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Opinião - Universidade Federal do Sertão: a Paraíba merece?

Péricles Rezende Barros

Professor Titular do Departamento de Engenharia Elétrica

Representante do CEEI no Colegiado Pleno da UFCG

 

 

A expansão do Ensino Superior implementada pelo atual Governo abre uma possibilidade para que a Paraíba tenha uma nova Universidade. O momento político é agora pois, passada esta fase de expansão do Ensino Superior, dificilmente se conseguirá criar, no futuro, uma universidade.

 

A UFCG foi criada com uma estrutura multi-campi por iniciativa do MEC. Isto ocorreu quando a criação de novas universidades estava fora das prioridades do Governo Federal. A motivação dos defensores da criação da UFCG era uma nova universidade a partir do Campus II (de Campina Grande). O argumento principal era que a estrutura multi-campi da UFPB prejudicava o desenvolvimento das atividades fins. Conforme o documento que justificou a criação da UFCG (1996):

 

“Estruturas Universitárias menores, mais enxutas, tendem a minimizar dificuldades de gerenciamento, ganham em agilidade e são mais receptivas a ajustes e mudanças na busca da competência e da qualidade”.

 

Com a expansão da UFCG que está sendo levada em curso, estamos cada vez mais longe do objetivo original. A UFCG está para ter uma estrutura multi-campi tão complexa quanto a da antiga UFPB e esta pulverização está gerando uma inquietação: parte da  Comunidade está temerosa com as conseqüências dessa expansão para o futuro da UFCG. O sentimento pode ser resumido: a) expandir o ensino superior federal na Paraíba sim, mas não pulverizando e inchando a UFCG. b) A UFCG está perdendo seu perfil científico e tecnológico e se transformando numa escola de terceiro grau.

 

Isto nos remete a questionar se a expansão do ensino superior na Paraíba não deve passar pela criação de mais uma universidade e se este não é o momento apropriado para a criação da Universidade Federal do Sertão - UFSERT? O modelo de expansão com a criação de novas Universidades tem sido implementado com sucesso em outros Estados. Por exemplo, estados que já tinham uma alta densidade de Universidades Federais como Minas Gerais e Rio Grande do Sul, foram contemplados com a criação de Universidades (do Triângulo Mineiro, do Vale do Jequitinhonha, dos Pampas). Será que a Paraíba também não merece ter mais uma Universidade? Ao contrário do que se pensa, este não é um sentimento minoritário: que se faça uma consulta formal às unidades do Campus de Campina Grande.

 

A história da UFPB nos ensinou (e isto foi usado na nossa luta para criação da UFCG) que trazer recursos, por exemplo, para dois Hospitais Universitários ou diversas Bibliotecas em uma mesma universidade é muito mais difícil que trazer recursos para universidades distintas. Isto reforça a política de descentralização do ensino superior através de instituições independentes distribuídas regionalmente.  Além disso, parece ser mais eficaz ter mais um Reitor indo a Brasília para trazer recursos para a Paraíba, defendendo interesses bem mais focalizados.

 

Certamente a nova universidade desempenharia um papel fundamental para a região de Cajazeiras-Patos-Pombal-Souza, realizando com maior competência a interiorização e universalização do ensino superior e a formação de pessoal qualificado. Isto permitiria contribuir efetivamente para o desenvolvimento do semi-árido e do sertão. As comunidades acadêmicas estariam concentradas nos problemas da região, sem sofrer a interferência de Campina Grande, cujos interesses são diversos e distintos.

 

Nossa opinião é que a Paraíba só tem a ganhar com a criação de uma nova universidade. A criação da UFCG hoje é reconhecida como um avanço até por muitos que eram contrários. Para Patos, sem dúvida um pólo regional, ser sede de uma universidade traz muitos mais benefícios do que sediar um Campus. Quem seria contra a Paraíba ter mais uma universidade? Certamente a comunidade da UFCG não colocará dificuldades para a criação de mais uma universidade na Paraíba. Também acreditamos no sucesso de uma ação dos políticos paraibanos para trazer uma universidade para o sertão.

 

A comunidade da UFCG não pode fugir ao importante debate sobre a criação da UFSERT e sobre os benefícios para a Paraíba. Sugiro que a Administração Central da UFCG realize uma consulta a todas suas Unidades Acadêmicas e às Comunidades de Pombal-Patos-Souza-Cajazeiras para determinar se a expansão do ensino superior da Paraíba deve ocorrer com a criação de uma nova universidade. Caso seja este o interesse, que o Conselho Universitário, aprove uma solicitação ao MEC para criação da Universidade Federal do Sertão.

 

Campina Grande, 02 de maio de 2007.


Data: 04/05/2007