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Transformando a saúde no país, artigo de Giovanni Guido Cerri

Essas iniciativas buscam soluções para a população, considerando que saúde não é programa de governo, e sim meta de Estado

Giovanni Guido Cerri - Médico, diretor da Faculdade de Medicina da USP, presidente do Conselho Deliberativo do Hospital das Clínicas e diretor científico da Associação Médica Brasileira

 

Um dos grandes desafios que o país enfrenta é a necessidade de transformação e modernização do seu sistema de saúde.

O binômio falta de recursos e recursos mal utilizados (e, por vezes, desviados) não deve servir de desculpa para que não se busque atingir metas de qualidade.

Trabalhando para melhorar o atendimento em saúde da nossa população, o complexo Hospital das Clínicas/Faculdade de Medicina da USP tem logrado obter uma importante melhoria de sua infra-estrutura, investindo em equipamentos, recursos humanos e modernização de suas unidades hospitalares de atendimento terciário, ao mesmo tempo em que integra a suas atividades o atendimento primário e secundário por meio de convênios com a prefeitura e o Estado.

Na região de Sapopemba, além de assumir o hospital estadual, o Hospital das Clínicas construiu e inaugurou o hospital local, aumentando sua atuação nos níveis primário e secundário de atenção à saúde.

No Butantã, por meio de centros de saúde, ambulatórios de especialidades, programa de saúde da família e, a partir de agora, da gestão de unidades básicas de saúde do Distrito de Saúde, a Faculdade de Medicina da USP se envolve diretamente na operação e na responsabilidade pelo atendimento em nível primário à população.

Embora preconizado na proposta do Sistema Único de Saúde, a divisão do atendimento nos três níveis de atenção (primário, secundário e terciário), com sistemas de referência e contra-referência, ainda está longe de ser uma realidade no país.

Daí a importância de que uma entidade de excelência como a Faculdade de Medicina da USP assuma a responsabilidade por efetivá-la. Atender ao paciente no lugar correto resulta, certamente, em atendê-lo melhor e com economia de recursos.

Para uma instituição universitária, em que as atividades de extensão (neste caso, configurada pela assistência em saúde) não são dissociadas do ensino e da pesquisa, pilares centrais de sua existência, as novas experiências representam a possibilidade de melhorar a formação de seus alunos e, ao mesmo tempo, desenvolver, por meio de pesquisas, modelos que possam ser aplicados em outros centros.

Com isso, além da melhoria direta do serviço oferecido no local de sua atuação, a instituição contribui para a melhoria do sistema como um todo, oferecendo modelos e profissionais aptos a implementá-los.

Outro aspecto relevante nessa busca de serviços de saúde de qualidade é a necessidade de humanização do atendimento.

Nesse sentido, a renovação do Instituto de Psiquiatria e a construção do novo Centro de Oncologia, no campo da assistência, e do Laboratório de Habilidades, no campo do ensino, refletem a preocupação da Faculdade de Medicina da USP não apenas de oferecer uma infra-estrutura adequada para o atendimento dos pacientes mas também de conscientizar os profissionais da saúde sobre a importância que o atendimento humanizado tem para o tratamento da doença.

Também no campo do ensino, a criação de uma Escola de Educação Permanente representa a colaboração da instituição na formação e atualização contínua dos recursos humanos para a área da saúde, fundamental para a melhoria do sistema e do gerenciamento dos recursos existentes.

Por fim, o restauro e a modernização do prédio histórico da Faculdade de Medicina da USP, na avenida Dr. Arnaldo, não só devolve à capital paulista um de seus patrimônios arquitetônicos mas também oferece condições para o desenvolvimento de modernas atividades de ensino e pesquisa, ampliando a sua participação qualitativa e quantitativa nas publicações internacionais na área da saúde.

Tal modernização está refletida ainda na criação de um centro de inovação tecnológica em colaboração com o governo do Estado e com a iniciativa privada, visando desenvolver, com a indústria farmacêutica, estudos clínicos que possam reduzir o custo dos medicamentos, e com a indústria eletromédica, a expansão de uma indústria de equipamentos que possa reduzir a dependência de importações e transformar o país em pólo exportador.

Todas essas iniciativas buscam oferecer soluções para nossa população, considerando que saúde não é programa de governo, e sim meta de Estado.


Data: 18/10/2006