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Brasil pode liderar esforço antiaquecimento

O professor de relações internacionais da Universidade de Brasília (UnB) Eduardo Viola diz que o Brasil tem condições de liderar, junto com Japão, UE e EUA, o esforço mundial contra as mudanças climáticas.

Para isso, porém, será preciso abandonar o discurso de que é tarefa dos países ricos combater o aquecimento global.

Viola defende mais empenho contra o desmatamento da Amazônia, e aposta que o país pode lucrar com os biocombustíveis.

"O Brasil tem que abandonar o discurso de que a responsabilidade é dos outros. Somos todos responsáveis e cada país tem que dar o melhor de si. O Brasil tem condições de co-liderar esse movimento", diz Viola.

Para ele, a mudança de postura do governo brasileiro deveria vir acompanhada de um esforço nas negociações internacionais para evitar que a produção de biocombustíveis seja alvo de medidas protecionistas dos países ricos, como acontece com produtos agropecuários.

Segundo ele, o potencial de ganhos econômicos, somado ao prestígio de ocupar um lugar de destaque na nova agenda ambiental do planeta, vale mais do que um assento no Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Viola, que é membro do Comitê de Dimensões Humanas da Mudança Ambiental Global da Academia Brasileira de Ciências, lembra que 75% da emissão de carbono brasileira vêm do desflorestamento.

O professor acredita, portanto, que seria mais fácil para o Brasil enfrentar o problema, embora ele reconheça a pressão econômica dos estados da Amazônia por maior desenvolvimento e, conseqüentemente, mais desmatamento.

Ainda assim, ressalva, a situação brasileira é mais confortável do que a de China ou Índia, onde a população se beneficia dos altos índices de crescimento econômico alicerçados em fontes sujas de energia, como o carvão.

"Há uma lógica imediatista dentro da Amazônia, que é a da continuidade do desmatamento, envolvendo desde interesses econômicos muito poderosos até as necessidades das populações pobres. É preciso uma política forte de incentivos e punições, com recursos federais para o controle do desmatamento."

Haverá resistência, mas, comparada à resistência que haverá na Índia e na China, é pouco.


Data: 09/02/2007