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Meta do MEC é formar quatro mil professores indígenas até 2010

O Brasil tem hoje 200 professores indígenas graduados em cursos de licenciatura intercultural e 870, de 49 povos, fazendo formação em universidades públicas federais e estaduais de oito estados do Norte, Centro-Oeste e Sudeste

O Ministério da Educação quer formar mais quatro mil professores, entre 2007 e 2010.

Esses dados, e o desafio de ampliar a oferta de licenciaturas para professores indígenas, estarão em debate no seminário nacional de avaliação do Programa de Formação Superior e Licenciaturas Indígenas (Prolind). O evento começa nesta quinta-feira, 30, e vai até sábado, 2, no auditório da reitoria da Universidade de Brasília (UnB), em Brasília.

Nos três dias de trabalho, o Ministério da Educação e seus parceiros vão avaliar o Prolind. O programa criado em 2005 distribui recursos para diagnóstico pelas universidades, criação de cursos e permanência de alunos indígenas na faculdade. No ano passado, o programa apoiou 12 instituições.

O seminário de avaliação, explica o coordenador de educação escolar indígena da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad/MEC), Kleber Gesteira, servirá também para oferecer informações ao próximo edital do Prolind, subsidiar o Conselho Nacional de Educação na elaboração das Diretrizes Curriculares das Licenciaturas Interculturais, construir indicadores de avaliação dos cursos e medir o alcance das bolsas de estudos para permanência de alunos indígenas na graduação.

O objetivo, diz Gesteira, é consolidar as iniciativas de formação de professores indígenas em políticas públicas do ministério e ampliar a oferta nos próximos quatro anos para atingir a meta de formar quatro mil novos professores. O reflexo dessa formação, explica, será na qualidade da educação básica oferecida nas escolas das aldeias.

O evento, promovido pelas secretarias de Educação Superior (SESu/MEC) e Secad, vai reunir representantes de 20 universidades públicas federais e estaduais, Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Projeto Trilhas do Conhecimento do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de janeiro (UFRJ), Fundação Nacional do Índio (Funai) e as associações brasileiras de Antropologia (ABA) e Lingüística (Abralin).

Panorama

Mato Grosso, que é pioneiro na oferta de licenciatura intercultural, tem 200 professores formados pela Universidade Estadual (Unemat). Hoje, incluindo a Unemat, são oito universidades públicas com cursos interculturais, onde estudam 870 professores: a Universidade Federal de Minas Gerais (Ufmg), tem 140 professores indígenas; Universidade Federal de Roraima (UFRR), 180; Universidade Estadual do Amazonas (Ueam), 250; Unemat, 100; Universidade de São Paulo (USP), 80; Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), 60; e as universidades federais de Goiás (Ufgo) e de Tocantins (Ufto) têm uma turma de 60.

Kleber Gesteira informa que outras quatro instituições públicas estão construindo cursos com apoio do Prolind: as federais do Amazonas (Ufam) e de Campina Grande (UFCG) e as estaduais da Bahia (Uneb) e de Londrina (UEL).

Mas o interesse pela educação superior indígena não pára aqui. Mais quatro universidades federais do Norte e Nordeste, com a assessoria do MEC, também trabalham a constituição de cursos: no Acre (Ufac), Amapá (Ufap), Ceará (Ufce) e em Pernambuco (Ufpe).

Ainda embrionária, explica Gesteira, existe discussão de cursos nas federais do Pará (Ufpa) e de Rondônia (Ufro), além da Ufam, que quer abrir duas licenciaturas. Uma para o povo Mura, que fica próximo de Manaus, e outra para os povos indígenas do Alto Rio Negro.


Data: 30/11/2006