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Universidades estudam o fim do vestibular

UFBA é uma das instituições que adotarão a mudança, que inclui usar Enem e criar bacharelados interdisciplinares

A Universidade Federal da Bahia (UFBA), juntamente com outras 11 federais, incluindo a do Rio de Janeiro, a Universidade de Brasília e a do Rio Grande do Sul, se preparam para dar, juntas, dois importantes passos que prometem revolucionar o ingresso de alunos nos cursos universitários. O primeiro é pôr fim ao tradicional concurso vestibular e adotar como critério de seleção o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

O outro será a implantação paralela de Bacharelados Interdisciplinares (BIs), com duração média de três anos, com a intenção de retardar a necessidade de o universitário fazer a sua opção profissional.

A novidade foi lançada inicialmente pela UFBA, em setembro, e aos poucos vai sendo encampada pelas demais instituições.

Segundo o reitor, Naomar Almeida Filho, autor do projeto, a UFRJ é uma das que mais avançaram nos estudos e já até incluiu a novidade no seu Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI), uma espécie de organograma ou carta de intenções válidas por um reitorado.

Naomar observa que o fim do vestibular não é o objetivo maior do projeto. A idéia é promover completa reestruturação da arquitetura acadêmica.

- Só o fim do vestibular seria uma mudança pequena demais.

Estamos nos estruturando para uma total mudança organizacional dos cursos com a introdução dos bacharelados de curta duração - ressalta, sem fixar uma data para pôr o projeto em vigor.

Ele adianta que os estudos já estão bastante avançados.

- Prefiro não estipular prazo, mas garanto que será bem antes do que todos podem imaginar - afirmou.

As expectativas, no entanto, são de que as novidades comecem a vigorar no próximo ano, no caso da Bahia. Para este próximo vestibular de janeiro, não haveria tempo hábil.

Para ingressar nos bacharelados, o aluno não precisará prestar um concurso vestibular.

Eles formam os BIs, que vão constituir grandes áreas do conhecimento, cada uma delas com suas disciplinas básicas de formação geral, que englobarão Ciências da Matemática, Ciências da Vida, Saúde, Humanidades e Artes, pré-requisito para o ingresso nos cursos especializados como medicina, odontologia, direito, entre outros.

Ao fim dos três anos, o aluno poderá optar por um curso, para ingresso mediante seleção, com base nas pontuações acumuladas nas matérias afins do curso almejado.

- Se, ao fim do curso, o aluno não tiver detectado sua vocação, ele poderá sair com diploma de bacharel - diz Naomar.

Com essas mudanças, o reitor pretende contribuir para a formação humanística da universidade, que, no seu entendimento, está muito segmentada.

Segundo Naomar, a medida representará um passo fundamental para compatibilizar a estrutura acadêmica da universidade pública brasileira à estrutura americana e européia.

Ele acrescenta que o projeto é a recuperação de um modelo adotado pela universidade pública no passado, quando a seleção se dava pela profissão.

- Hoje o vestibular é único.

O candidato interessado em um curso de música, presta o mesmo exame que outro interessado em medicina, e isso vai mudar.Vamos modernizar a universidade, tirando-a do século XIX para o século XXI - diz Naomar.

Na opinião do reitor, o novo modelo poderá inclusive abreviar o fim do sistema de reserva de vagas, já que aplicação do Enem como critério de avaliação, implicará na ampliação no número de vagas para que a universidade consiga absorver a demanda de recém-saídos do ensino médio.

Sexta-feira, representantes de todas as 57 instituições federais brasileiras estarão reunidos em Salvador, juntamente com o ministro da Educação, Fernando Haddad, e um dos assuntos em pauta será a reformulação do ingresso no ensino superior.


Data: 28/11/2006