topo_cabecalho
Grupo vê "fratura exposta" no Atlântico

Missão britânica parte amanhã da Europa para descobrir por que parte do fundo marinho está sem sua capa protetora

O navio James Cook parte amanhã do porto de Tenerife, na Espanha, para a sua primeira missão. Ele terá que fazer uma radiografia sofisticada do fundo do oceano Atlântico.

Mais precisamente, a bússola da tripulação de cientistas britânicos estará voltada para uma área que fica entre o Caribe e a ilha de Cabo Verde, perto da cadeia montanhosa que corta a região de norte a sul.

O que os pesquisadores como Chris MacLeod, geofísico marinho, da Universidade de Cardiff, querem entender é porque parte da crosta terrestre sumiu naquele local, deixando o manto da Terra totalmente exposto.

Essa fratura anormal havia sido descoberta por esse mesmo time de cientistas em 2001.

A "fratura exposta" da Terra pode não ser a única, estimam os pesquisadores, que ainda não sabem ao certo o tamanho da superfície do fundo marinho que não é recoberta pela crosta terrestre, que no local tem em média 7 km de espessura.

Mas é uma área grande, com milhares de quilômetros quadrados, segundo os cálculos iniciais. Essa zona está a 3 quilômetros de profundidade.

Causa desconhecida

A missão do navio James Cook, que vai custar aproximadamente US$ 1 milhão, será a oportunidade para os pesquisadores poderem amostrar diretamente o manto da Terra, algo que nunca é possível fazer.

O grupo vai usar sonares para capturar imagens do fundo oceânico e também robôs submergíveis. Esses equipamentos poderão descer até a área de pesquisa e coletar material rochoso, que será depois analisado em laboratório.

Como
as cadeias montanhosas que existem no fundo do mar são responsáveis pela comunicação direta entre o manto e o oceano, entender o que ocorre nessa região específica do fundo do Atlântico tem uma importância muito grande.

Esse processo de desaparecimento da crosta em algumas regiões, como o planeta está em constante movimentação, não é algo necessariamente anormal.

Mas, no caso da "fratura exposta" atlântica, será que ela sempre esteve por lá? Ou, então, a crosta naquela área perdeu a capacidade de ter uma regeneração natural?

As respostas para essas perguntas vão ajudar a ciência a entender ainda mais, entre outras coisas, como as placas tectônicas se comportam. Em termos práticos, isso significa mais informações sobre os terremotos, que matam milhares de pessoas todos os anos.

A viagem do James Cook, para os interessados, poderá ser acompanhada em tempo real pela internet (http://www.noc.soton.ac.uk/gg/classroom@sea/JC007/index.html).

Os pesquisadores, inclusive, além de escreverem seus diários, estarão disponíveis para perguntas.

A missão está prevista para durar dois meses.


Data: 05/03/2007