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Lançado satélite Corot, em busca de planetas

Com participação brasileira, missão tenta localizar corpos rochosos e pequenos semelhantes à Terra

O pontapé inicial para encontrarmos algum tipo de vida fora da Terra foi dado ontem, com o lançamento do satélite francês Corot, que conta com participação de pesquisadores brasileiros.

Pela primeira vez os cientistas terão a possibilidade de encontrar planetas rochosos e pequenos, semelhantes à Terra, fora do nosso sistema solar.

A expectativa é tão grande que a missão foi considerada pela revista Science (www.sciencemag.org) como uma das áreas que merecem atenção e que podem trazer novidades em 2007.

O satélite decolou às 12h23 (horário de Brasília) a bordo de um foguete Soyuz (o mesmo que levou o astronauta brasileiro Marcos Pontes ao espaço) da base espacial de Baikonur, no Casaquistão.

Pelos próximos três anos ele ficará na órbita da Terra observando estrelas semelhantes ao nosso Sol e os planetas que giram em torno delas. Durante seis meses ele vai olhar para o centro da galáxia e nos outros seis meses, para a borda.

Ao final do projeto, espera-se que ele observe cerca de 100 mil estrelas e descubra, pelo menos, mil novos planetas. Desses, cerca de cem devem ser do tipo terrestre.

Medindo alterações muito sutis na luminosidade desses outros sóis, o Corot também poderá identificar estelemotos (pequenos tremores nas estrelas), que vão fornecer informações sobre como elas se comportam. Isso deve ajudar os cientistas a prever como será a evolução e o futuro do nosso Sol.

De acordo com o astrofísico Eduardo Janot Pacheco, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG-USP), que coordena a parte brasileira do projeto internacional, daqui a 30 ou 45 dias devem chegar à Terra os primeiros dados científicos colhidos pelo Corot.

Mas os resultados iniciais só devem ser apresentados em meados de abril, quando acontece em Natal (RN) a primeira conferência internacional dos pesquisadores envolvidos no projeto. Pacheco acredita que na ocasião talvez já haja alguma prévia da localização de planetas semelhantes ao nosso.

Até hoje já foram encontrados mais de 200 corpos extra-solares, mas a maioria é de gigantes gasosos semelhantes a Júpiter ou Saturno, incapazes de abrigar vida como conhecemos.

Os achados do Corot vão permitir que outros projetos que buscam seres vivos fora da Terra possam focar suas observações em alvos específicos. Pelo menos dois novos satélites devem ser lançados por volta de 2015, também com participação brasileira, com esse objetivo.


Data: 28/12/2006