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Faculdade brasileira cresce mais devagar

Em 2005, número de instituições subiu 7,55%. Índice já foi de 18%

O ensino superior brasileiro ainda cresce, mas agora lentamente. Os números do Censo da Educação Superior 2005, divulgados ontem pelo Ministério da Educação (MEC), mostram um dos menores aumentos na quantidade de instituições desde 1997. São 2.165 universidades, faculdades e centros universitários no país, 7,55% a mais que no ano anterior. Há cerca de cinco anos, esse crescimento chegava a quase 18%.

 "Pode estar havendo um rearranjo no sistema. Tem havido transferência de mantenedoras", disse o ministro da Educação, Fernando Haddad, sobre fusões ou vendas de instituições que têm ocorrido no sistema particular recentemente. Isso porque é o sistema privado que puxa esse índice, já que ainda representa 69,7% do total dos atuais 20.407 cursos de ensino superior no país.

A proporção com relação ao ensino público não tem diminuído. Alguma mudança pode aparecer apenas no censo de 2006, quando forem considerados os números da expansão do ensino superior federal, promovida pelo governo.

Um cenário ainda mais expressivo está em SP, onde o número de instituições cresceu só 3,37% em 2005. A quantidade de vagas oferecidas em vestibulares paulistas aumentou 5%, enquanto no ano anterior tinha crescido 23%.

 "A situação está difícil. As pessoas não podem pagar o ensino superior, não tem mais candidato", diz o presidente do sindicato das instituições paulistas (Semesp), Hermes Figueiredo.

No entanto, o porcentual de brasileiros no ensino superior ainda está longe do de outros países da própria América Latina e mesmo da meta do Plano Nacional de Educação (PNE), que é de 30%. Segundo o censo, há 4.453.156 universitários no país, o que representa 10,9% da população de 18 a 24 anos.

Na Argentina, esse índice é de cerca de 30%; no México, de 15%; na Coréia do Sul e nos EUA, próximo de 50%. Para piorar, 48,5% das instituições de ensino superior do país estão concentradas na região Sudeste.

Prouni

Segundo estatísticas do MEC, o número de universitários no país seria 5% menor se não fosse o Programa Universidade para Todos (ProUni), que dá bolsas em instituições privadas para alunos carentes. "Se não fosse isso, muitas instituições estariam fechando", diz a educadora e futura secretária de educação do Distrito Federal, Maria Helena Guimarães de Castro. Para ela, o obstáculo ao crescimento do ensino superior no Brasil está no ensino médio.

 "Aumentou a evasão e a repetência, estagnou o número de concluintes do ensino médio há alguns anos. Os meninos de 15 anos estão abandonando a escola porque não há uma política que olhe para eles", diz.

O censo mostra que 1,8 milhão de alunos se formaram no ensino médio em 2005 - menos de 1 milhão do que o total esperado. O ensino superior já oferece 2,4 milhões de vagas, uma situação que era inversa há cinco anos. Em 2000, havia mais concluintes do ensino médio do que vagas no ensino superior.

 "O estoque represado de concluintes de outros anos está acabando", diz o diretor de Avaliação do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep/MEC), Dilvo Ristoff.

Vagas ociosas

Além disso, há 42,6% de vagas ociosas nas universidades e faculdades - mais de 1 milhão do total. Segundo o especialista da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Abílio Baeta Neves, as instituições oferecem vagas a mais do que na verdade prevêem para manter sua rentabilidade ou mesmo para inibir a concorrência. "Se não fosse assim, a crise seria ainda maior", diz.

De qualquer modo, cai a cada ano a relação candidato-vaga nos vestibulares. Pelo censo 2005, cada vaga é disputada por 2,1 candidatos; em 1994, era por 3,9. Nas universidades públicas, a concorrência ainda é mais difícil, com 7,4 candidatos por vaga.

Primeiros números de 2006 mostram recuperação

Apesar da queda sucessiva no crescimento do número de instituições de ensino superior, dados preliminares de 2006 apontam para uma inversão do cenário.

O catálogo das instituições feito pelo Inep, mesmo órgão do MEC responsável pelo censo, mostra que pode haver 2.405 universidades, faculdades e centros universitários neste ano. Isso caracterizaria um crescimento de 11,08% no número de estabelecimentos em relação a 2005. O índice deste censo foi de 7,55%.

Segundo o Inep, no entanto, esses números podem mudar até o censo 2006, divulgado só em 2007. "Muitas instituições pedem credenciamento, mas depois, por vários problemas, acabam não sendo abertas", diz o diretor do Inep, Dilvo Ristoff. "De qualquer modo, já é um indicativo de melhora."

Nota da redação: O censo de 2005 da educação superior está disponível no site do Inep: http://www.inep.gov.br/superior/censosuperior/default.asp


Data: 13/12/2006