Projeto MPEG-4 permitirá o aumento da velocidade na transmissão de dados via internet, celular, rádio e satélite

O projeto de um chip utilizado na compressão e descompressão de vídeo está sendo desenvolvido pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), através das unidades acadêmicas de Sistemas e Computação e de Engenharia Elétrica. O coordenador Elmar Uwe Kurt Melcher diz que o projeto, intitulado MPEG-4, prevê a criação de um conjunto de circuitos integrados capaz de atender às mais avançadas demandas tecnológicas, permitindo o aumento da velocidade na transmissão de dados via internet, celular, rádio e satélite. O sucesso desta iniciativa inédita deu à equipe da UFCG o título de melhor projeto técnico-científico de todo país, entre dezenas de outros avaliados pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), no ano passado.

De acordo com Melcher, o MPEG-4 é resultado do Projeto Brazil-IP, nascido em 2001, e surgiu de “um sonho ambicioso”, de professores de três universidades brasileiras: UFCG, Unicamp e UFPE. Ele explica que “ficou definido que cada universidade participante seria responsável pelo desenvolvimento de um circuito integrado específico, cabendo à Unicamp de São Paulo o decodificador de áudio MP3, à UFPE a unidade de processamento dedicado 8051 e à UFCG o componente mais complexo de todo o sistema: o decodificador de vídeo MPEG-4.

Para que a tecnologia desenvolvida pelo Brasil tivesse a credibilidade do mercado externo, todos os módulos desenvolvidos deveriam seguir uma metodologia de projetos compatível com padrões internacionais e, para isso, o Brazil-IP se tornou membro do Virtual Socket Interface Alliance (VSIA ), um consórcio mundial que define padrões para projetos desse gênero.

A grande dificuldade em projetos na área de alta tecnologia, como a microeletrônica, é a obtenção de recursos humanos e foi este o grande desafio do Projeto Brasil-IP. Segundo o engenheiro Wilson Rosas, gerente da equipe em Campina Grande, “projetar circuitos integrados é uma atividade extremamente complexa, além de envolver uma das mais sofisticadas tecnologias do planeta. Ela requer uma equipe de engenheiros altamente especializados cuja formação praticamente inexistia no Brasil”.

O professor Melcher explica ainda que a tarefa de formar na UFCG uma equipe capaz de projetar e conceber um circuito integrado decodificador de vídeo MPEG-4 representou, além do desafio de capacitar engenheiros em microeletrônica, dar a eles ainda o domínio de uma das mais modernas técnicas de compressão de vídeo .

Para viabilizar este projeto, a equipe contou com o apoio do Dr. Marcos Morais, conselheiro técnico do projeto e um dos maiores especialistas em compressão de vídeo do país. Para ele, o MPEG-4 é superior ao padrão de compressão adotado pelos aparelhos de DVD ou mesmo pelos padrões de TV Digital atualmente em vigor no mundo.