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Descobertas plantas na caatinga

Estudo botânico da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) revelou quatro novas espécies, duas delas encontradas em áreas do Semi-Árido da Bahia, Pernambuco e Paraíba

Pesquisadores provaram, mais uma vez, que a biodiversidade da caatinga é maior do que se pensava.

Duas plantas nativas desse ecossistema - o único exclusivo do território brasileiro - foram descobertas este ano.

São espécies da família das boragináceas, a mesma da porangaba e da crista-de-galo. Uma é subarbusto e outra, uma trepadeira. Ambas fornecem flores brancas a verdes translúcidas.

Uma das espécies, nomeada Euploca rodalii, é encontrada na Bahia e em Pernambuco. O subarbusto alcança 80 centímetros e tem flores pequenas.

A primeira coleta da planta foi realizada em 1958, na Bahia. Depois, botânicos reencontraram exemplares da espécie em Caruaru e em Gravatá, no Agreste pernambucano.

A outra, cientificamente batizada de Tournefortia andrade-limae, é uma trepadeira lenhosa, também chamada de liana. É restrita, pelo menos por enquanto, à caatinga de São José dos Cordeiros, na Paraíba.

"Geralmente as lianas formam verdadeiras cortinas de flores e se encontram mais na borda da caatinga", explica o autor das descobertas, o biólogo Iranildo Melo.

Realizando a revisão da família das boragináceas no Brasil, Iranildo se deparou não apenas com as espécies novas da caatinga, mas também com outras duas, uma dos campos sulinos e outra do Cerrado.

Ambas são do gênero Euploca, mas a espécie - equivalente ao segundo termo do nome científico - ainda está sendo definida. Uma delas, de flores brancas, é encontrada no Rio Grande do Sul.

É uma erva e alcança 15 centímetros. A outra é distribuída no Centro-Oeste.

"É encontrada perto de Corumbá, no Mato Grosso do Sul, numa área compartilhada entre o Brasil, Paraguai e Bolívia", descreve Iranildo. Com flores brancas, é uma herbácea que se espalha rente ao chão.

A revisão da família das boragináceas faz parte da tese de doutorado em botânica que Iranildo defenderá em fevereiro, pela UFRPE, sob a orientação de João Semir, da professor da Unicamp.

A família, ensina o biólogo, é composta por 2.500 espécies no mundo, divididas em 130 gêneros. No Brasil, são encontradas 150 dessas espécies, enquadradas em 11 gêneros.

Os gênero Euploca, com 100 espécies, e o Heliotropium, com 200, estão representados em todo o Brasil.

"Há invasoras de áreas cultivadas e até as que ocorrem em áreas salinizadas", descreve Iranildo, que vai atuar como professor-substituto da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa), em Mossoró, no Sertão do Rio Grande do Norte.

O botânico observou espécies desses dois gêneros, no qual tem se tornado especialista, em áreas em processo de desertificação no Semi-Árido nordestino e nos campos rupestres.

Mas é na caatinga, cerrado e campus sulinos onde são mais freqüentes.

Apesar da ampla distribuição no país, antes da pesquisa de Iranildo o trabalho científico mais completo já realizado sobre Euploca e Heliotropium foi feito entre 1857 e 1864.

Além de pesquisar em herbários, Iranildo realizou coletas no Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Bahia.


Data: 11/12/2006