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CNPq e MCT avaliam desempenho técnico e financeiro do "Conservamazônia"

Projeto busca alternativas para solucionar os problemas de exploração dos recursos naturais da Amazônia tendo como princípio a manutenção da floresta.

O desempenho técnico e financeiro da Sub-rede "Conservação da Biodiversidade e dos Serviços Ambientais da Floresta: Bases para o Desenvolvimento Sustentável da Amazônia" (Conservamazônia), um dos projetos do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia aprovados no último edital do Programa Piloto para Conservação das Florestas Tropicais e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (PPG-7/CNPq), será o assunto da reunião que acontecerá na nesta segunda e terça-feira, 25 e 26, a partir das 8h30, na sala de seminário do projeto Biologia de Água Doce e Pesca Interior do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Badpi/Inpa) e no auditório do Programa de Larga Escala da Biosfera Atmosfera da Amazônia (LBA/Inpa).

A Sub-rede "Conservamazônia", coordenada pelo pesquisador Philip Fearnside (Inpa), consiste em um grande projeto formado por cinco sub-projetos que visam a quantificação e valorização dos serviços oferecidos pela floresta ao desenvolvimento da Amazônia Legal brasileira, com um enfoque maior nos Estados do Amazonas e Roraima.

A idéia da sub-rede nasceu dentro do Projeto de Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais - PDBFF, uma cooperação bilateral entre o Inpa e o Smithsonian Institution, em cuja área de estudo é executada a maior parte da pesquisa.

O objetivo é atender as demandas regionais em relação à pressão mundial sobre a preservação das florestas por influenciar nas mudanças climáticas globais e regionais; a grilagem de terra, principalmente no Sul do Estado que pode ser agravada com o asfaltamento da BR-319; os impactos ambientais dos projetos de infra-estrutura viária e gasoduto; o acelerado crescimento populacional em Manaus e a pressão sobre os fragmentos urbanos, além da proteção e implementação das Unidades de Conservação (UCs), Federais e Estaduais do Amazonas, por meio do Programa Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa) do Ministério do Meio ambiente (MMA).

Durante essa primeira reunião, serão discutidas as atividades já executadas e a projeção do que ainda será feito de acordo com as metas planejadas pelo Conservamazônia.

Também será avaliado o plano de integração entre os projetos que compõem a sub-rede e sua relação com o Estado e a sociedade.

A Coordenadora Científica do Pdbff, Regina Luizão, disse que está confiante de que os consultores designados pelo PPG-7/fase II, CNP e Ministério da Ciência Tecnologia (MCT) ficarão satisfeitos com a aplicação que tem sido dada aos R$ 1.024.000,00 milhão para execução dos projetos da sub-rede.

Regina Luizão destaca que a Amazônia detém um enorme patrimônio natural, mas ainda não se sabe como fazer para utilizá-lo respeitando a cultura e a própria natureza da região, pois o atual modelo de ocupação é ineficiente e injusto socialmente já que produz benefícios sociais e econômicos apenas para uma minoria local.

"O capital natural é esgotado, reduzindo assim as alternativas de uso dos recursos para a promoção do desenvolvimento regional. O Conservamazônia busca alternativas para solucionar essas questões mantendo a floresta em pé", afirma.

Segundo a pesquisadora, por meio do projeto, os vários grupos de pesquisa que compõem a sub-rede têm contribuído de diversas maneiras à quantificação e valoração dos serviços ambientais ao longo dos dois anos e meio de duração dos trabalhos.

Ela explica que embora iniciado há apenas seis meses, várias metas têm sido alcançadas no sentido de avaliar o papel da floresta nas mudanças climáticas, os riscos à diversidade biológica da floresta causados por mudanças climáticas, fragmentação, e outras perturbações, como, as formas de manejo e aproveitamento florestal, além dos determinantes da destruição da floresta.

"O foco da proposta é determinar como estes processos podem ser alterados para prover um futuro melhor para a população da região e, ao mesmo tempo, manter as funções ecológicas dos ecossistemas naturais", afirma.

Projetos

O Conservamazônia é uma rede de pesquisas, composta por cinco projetos, cada um com um pesquisador-líder.

O primeiro, "Funcionamento Biogeoquímico da Floresta e Ecossistemas Alterados na Amazônia Central: Perda e Recuperação de Serviços Ambientais da Floresta" é coordenado pelo Coordenador Regional do LBA e pesquisador da Coordenação de Pesquisas em Ecologia (Cpec), Flávio Luizão.

O objetivo é identificar as mudanças na floresta ocasionadas pelo desmatamento e a respectiva substituição por pastagem.

A pesquisa também analisa a recuperação do solo e dos processos biogeoquímicos da área afetada, após o abandono da pastagem e a regeneração da floresta secundária.

Flávio Luizão explica que os estudos estão sendo conduzidos em duas bacias de drenagem, uma intacta na floresta nativa e outra impactada (em áreas de pastagens abandonadas).

Ambas estão localizadas na BR-174 nos ramais do Distrito Agropecuário da Suframa.

A primeira, na Reserva do Cueiras (ZF-2), km 50, e a segunda, na Área de Relevante Interesse Ecológico (Arie) do Pdbff/Instituto de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) (ZF-3), km 63.

O segundo é o "Estudo de Longo Prazo das Comunidades Arbóreas em Florestas Fragmentadas e Contínuas: Uma Abordagem para Conservação e Funcionamento do Ecossistema".

Ele é coordenado pelo pesquisador Henrique Nascimento (Pdbff) e visa avaliar os impactos da fragmentação das florestas sobre a estrutura e a dinâmica florestal e composição das espécies arbóreas.

O assunto é altamente relevante à conservação e manejo de paisagens fragmentadas.

Outro importante enfoque dado pelo projeto diz respeito aos efeitos dos fenômenos relacionados às mudanças climáticas, tais como o aumento na concentração de gás carbônico (CO2) atmosférico e secas advindas do El-Niño, sobre o funcionamento dos ecossistemas, em termos de produtividade e mudanças na composição florística.

O terceiro, "Conservação e Uso dos Recursos Florestais: Fenologia Reprodutiva, Morfologia, Germinação e Viabilidade de Propágulos de Árvores Tropicais" é coordenado pelo pesquisador José Luís Camargo (Pdbff).

O projeto é desenvolvido em duas frentes: avalia o efeito da fragmentação florestal sobre os aspectos reprodutivos de espécies arbóreas da Amazônia Central e busca ampliar o entendimento da história natural das mesmas.

Para isso, são descritos a morfologia de frutos, sementes, plântulas e do processo germinativo, subsidiando políticas de conservação dessas espécies.

Concomitantemente, as sementes das espécies estudadas são classificadas para fins de armazenamento (conservação ex situ) e estabelecimento de alguns critérios mínimos para a produção de mudas de alta qualidade para uso em enriquecimento de capeiras ou reabilitação de áreas degradadas.

Adicionalmente, está sendo preparado um guia ilustrativo que auxiliará na identificação botânica das espécies junto com série de informativos técnicos que difundirá melhores técnicas para propagá-las em viveiros.

O quarto projeto, "Perda de Serviços Ambientais com o Desmatamento e Degradação de Ecossistemas Amazônicos", coordenado pelo pesquisador Philip Fearnside que está coletando dados para calcular emissões de gases no arco do desmatamento em refinamento (que são diferentes de Manaus).

Os dados também alimentarão um modelo espacial da dinâmica do desmatamento.

Adicionalmente, o modelo será usado para construir cenários de desenvolvimento e ver como a taxa de desmatamento é influenciada pela construção e/ou pavimentação das estradas.

O último, "Sucessão Ecológica em Áreas Degradadas da Amazônia Central: Processos, Causas e Conseqüências" da pesquisadora do Inpa cedida para Secretaria de Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (SDS), Rita Mesquita, acompanha a dinâmica da vegetação secundária (capoeiras), avaliando como as capoeiras podem ser utilizadas na recuperação da paisagem e dos serviços ambientais.

Para isso, são utilizados princípios da agroecologia, da permacultura e do funcionamento dos ecossitemas amazônicos.

O objetivo é estudar meios de restaurar o potencial produtivo da terra, agregando conhecimento científico ao conhecimento empírico dos agricultores e disseminando conhecimentos sobre o valor da floresta em pé e os impactos negativos que podem ocorrer quando ela é desmatada.

Mais infomações no site: http://www.inpa.gov.br.


Data: 25/09/2006