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UFSCar e Unesp vão oferecer graduação a distância em 2007

Primeiras turmas das duas universidades públicas devem começar a ter aulas a partir do 2º semestre do próximo ano

Duas universidades públicas de São Paulo irão oferecer cursos de graduação a distância no ano que vem. A iniciativa inédita partiu da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) e da Unesp (Universidade Estadual Paulista), que começarão seus cursos no segundo semestre de 2007.

Em ambos os casos, haverá vestibular para a admissão dos candidatos, mas as regras ainda estão sendo definidas pelas duas instituições.

O primeiro processo de seleção será da UFSCar, marcado para fevereiro. O que se sabe até agora é que o vestibular da graduação a distância será separado do tradicional, que seleciona alunos dos cursos presenciais. Uma equipe da universidade está estudando como será o formato das provas.

A UFSCar oferecerá 1.950 vagas nos cursos de educação musical, engenharia ambiental, pedagogia, sistemas de informação e tecnologia sucroalcooleira. Algumas aulas serão presenciais -os alunos poderão escolher um dos 19 Pólos Municipais de Apoio Presencial para freqüentar.

Até anteontem, havia 16 pólos no interior do Estado, em cidades como São José dos Campos, Itapetininga e Jales, e três fora de São Paulo: um em Minas Gerais, um na Bahia e um no Rio de Janeiro.

O vestibular de fevereiro selecionará 1.950 estudantes, mas nem todo mundo começará a ter aula junto. Uma primeira turma, com 1.000 alunos, iniciará o curso em julho. A segunda, com 950 aprovados, começa a ter aulas apenas em setembro do próximo ano.

Na Unesp, ainda não há data prevista para o vestibular -o início dos cursos, porém, deve ocorrer em 2007. A universidade está finalizando a documentação para obter no MEC a autorização para a graduação a distância.

Na terça-feira, a universidade publicou uma resolução no "Diário Oficial" do Estado com as normas para as futuras ações de educação a distância.

"Nossa preocupação era, desde o início, estabelecer critério para oferecer cursos a distância de qualidade", explica o presidente da comissão de educação a distância da instituição, Klaus Schlünzen Júnior.

"Todas as unidades deverão estar dentro do mesmo padrão, e os professores que quiserem propor novos cursos também precisarão seguir as normas", ele afirma.

O representante da Unesp ainda não sabe quais são os cursos que serão oferecidos. "Há demanda em todas as áreas e até um curso de medicina, por exemplo, poderá ser semipresencial, com as aulas teóricas a distância e as práticas, nos laboratórios e hospitais."

Para ele, oferecer educação a distância não é massificar o ensino, mas facilitar o estudo daqueles que estão distantes dos grandes centros. "A graduação a distância terá a mesma qualidade que a presencial. A Unesp tem um nome a zelar", diz Schlünzen Júnior.

A Unicamp e a Unifesp ainda não oferecem esse tipo de graduação nem têm projetos em estudo para o próximo ano. No próximo ano, entretanto, a Unifesp vai oferecer dois cursos de especialização a distância: informática em saúde e saúde indígena.

Já a USP está estudando a adoção do ensino a distância. Um projeto que trata do assunto já tramita na pró-reitoria de graduação, mas ainda não há data para uma definição.

Só em 2005, 321 cursos foram abertos no país

O número de alunos e de cursos a distância vem aumentando vertiginosamente ano a ano. De acordo com dados do Anuário Brasileiro Estatístico de Educação Aberta e a Distância 2006, da Abed (Associação Brasileira de Educação a Distância), só no ano passado foram abertos 321 novos cursos, contra 56, em 2004, e 29, em 2003.

O número de alunos passou de 309.957, em 2004, para 504.204, em 2005, um crescimento de 62,7%. Já o número de instituições autorizadas pelo Ministério da Educação a oferecer esses cursos aumentou 30,7%, passando de 166, em 2004, para 217, em 2005.

Segundo o Inep (órgão do ministério responsável pelas estatísticas do ensino), em 2004, data do último levantamento, havia 107 cursos de graduação a distância oferecidos.

A maioria deles estava na área de Educação -a preocupação do MEC e das instituições era oferecer cursos de nível superior para a formação dos professores.

Em 2004, havia 59.611 estudantes matriculados no total e 45 instituições autorizadas a oferecer esse tipo de ensino, das quais 24 públicas. Os cursos de graduação e pós-graduação a distância foram permitidos no Brasil em dezembro de 1998.

Para o diretor-científico da Abed, Waldomiro Loyolla, os cursos a distância são cada vez mais procurados pelos estudantes, mas ainda são alvos de preconceito. "Muita gente ainda não entende direito esse tipo de curso. O preconceito até vem diminuindo, mas ainda existe", afirma.

Loyolla afirma que um curso a distância tem o mesmo currículo e a mesma qualidade de um curso presencial. "A única diferença é que o aluno não precisa ficar indo até a faculdade", diz. "É ele quem decide que horas e onde terá aula."


Data: 01/12/2006