etanol em geral." Segundo ele, em 3 a 4 anos, a Dedini estará produzindo o etanol celulósico em escala comercial numa unidade- piloto em Pirassununga (SP).

"O Brasil não consegue competir com os EUA em termos de recursos para pesquisa e desenvolvimento; nos EUA, há bilhões para pesquisa de etanol celulósico", diz o assessor.

A pesquisa é um dos pilares do programa hemisférico do etanol, iniciativa oficializada pelo memorando de entendimento assinado durante a visita de George W. Bush ao Brasil, em março. Mas esse intercâmbio é bem mais promissor do que outro pilar do programa, o de produção de etanol em países da América Central, pelo menos para o setor privado brasileiro.

Os custos de produção na América Central ainda são muito maiores e a logística é mais complicada - é bem mais vantajoso investir no Brasil, mesmo com a cota livre de imposto de importação a que países do Caribe têm direito, para exportar para os EUA.

Um mercado promissor, segundo Szwarc, seria a venda de equipamentos e consultoria do Brasil a países da América Central.

Greg Manuel, coordenador de assuntos internacionais de energia do Departamento de Estado, participou do evento e ressaltou a convergência de interesses do setor privado dos Estados Unidos e do Brasil. "Estamos trabalhando juntos de forma rápida, politicamente, para avançar o projeto."


Data: 23/05/2007