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Diretor do INSA será escolhido em "vestibular"

Ministério da Ciência abriu inscrições para ‘vestibular’ no Instituto Nacional do Semi-Árido. Em 13 instituições, seleção segue esse modelo

O primeiro diretor do Instituto Nacional do Semi-Árido (Insa), em Campina Grande (PB), será escolhido num “vestibular”. Os cientistas interessados na vaga têm até a próxima quarta para enviar o currículo e uma redação sobre seus planos para o instituto.

Passada essa etapa, parte dos candidatos será convocada para uma argüição oral. A banca examinadora escolherá os três melhores. A decisão final caberá ao ministro da Ciência e Tecnologia.

É por meio de “vestibulares” assim, pouco comuns em órgãos públicos, que o ministério escolhe os diretores de seus laboratórios. No momento, 6 dos 13 institutos estão passando por processos de seleção.

Em órgãos públicos, a escolha normalmente se dá por indicação política ou eleição interna. A eleição é usada nas universidades e era adotada até 1999 nos laboratórios do ministério. Da votação interna saía a lista tríplice.

A quarta-feira que vem também é o dia em que os dez candidatos ao Instituto Nacional de Tecnologia (INT), no Rio, passarão pela argüição oral. A seleção para o Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), em Petrópolis (RJ), está na última fase: a lista tríplice já está em Brasília.

“O sistema atual é um grande avanço”, avalia Celso Pinto de Melo, vice-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Uma das vantagens, segundo ele, é o fato de o eleito não ficar preso a compromissos de campanha. Além disso, continua, o sistema permite que pessoas de fora dos laboratórios disputem a vaga. “Antes, só gente da casa se candidatava, o que tornava difícil um choque de gestão. Com a mudança, várias instituições se modernizaram.”

O Ministério da Ciência afirma que a seleção é mais justa, pois a banca examinadora - ou comitê de busca - é formada por pesquisadores que não têm ligação com o laboratório em questão. O ministério indica cinco cientistas de renome. O método é usado nos EUA e na Europa para cargos de diretor e professor de institutos de pesquisa e ensino.

“Vamos selecionar os (três) que tiverem uma visão ampla da astronomia, já que o LNA é um laboratório nacional, gerencia todos os recursos da astronomia brasileira”, explica o professor Kepler de Souza Oliveira, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, indicado para o comitê de busca do Laboratório Nacional de Astrofísica, em Itajubá (MG).

Como alguns institutos desenvolvem novidades tecnológicas - e não experimentos científicos -, os comitês também aceitam a candidatura de empresários - como João Selasco, que dirigia uma companhia de navegação quando foi escolhido para o INT.

Pesquisadores e funcionários elogiam o método, mas dizem que poderia ser aperfeiçoado. Parte dos funcionários do LNA considera que os candidatos deveriam participar de debates com os servidores, que hoje não têm nenhuma participação na escolha. “O processo poderia ser mais aberto”, diz Gilzele da Cunha, representante dos funcionários do local.

O diretor do LNA, Albert Bruch, defende que os nomes dos candidatos não sejam tornados públicos. “Imagine que você trabalha num laboratório e tem a possibilidade de ir para outro. Você gostaria que, antes de ter certeza de que a mudança ocorrerá, todos no seu atual trabalho soubessem das suas intenções?”, compara. “Possíveis candidatos competentes não aceitam a candidatura para não se exporem.” Dos dez candidatos ao INT, por exemplo, três são ligados a outras instituições. Os mandatos duram quatro anos, e a remuneração mensal varia de R$ 5 mil a R$ 6,3 mil.

Legenda: Sede do INSA, em Campina Grande


Data: 22/02/2007